Skip to content Skip to footer

Maria é nossa Mãe

Compre o livro Um Mês com Nossa Senhora na Editora Rumo à Santidade!
Compre o livro Um Mês com Nossa Senhora na Editora Rumo à Santidade!

Meditação para o dia 11 de Maio. Maria é nossa Mãe

Meditação para o dia 11 de Maio

Maria é nossa Mãe Espiritual

Não é sem motivo e sem boa razão que os servos de Maria a chamam de Mãe. Parece até que não sabem invocá-la com outro nome, nem se fartam de sempre lhe chamar de Mãe. Sim, Mãe, porque é verdadeiramente nossa Mãe, não carnal, mas espiritual, das nossas almas e da nossa salvação.

O pecado, quando privou a nossa alma da divina graça, a privou também da vida. Estávamos, pois, miseravelmente mortos, quando veio Jesus, nosso Redentor, com excessiva misericórdia e amor, restituir-nos a vida pela sua morte na cruz. Ele mesmo o declarou:

“Eu vim para elas (as ovelhas) terem a vida, e para a terem em maior abundância” (Jo 10)

“Em maior abundância”, porque, dizem os teólogos, Jesus Cristo com a redenção trouxe-nos maior bem, do que Adão mal nos causou com o seu pecado. Assim, reconciliando-nos ele com Deus, se fez pai das almas na nova Lei da graça como já estava profetizado por Isaías ao chama-lo de “pai do futuro e príncipe da paz” (Is 9,6).

Mas, se Jesus é Pai de nossas almas, Maria é a Mãe. Pois em nos dando Jesus, deu-nos ela a verdadeira vida. Em seguida proporcionou-nos a vida da divina graça, quando ofereceu no Calvário a vida do Filho pela nossa salvação. Em duas diferentes ocasiões tornou-se, portanto, Maria nossa Mãe espiritual, como ensinam os Santos Padres.

Primeiramente, quando mereceu conceber no seu ventre virginal o Filho de Deus, conforme diz Santo Alberto Magno. E mais distintamente nos adverte São Bernardino de Sena com as palavras:

“Quando a Santíssima Virgem deu à anunciação do anjo seu consentimento, pediu a Deus vigorosissimamente a nossa salvação; e de tal modo a procurou, que desde então nos trouxe nas suas entranhas como Mãe amorosíssima”

Pela segunda vez Maria nos gerou para a graça, quando no Calvário ofereceu ao Eterno Padre, por entre muitos sofrimentos, a vida de seu amado Filho pela nossa salvação. Porque ela então cooperou com o seu amor para que os fieis nascessem para a vida da graça, por isso mesmo, segundo Santo Agostinho, veio a ser Mãe espiritual de todos nós, que somos membros da nossa cabeça, Jesus Cristo. Isto precisamente é o que se diz da bem-aventurada Virgem nos Sagrados Cânticos:

“Eles (meus irmãos) me puseram por guarda nas vinhas. Eu não guardei a minha vinha” (1 5)

Maria, para salvar as nossas almas, sacrificou com amor a vida de seu Filho. Ou, como diz Guilherme abade: Imolou a sua alma para a salvação de muitas almas. E quem era a alma de Maria, senão o seu Jesus, o qual era a sua vida e o seu amor? Por isso lhe anunciou Simeão, que a sua alma bendita havia de ser transpassada com uma espada (Lc. 2 36), Falou da lança que transpassou o lado de Jesus, que era a alma de Maria. E então ela com as suas dores nos proporcionou a vida eterna. Por isso todos podem chamar-nos filhos das dores de Maria.

Esta nossa amorosíssima Mãe sempre esteve toda unida à vontade de Deus. Assim viu o quanto o Eterno Padre amava os homens, observa São Boaventura; conheceu também sua vontade de entregar o próprio Filho a morte pela nossa salvação; soube do amor do Filho em querer morrer por nós. Para conformar-se com este amor do Pai e do Filho para com o gênero humano, ela também com toda a sua vontade ofereceu e consentiu que o seu Filho morresse, a fim de que fossemos salvos.

Verdade é que Jesus quis ser o único a morrer pela redenção do gênero humano.

“Eu calquei o lagar sozinho” (Is. 63 3)

Mas viu como Maria desejava ardentemente tomar parte na salvação dos homens. Decidiu então que ela, com o sacrifício e a oferta da vida do seu mesmo Jesus, cooperasse para nossa salvação, e deste modo viesse a ser Mãe de nossas almas. E isto quis dizer o nosso Salvador, quando, antes de expirar, olhando da cruz, para sua Mãe e para o discípulo São João, que estavam aos lados dele, primeiramente disse a Maria:

“Eis o teu filho!” (Jo 19, 26)

Queria dizer-lhes: Eis aqui o homem que, pela oferta que fazes da minha vida pela sua salvação, já nasce para a graça. E depois, voltando-se para o discípulo, lhe disse:

“Eis tua Mãe!” (Jo 19, 27)

Com tais palavras, disse São Bernardino de Sena, Maria foi feita Mãe não só de São João, mas também de todos os homens, por causa do amor que teve para com eles. No parecer de Silveira, é este o motivo por que São João, ao consignar a cena no seu Evangelho, escreve:

“Em seguida disse ao discípulo: Eis a tua Mãe!”

Note-se que Jesus Cristo não disse isto a João, mas ao discípulo. Fê-lo para significar que o Salvador nomeou Maria por Mãe universal de todos aqueles que, sendo cristãos, tem o de seus discípulos.

EXEMPLO

Conta o padre Bóvio que uma mulher perdida, chamada Helena, foi um dia á igreja e aí ouviu casualmente um sermão sobre o rosário. Saindo para fora, trocou-se um rosário; mas trazia-o escondido, para que não fosse visto. Começou logo a rezá-lo. E ainda que o recitava sem devoção, a Santíssima Virgem lhe infundiu tantas consolações e doçura em rezar, que depois não podia deixar do o fazer. Ao mesmo tempo nela inspirou o Senhor um profundo nojo da má vida que levava. Helena não podia encontrar mais repouso e viu-se como que impelida a ir confessar-se. Realmente confessou-se com tanta contrição, que fez pasmar o confessor. Feita a confissão, prostrou-se aos pés de um altar da Mãe de Deus para dar graças a sua advogada. Enquanto aí recitava o santo rosário, falou-lhe da imagem a divina Mãe:

“Helena, basta quanto tens ofendido a Deus e a mim: de hoje em diante muda de vida, que eu te farei participante das minhas graças”

Confusa respondeu-lhe a pobre pecadora:

“Ah! Virgem Santíssima é verdade que eu tenho levado uma vida de vícios, mas vós, que tudo podeis, ajudai-me; consagro-me inteiramente a vós e quero passar o resto de minha vida fazendo penitencia por meus pecados”

— Helena distribuiu todos os seus bens pelos pobres e principiou a fazer rigorosa penitência. Atormentavam-na terríveis tentações; mas bastava encomendar-se à Mãe de Deus para ficar vitoriosa. Chegou a receber muitas graças sobrenaturais, visões, revelações e profecias. Finalmente quando foi de sua morte da qual tinha sido avisada, veio a Santíssima Virgem com seu Filho visitá-la. E morrendo, foi vista a alma desta pecadora em forma de belíssima pombinha voar para o céu.

ORAÇÃO

Como é possível, ó Maria, minha Mãe Santíssima, que, tendo uma Mãe tão santa, tenha eu sido tão mau? Uma Mãe que toda arde no amor para com Deus, e eu ame as criaturas? Uma Mãe tão rica de virtudes, e que delas seja eu tão pobre? Ó Mãe amabilíssima, já não mereço, é verdade, ser o vosso filho, porque de o ser me tenho feito indigno com as minhas culpas. Contento-me, pois, com que me aceiteis por vosso servo para ser o último de vossos servos, pronto estaria a renunciar todos os reinos da terra. Sim, com este favor me contento. Entretanto, não me recuseis o de vos chamar também minha Mãe. Este nome consola-me, enternece-me, recorda-me o quanto sou obrigado a vos amar. Inspira-me também grande confiança em vós. Quando a lembrança dos meus pecados e da justiça divina me enche de terror, sinto-me reanimado ao pensar que sois minha Mãe. Permiti que vos chame minha Mãe, minha Mãe amabilíssima. Assim vos chamo e assim quero sempre chamar-vos.

Vós, depois de Deus, haveis de ser minha esperança, o meu refúgio e o meu amor neste vale de lágrimas. Assim espero morrer, entregando naquele último instante a minha alma nas vossas santas mãos, e dizendo: Minha Mãe, minha Mãe, ajudai-me, tende piedade de mim. Amém.

Voltar para o Índice do livro Um Mês com Nossa Senhora

(BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. Um Mês com Nossa Senhora ou Mês de Maria, segundo Santo Afonso Maria de Ligório. Edições Paulinas 1ª ed., 1949, p. 84-89)