Skip to content Skip to footer

Melancolia das Grandes Almas

Meditação para o Dia 21 de Dezembro

“Não há grande homem sem melancolia”, diziam os antigos. A melancolia nos grandes corações é uma aparição velada, um sentimento do Infinito, a nostalgia do Céu. O Infinito é fim supremo dos desejos do homem. Fora disto, nada pode satisfazer suas aspirações e encher o vácuo imenso que a necessidade de ser feliz cavou em nossa alma. Chateaubriand estuda com fina psicologia essa imensa e misteriosa vaga de tristeza que nos invade a alma e faz chorar por um nada, por uma flor, um olhar, uma recordação, um espetáculo da natureza. É uma paixão que não é a glória, uma paixão que não é o amor, nada de carnal ou terrestre. Algo de estranho, indefinível, que se apodera da alma e a faz chorar e perguntar a si própria:

“Que tenho? Que se passa em mim?”

Oh! É o Infinito que fala à pobre alma sob uma forma vaga e natural. Não é a graça nem a natureza, mas algo de intermediário entre uma e outra.

Deus nos criou para amá-Lo e, sempre que O deixamos, nosso pobre coração, sedento de felicidade, chora pelo Infinito Amor. E, ainda que não tivéssemos abandonado o Senhor, haverá, um coração nobre sem melancolia ao experimentar a miséria, a fragilidade, a vaidade de todas as coisas terrenas? Poderá satisfazer-se neste mundo um coração finito com uma sede de felicidade infinita?

Voltar para o Índice do Breviário da Confiança

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 380)