Dilectus Deo et hominibus…, cuius memoria in benedictione est – “Amado de Deus e dos homens, cuja memória está em bênção” (Ecle 45, 1)
Sumário. Foi tão grande a fé deste Santo, que não se cansava de agradecer ao Senhor o tê-lo feito filho da Igreja Católica. Grande foi também a sua esperança, e por isso estava sempre com semblante sereno, mesmo entre os maiores perigos. Mas, sobretudo foi ardentíssima a sua caridade, vivendo sempre desprendido de todas as criaturas, a fim de ser todo de Deus. Alegremo-nos com o santo Doutor, demos graças a Deus pelo haver enriquecido de tantas virtudes e esforcemo-nos por imitá-lo.
I. Grande foi a fé de São Francisco de Sales. A beleza da Revelação arrebatava-o de tal modo, que não podia deixar de exclamar:
“Ó Deus! A beleza de nossa santa Fé é tão encantadora, que quase me faz morrer de amor. Quer me parecer que devo encerrar este dom tão precioso de Deus dentro de um coração todo perfumado de devoção.”
— Não se fartava de agradecer a Deus o tê-lo feito nascer na Igreja Católica.
“Ó Deus de bondade”, dizia, “são grandes os benefícios que tenho que Vos agradecer; mas como Vos poderei render bastantes graças por me haverdes iluminado com a luz da santa Fé?”
Declarou que, embora tivesse tratado constantemente com hereges, nunca duvidou da verdade da Fé católica. — Quem ama a Deus, não tem dúvidas sobre a fé; duvida somente aquele que não vive segundo os ensinamentos da Fé.
Grande foi também a esperança de São Francisco. Estava certo de que Deus sempre vela pelo nosso bem, e por isso tinha sempre o semblante sereno, até no meio dos perigos mais graves. Quaisquer que fossem os obstáculos que se lhe apresentavam para estorvar o que empreendia para glória de Deus, nunca vacilou em sua confiança. — Recomendava a mesma confiança aos outros. A uma alma tímida disse o Santo certo dia:
“Desejas ser toda de Deus? Porque então temes por causa da tua fraqueza? Tens confiança em Deus? E quem ficou jamais confuso tendo confiado em Deus? Fora com os teus temores!”
Quem ama muito a Deus, confia muito n’Ele. O amor expulsa o temor.
II. Grande foi o amor de São Francisco para com Deus. Só o temor, que o assaltou na sua mocidade, de não poder amar a Deus na eternidade, quase que lhe tirou a vida e lhe arruinou a saúde. O amor inspirou-lhe a coragem para se expor tantas vezes ao perigo de morte. Tinha tamanho cuidado em expulsar do coração todo o afeto que não fosse para Deus, que chegou a dizer:
“Se eu soubesse que em meu coração havia um só afeto que não é de Deus e para Deus, arrancara-o logo.”
O Santo sempre aspirava ao puro amor de Deus. Dizia:
“Antes quisera não ser nada, do que não ser todo de Deus.”
Escreveu a uma pessoa:
“O meu coração está repleto de um desejo infinito de ser sacrificado para sempre ao puro amor do meu Salvador.”
Quão terno foi o seu afeto especialmente para com Jesus Cristo, bem o explicou quando escreveu:
“Contemplemos o nosso divino Salvador estendido sobre a cruz, onde morre por nosso amor. Ah! Porque não nos lançamos sobre Ele, a fim de morrermos com Ele sobre a cruz, já que nela quis morrer por nosso amor? Segurá-Lo-ei e nunca mais O largarei. Morrerei com Ele, consumido nas chamas de seu amor. Um mesmo fogo consumirá o divino Criador e a sua criatura. Viverei e morrerei sobre o seu peito; nem a vida nem a morte poderá jamais separar-me d’Ele.”
Ó meu Santo, já que estais no céu amando a vosso Jesus face a face, impetrai-me a graça de O amar assim como vós O amastes na terra.
— “E Vós, ó meu Deus, que para salvação das almas dispusestes que o Beato Francisco, vosso confessor e bispo, se fizesse tudo para todos; concedei-me, eu Vo-lo suplico, que, cheio da doçura de vosso amor, guiado pelos seus ensinamentos e ajudado pela sua intercessão, consiga a salvação eterna.”
(1) Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.
Referências:
(1) Or. Festi.
Voltar para o Índice de Meditações para Diversas Festas de Nosso Senhor, de Maria Santíssima, dos Santos Apóstolos e de outros Santos
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 436-438)