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Admiração e amor para com o Menino Jesus

Meditação para a Sexta-feira da 2ª Semana depois da Epifania. Admiração e amor para com o Menino Jesus

Meditação para a Sexta-feira da 2ª Semana depois da Epifania

SUMARIO

Depois das considerações gerais que ocuparam as nossas precedentes orações, meditaremos agora os primeiros anos de vida do Verbo Encarnado sobre a terra, e consideraremos quanto a Sua santa infância merece:

1.° A nossa admiração;

2.° O nosso amor.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De praticarmos todas as nossas ações por amor do Menino Jesus e com o intuito de Lhe agradar;

2.° De multiplicarmos o mais possível as aspirações de admiração e de amor para com Ele, e de conservarmos a Sua lembrança nos nossos corações.

O nosso ramalhete espiritual será a palavra de São Bernardo:

“Quanto mais pequeno Jesus se faz, tanto mais amável é” – Parvulus Dominus et amabilis nimis

Meditação para o Dia

Adoremos Jesus Cristo reduzido, por amor de nós, à forma de uma criancinha no berço. Ofereçamos-Lhe todos os respeitos que Lhe oferecem Maria e José, assim como os anjos, que invisíveis O guardam; e roguemos-Lhe que se digne inspirar-nos, na oração, os sentimentos de admiração e de amor que Lhe são devidos.

PRIMEIRO PONTO

Admiração devida a Jesus no berço

Aos olhos humanos, nada mais simples e menos próprio para excitar a admiração do que o divino Menino no berço; mas aos olhos da fé, que maravilha, que objeto de inefável assombro! Este Menino, que parece tão pobre, é o Deus eterno, cujo poder tudo criou, cuja força tudo move, cuja sabedoria tudo governa; este órfão, que uma mulher amamenta e enfaixa, é o Deus que reina no alto dos céus, e de que defendem todos os impérios! É a palavra eterna; e, todavia, a Sua língua embaraçada não pode articular sons e somente solta vagidos! É Aquele, de quem o profeta disse, que os outeiros do mundo se encurvam debaixo dos passos da sua eternidade (1), e, todavia, os seus pés vacilantes, mal consolidados, não podem sustentá-lo: se retirais a mão, cai por terra! É a sabedoria incriada, e apenas parece ignorância; é a onipotência, e só mostra fraqueza; é a primeira autoridade suprema, e aparece na mais extrema dependência! Ó meu Deus, que acervo de mistérios! Quem não se prostraria aniquilado diante de tais maravilhas! Oh! Quem me dera ter um espírito bastante humilhado para adorar, como deve ser, tanta fraqueza que revela tanta força, tanto abatimento que revela tanta elevação! Depois de ter passado neste estado dois ou três anos, Jesus chegado à idade em que, de ordinário, as crianças balbuciam as suas primeiras palavras e dão os seus primeiros passos, começa a falar e a andar. Oh! Quão delicioso foi ouvi-lo proferir as Suas primeiras palavras, com as quais chamou a Deus seu Pai, a Maria Sua mãe, a José Seu segundo pai, e fez as Suas primeiras orações! Que gosto foi vê-lO dando os Seus primeiros passos, prestando os Seus primeiros serviços a Maria e a José com todos os atrativos da primeira idade; mais tarde, percorrendo a casa, falando com tanta benignidade, tendo uma vida tão pura, tão inocente, tão sossegada! Figuremo-nos pela fé o que aprouve a Deus ocultar-nos; e caindo de joelhos aos pés deste abençoado Menino, testemunhemos-Lhe toda a admiração, todo o louvor, todo o amor, e toda a adoração de que os nossos corações são capazes.

SEGUNDO PONTO

Amor devido a Jesus no Seu berço

Se Jesus Cristo tivesse aparecido subitamente homem feito, revestido de todo o Seu poder e majestade, teríamos tremido diante dEle, e até receado aproximar-nos dEle; mas, como vem à terra para que O amem, e não para que O temam, toma a figura de uma criança, porque nada há mais amável do que uma criança com a Sua candura, a Sua simplicidade, a Sua meiguice, todas as Suas inocentes qualidades, que cativam o coração até ainda o mais cruel. Nós amamos naturalmente as crianças ordinárias; mas quanto mais devemos amar o santo Menino Jesus, o mais formoso, o mais meigo dos filhos dos homens, refletindo em todas as feições do Seu rosto o amor que nos tem! Oh! Quem nos dera um coração bastante terno para amar, como deve ser, a adorável fraqueza deste Menino! Quem nos dera desfazer-nos diante dEle em lágrimas de amor, para reparar a desgraça, que temos tido, de O amar tão pouco até agora! Ah! Divino Menino, eu Vos entrego o meu coração, vo-lo consagro para sempre; não quero jã viver senão no Vosso amor.

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Incurvati sunt colles mundi, ab itineribus aeternitatis ejus (Hab 3, 6)

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo I, p. 218-220)