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Excelência do Zelo pela Salvação das Almas

Meditação para a Vigésima Quinta-feira depois de Pentecostes. Excelência do Zelo pela Salvação das Almas

Meditação para a Vigésima Quinta-feira depois de Pentecostes

SUMARIO

Continuaremos a meditar sobre o zelo pela salvação das almas, e veremos:

1.° Que procurar salvar almas é de si uma obra toda divina;

2.° Que não diligenciar salvá-las, é ofender a Jesus Cristo.

— Tomaremos a resolução:

1.° De empregarmos todos os meios possíveis para converter os pecadores;

2.° De nunca esmorecermos nesta obra, e de não desesperarmos da salvação de pessoa alguma.

Conservaremos como ramalhete espiritual a palavra de São Paulo:

“Somos uns cooperadores de Deus na grande obra da conversão das almas” – Dei sumus adjutores (1Cor 3, 9)

Meditação para o Dia

Adoremos Jesus Cristo na cruz, conjurando-nos que O ajudemos a salvar as almas, pelas quais morreu. Bendigamo-lO por nos admitir a ajudá-lO em obra tão importante, tão divina, e ofereçamos-Lhe de boamente todo o nosso concurso.

PRIMEIRO PONTO

Procurar salvar almas é uma obra toda divina

Tirar uma alma do pecado e ganhá-la para Deus é mais do que dar a liberdade a províncias inteiras; é mais do que conquistar o mundo. É uma obra essencialmente divina: é a obra de Jesus Cristo, que desceu do céu à terra somente para isto. Para a efetuar, fez dela duas partes: uma para Ele, outra para nós. Quanto à sua parte, subiu à cruz, e ali derramou todo o seu sangue; fechou o inferno, abriu o céu, alcançou para o mundo a fé, para conhecer a verdade, a graça, para praticar o bem, e instituiu os sacramentos para comunicar a todos os homens os frutos da sua morte.

Quanto à outra parte, reservou-se para os homens, que Ele convidou por esta forma a serem seus cooperadores, os salvadores do mundo, juntamente com Ele. O sangue derramado na cruz pode salvar o mundo; mas será quando outros homens fizerem sentir o seu preço aos fiéis e lhes aplicarem os seus méritos. Com Ele, todos podem entrar no céu; mas só será quando outros homens lhes mostrarem o seu caminho e lhes abrirem as suas portas. Com Ele, a fé foi trazida à terra, mas esto dom só será útil quando outros homens a ensinarem aos que a ignoram. Com Ele, foi dada a graça ao mundo para praticar o bem; mas o bem somente se fará, quando outros homens ensinarem a conhecê-lO, exortarem a amá-lO.

Os sacramentos são um tesouro inexaurível de riquezas e bens espirituais; mas este tesouro não aproveitará ao mundo senão quando outros homens resolverem os pecadores a recebê-los. É assim que o homem foi constituído cooperador de Jesus Cristo na grande obra da salvação. Que glória para nós! E podia Deus fazer-nos maior honra? Compete-nos apreciá-la, mostrar-nos dignos dela, lançando mão de todos os meios de trabalhar na salvação de nossos irmãos e de os converter.

SEGUNDO PONTO

Não diligenciar salvar almas é ofender a Jesus Cristo

Se Deus nos constituiu seus cooperadores na obra da salvação das almas, é sem dúvida para que nela trabalhemos com Ele. Conforme Lhe dermos ou Lhe recusarmos o nosso concurso, será decidido por nós se certas almas, com quem temos relações, se salvarão ou se condenarão; isto é, se para elas o sangue de Jesus Cristo terá sido derramado inutilmente, se os seus trabalhos terão sido baldados, os seus sacramentos estéreis, as suas graças vãs, o céu perdido, a redenção frustrada. Ora fazer frustrar por nossa negligência uma obra que custou tão caro ao Filho de Deus; deixar, não fazendo caso de seu amor, perecer almas que Ele tanto preza, quando com algum zelo e alguma boa vontade poderíamos salvá-las, que tremenda responsabilidade para nós! Ah! Todas as chagas de Jesus Cristo nos clamam:

«Tende zelo; se vos faltar, será em vão que teremos sido abertas para essa alma»

Todo o seu coração nos clama:

«Tende zelo; porque se não o tiverdes será em vão que eu terei amado essa alma»

Ó meu Deus, todas estas vozes me chegam ao coração. Se eu não recusaria a um amigo um serviço que me pedisse no leito de morte, como poderei não atender a Vós, o melhor dos amigos, que do alto da Vossa cruz, como de Vosso leito de morte, me conjurais que Vos ajude a salvar o mundo? Eu ouço o Vosso Apóstolo, que me brada por seu lado:

“Deixareis perecer o vosso irmão fraco, pelo qual morreu Jesus Cristo?” – Et peribit infirmus in tua scientia frater, propter quem Christus mortuus est (1Cor 8, 11)

“Não somente contra vosso irmão, mas contra Jesus Cristo, que pecaríeis” (1) e no dia de juízo Vos pediria conta de seu sangue inutilizado por vossa culpa. Ó infiel ecônomo do sangue de um Deus, que castigo te está reservado! Mas, Senhor, eu evitarei essa acusação: diligenciarei ganhar-vos as almas com os meus conselhos, exemplos e orações.

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Sic peccantes in fratres…, in Christum peccatis (1Cor 8, 12)

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo V, p. 100-103)

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