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A Vida: imenso dom de um Amor sem fim

Dom Henrique Soares da Costa

Por Dom Henrique Soares da Costa

Recentemente li que muitas mulheres estão congelando seus óvulos até que encontrem seu parceiro ideal ou até que se realizem profissionalmente. Então, sim, engravidarão.

É o ser humano que, tornando-se seu próprio deus, dono de si mesmo sem de si mesmo ser dono, termina por vilipendiar o próprio ser humano. Para quem crê, todos os seres merecem nosso respeito e, de modo particular, o ser humano, imagem de Deus!

A vida é dom de Deus, que tudo criou livremente por amor. Explicar os mecanismos do seu aparecimento, desde as formas mais simples até aquelas mais complexas, é tarefa das ciências.

O que a fé nos diz é que toda vida tem sua origem em Deus, é dom de Deus e somente Ele é o Senhor da vida. Por isso, mesmo diante das criaturas mais simples, o homem deve ter uma atitude de respeito, de veneração. Não podemos fazer o que bem entendemos com o mundo, que não é simples natureza, mas é criação, resultado de um Amor eterno que, do nada, tudo chamou à existência. Somos os mordomos, os guardiões, não os donos. É verdade que o homem é a principal das criaturas deste mundo visível, mas não é seu senhor absoluto… Aqui se radica a intuição fundamental para uma sadia ecologia cristã. O homem tem o direito de usar a criação, pode alimentar-se de vegetais e animais… Mas, não pode abusar, não pode desperdiçar nem tiranizar…

“Tudo o que se move e possui vida vos servirá de alimento; tudo isso Eu vos dou, como vos dei a verdura das plantas. Mas, pedirei contas do sangue de cada um de vós: Eu pedirei conta da alma da vida do homem!” (Gn 9,3ss)

O homem é imagem de Deus, tem uma dignidade imensa, inalienável. Ele não é simplesmente um ser em meio aos outros! Só ele é imagem do Criador: seu coração é aberto para o infinito, tem sede do transcendente; o núcleo do seu coração abriga sua consciência, que tem uma dignidade inalienável! Por isso o homem não pode ser manipulado, vilipendiado, coisificado:

“Eu pedirei contas da vida do homem. Porque à imagem de Deus o homem foi criado” (Gn 9,5.6).

É pecado gravíssimo tudo quanto atentar contra a imagem de Deus: o aborto, a manipulação genética, a fecundação in vitro, as experiências com embriões para obter células-tronco, a eutanásia, a situação de pobreza que denigre a dignidade humana, o consumo de drogas, o desrespeito ao corpo humano pela prostituição, a imoralidade, o adultério, a fornicação… O homem é sagrado, absolutamente sagrado! E isto somente fica claro de modo absoluto e sem apelo quando reconhecemos um Deus criador! Caso contrário, todo discurso sobre dignidade humana e direitos do homem fica gravemente relativizado e manipulável pelo próprio homem…

Infelizmente, na nossa sociedade que se quer tão humana, vemos, na verdade, o ser humano ser vilipendiado na sua dignidade de imagem de Deus, na singularidade da sua existência, no desrespeito e dessacralização do seu corpo, do seu amor, da sua família, da sua sexualidade, da sua dor, da sua concepção, da sua morte… Sem Deus, o homem não passa de um ser qualquer, diferente dos outros apenas por um acidente, uma peça da natureza maluca chamada racionalidade, consciência, que já não é um dom, mas um peso, um absurdo, uma peça de mal gosto! Assim, em pleno século XXI, é preciso dizer novamente, com serenidade e força: somente à luz de um Criador, somente afirmando Deus, o homem pode perceber sua real dignidade, seu valor único e inegociável. E não só a humanidade, mas cada homem, cada pessoa, independente de qualquer outras considerações! É humano, é imagem de Deus, é sagrado, do momento misterioso, sublime e solene da concepção no ventre materno até o último suspiro, quando se deixa este mundo! Simples assim; verdadeiro assim; sublime assim; humano assim, divino assim!