Das Cartas de São Paulino de Nola (355-431), bispo
Desde a origem do mundo que Cristo sofre em todos os Seus.
Ele é «o princípio e o fim» (Ap 1,8); escondido na lei, revelado no Evangelho,
Ele é o Senhor «sempre admirável», que sofre e triunfa «nos Seus santos» (2Ts 1,10; Sl 67,36).
Em Abel foi assassinado pelo irmão;
em Noé foi ridicularizado pelo filho;
em Abraão conheceu o exílio;
em Isaac foi oferecido em sacrifício;
em Jacó foi reduzido a servo;
em José foi vendido; em Moisés foi abandonado e rejeitado;
nos profetas foi lapidado e dilacerado;
nos apóstolos foi perseguido em terra e no mar;
nos Seus inúmeros mártires foi torturado e assassinado.
É Ele quem, ainda hoje, carrega a nossa fraqueza e as nossas doenças, porque Ele é o verdadeiro homem, exposto por nós a todos os males e capaz de tomar a Seu cargo a fraqueza que, sem Ele, seríamos totalmente incapazes de suportar.
É Ele, sim, é Ele que carrega em nós e por nós o peso do mundo para nos libertar Dele;
e assim, é «na fraqueza que a Minha força se revela totalmente» (2Cor 12,9).
É Ele que em ti suporta o desprezo,
é Ele que este mundo odeia em ti.
Demos graças ao Senhor, porque se Ele é posto em causa, também é Ele que recebe a vitória (cf. Rm 3,4). Segundo esta palavra da Escritura, é Ele quem triunfa em nós quando, ao tomar a condição de servo, adquire para os Seus servos a graça da liberdade.