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Apreço e Amor da Castidade

Meditação para a Vigésima Terceira Quarta-feira depois de Pentecostes. Apreço e Amor da Castidade

Meditação para a Vigésima Terceira Quarta-feira depois de Pentecostes

SUMARIO

Das meditações sobre a modéstia passaremos às meditações sobre a virtude da castidade, que é como que sua irmã, e veremos:

1.° A estima e amor que devemos ter para com esta virtude;

2.° O cuidado com que devemos guardá-la.

— Tomaremos a resolução:

1.° De vigiarmos constantemente sobre o nosso coração e os nossos sentidos, para conservarmos a castidade;

2.° De evitarmos tudo o que expõe a perdê-la.

O nosso ramalhete espiritual será a palavra da Sabedoria:

“Quão formosa é a alma casta” – Quam puchra est casta generatio cum claritate! (Sb 4, 1)

Meditação para o Dia

Adoremos o grande amor de Nosso Senhor para com a castidade. Ama tanto, esta virtude, que quis nascer de uma mãe virgem, ter por pai putativo São José, que era virgem, por discípulo amado o discípulo virgem. Admiremos, louvemos, bendigamos tais sentimentos, e roguemos-Lhe que no-los infunda.

PRIMEIRO PONTO

Estima e amor que devemos ter para com a Castidade

A castidade é uma virtude toda divina, que faz que aquele que a conserva, seja um anjo, e que aquele, que a perde, seja um demônio (1) diz um Padre. Agrada tanto a Deus, que Ele ama as almas castas como suas esposas (2). Enche-as de suas graças e de seus benefícios, reserva-lhes as suas mais íntimas comunicações (3). No céu, terão assento ao lado do Cordeiro (4), e cantarão um cântico sempre novo, que só elas podem cantar (5). Podia o Espírito Santo dizer-nos melhor, que nada há no mundo que iguale a excelência da castidade? (6).

Fazemos nós dela este elevado apreço?

SEGUNDO PONTO

Cuidado que devemos ter em guardar Castidade

Se no mundo nada há mais precioso que esta virtude, nada há também mais fácil de a perder, e mais difícil de a recobrar, depois de perdida. É como o vidro de um espelho muito polido, mas que o menor bafejo pode embaciar; como uma bela flor, mas tão delicada, que a mais insignificante coisa a murcha; como um cristal de grande preço, mas que é muito frágil; como um tesouro, mas que nós trazemos em um vaso de barro fácil de quebrar-se (7). De onde se segue, que devemos empregar todos os esforços para conservá-la, ou para evitar que se perca. Para conseguir tão grande bem, é preciso fazer orações fervorosas e frequentes, afugentar as ideias perigosas, os pensamentos desonestos, as afeições carnais, abstermos das inclinações ternas para com as pessoas de outro sexo, por mais santas e devotas que possam ser, refrear os nossos sentidos e principalmente o da vista. Devemos fugir, quanto possível, de tudo o que expõe a perigo, das ocasiões até mesmo remotas, porque, por um lado, o veneno, que corrompe a castidade, é tão sutil que se introduz no coração com extrema facilidade; e por outro lado, a fragilidade e a malignidade da carne são muito próprias para o aceitar; devemos finalmente evitar as menores culpas nesta matéria, porque todas são de grave consequência; nada devemos fazer nem tolerar, que tenha a aparência de impureza, e desconfiar sempre de nós mesmos, sem nunca nos fundarmos na experiência do passado, porque quem há muito tempo não caiu, está sempre exposto a recair (8).

Empregamos nós todas estas precauções para conservar tão preciosa virtude?

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Qui castitatem servavit angelus est; qui perdidit diabolus

(2) Qui diligit cordis munditiam… habebit amicum regem (Pr 22, 11)

(3) Beati mundo corde, quoniam ipsi Deum videbunt (Mt5, 8)

(4) Hi sequuntur Agnum, quocumque ierit (Ap 14, 4)

(5) Cantabant quasi canticum novum…; et nemo poterat dicere canticum nisi virgines (Ap 14, 3)

(6) Omnis ponderatio non est digna continentis animae (Ecl 26, 20)

(7) Habemus… thesaurum istum in vasis fictilibus (2Cor 4, 7)

(8) Neque in praeterita castitate confidas (S. Hier., Ep. ad Nepot)

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo V, p. 168-171)