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Mãe da Santa Perseverança

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Meditação para o dia 16 de Maio. Mãe da Santa Perseverança

Meditação para o dia 16 de Maio

Sem Maria não alcançamos a graça da Perseverança

A perseverança final é um dom divino tão grande, que, como disse o santo Concílio de Trento, é um dom de todo gratuito que por nada podemos merecer. Contudo Santo Agostinho diz que alcança de Deus a perseverança todos aqueles que lhe pedem. E conforme diz o padre Suárez, infalivelmente a alcançam, sendo diligentes até o fim da vida em pedi-la a Deus. Por isso escreve São Belarmino:

“Peça-se perseverança todos os dias, para se obtê-la cada dia”

Ora, se é verdade — como eu o tenho por certo, conforme a sentença hoje comum, como depois mostrarei no capítulo VI — se é verdade, digo, que quantas graças Deus nos dispensa, todas passam pelas mãos de Maria, é também verdade que só por meio de Maria poderemos esperar conseguir esta sublime graça da perseverança. Esta mesma graça promete ela a todos aqueles que fielmente a servem nesta vida.

“Os que agem por mim não pecarão, aqueles que me esclarecem, terão a vida eterna” (Eclo 24 30)

Para nossa conservação na vida da divina graça, é-nos necessária a fortaleza espiritual que nos leva a resistir a todos os inimigos da salvação. Ora, esta fortaleza só por meio de Maria se alcança.

“Minha é a fortaleza; por mim reinam os reis” (Pr 8, 14)

Minha é esta fortaleza, diz Maria; Deus depositou em minhas mãos este dom, para que eu o conceda aos meus devotos servos. “Por mim reinam os reis”, por meu intermédio reinam os meus servos, e dominam sobre todos os seus sentidos e paixões, e assim dignos se tornam de um reino eterno no céu. Oh! quanta força possuem os servos desta grande Rainha para vencer todas as tentações do inferno! É Maria aquela decantada torre dos Sagrados Cânticos:

“Teu pescoço é como a torre de Davi, que foi a armadura dos esforçados” (4, 4)

Para os que a amam e a ela recorrem nos combates, é como uma torre forte cingida de todas as armas na luta contra o inferno.

A Santíssima Virgem é por isso chamada plátano.

“Eu me elevei como o plátano à borda d’água, nos caminhos” (Ec 24, 19)

Diz Hugo, cardeal, que as folhas do plátano são semelhantes a um escudo. Assim se explica a proteção de Maria para com aqueles que a ela se acolhem. O beato Amadeu dá outra razão a estas palavras e diz:

“Assim como o plátano com a sombra dos seus ramos defende os transeuntes da chuva e do sol, do mesmo modo sob o manto de Maria acham os homens refúgio contra o ardor das paixões e a fúria das tentações”

Infelizes as almas que se afastam desta defesa e cessam de venerar Maria, e de se lhe recomendar nos perigos! Que seria do mundo, se não nascesse mais o sol? Nada mais que um caos de trevas e de horror — pergunta e responde São Bernardo.

“Retira o sol e que será do dia? Perca uma alma a devoção para com Maria, e que será senão trevas?”

Sim, a alma ficará cheia daquelas trevas de que fala o Espírito Santo:

“Puseste trevas e foi feita a noite; nela transitarão todas as alimárias das selvas” (Sl 103, 20)

Quando em uma alma já não resplandece a divina luz, e anoitece, ficará ela sendo covil de todos os pecados e dos demônios.

“Ai! Daqueles, exclama Santo Anselmo, que desprezam a luz deste sol, isto é, a devoção a Maria!”

Com razão temia São Francisco Borja pela perseverança dos que não davam provas de uma especial devoção a Santíssima Virgem. Perguntando certo dia aos noviços pelos santos de sua devoção, conheceu que deles alguns não eram especialmente devotos de Nossa Senhora. Advertiu ao mestre dos noviços que olhasse com mais atenção para aqueles infelizes. E, de fato, todos eles perderam miseravelmente a vocação, e saíram da Companhia.

Razão sobrava, portanto a São Germano, ao chamar a virgem de respiração dos cristãos. Pois como o corpo não pode viver sem respirar, tão pouco o pode a alma sem recorrer e recomendar-se a Maria, por cujo intermédio, adquirimos e conservamos com segurança a vida da divina graça.

O beato Alano, assaltado uma vez de uma forte tentação, esteve em termos de perder-se por se não ter encomendado a Maria. Apareceu-lhe então a Santíssima Virgem, e para fazê-lo mais advertido em outras ocasiões, bateu-lhe levemente no rosto e acrescentou:

“Se te houvesse recomendado a mim, não teria ocorrido tão grande risco”

Por intermédio de Maria obtemos a graça da Perseverança

Com as palavras dos Provérbios a nós se dirige Maria:

“Feliz aquele que me ouve e que vela todos os dias à entrada da minha casa” (8, 34)

Feliz quem escuta a minha voz e por isso está de alerta para vir sempre à porta da minha misericórdia, em busca de socorro e de luzes. Sem dúvida não deixará Maria de obter-lhe luzes e força para sair do vício e trilhar pela vereda da virtude. Pelo que graciosamente Inocêncio III lhe chama “Lua de noite, aurora de manhã, sol de dia”. É lua para quem está cego na noite do pecado, a fim de esclarecê-lo e mostrar-lhe o miserável estado de condenação em que se acha. É aurora, isto é, precursora do sol para quem já está iluminado, a fim de fazê-lo sair do pecado e recuperar a divina graça. Para quem já está em graça é finalmente sol, cuja luz o livra de cair em algum precipício.

Aplicam os Santos Doutores a Maria as palavras do Eclesiástico:

“Suas cadeias são atadura de salvação” (6, 31)

Mas cadeias, por quê? Pergunta Ricardo de São Lourenço. Porque Maria prende os seus servos, para que não se desviem pela estrada dos vícios. Do mesmo modo explica Conrado de Saxônia as palavras que se encontram no Oficio da Santíssima Virgem:

“Na plenitude dos santos se acha a minha assistência” (Ec 24, 16)

Maria não só está colocada na plenitude dos santos, diz ele, mas também nela os conserva para que não tornem para trás; conserva-lhes as virtudes, a fim de que não diminuam; impede os demônios, para que não lhes façam mal.

Dos devotos de Maria diz-se que estão cobertos com dois vestidos.

“Todos os seus domésticos trazem vestidos forrados” (Pr 31, 21)

Maria expõe Cornélio a Lápide, adorna os seus fieis servos tanto com as virtudes de seu Filho, como com as suas, e assim revestidos conservam eles a santa perseverança. Desta forma explica este comentador quais são estes vestidos duplicados. São Filipe Neri sempre admoestava os seus penitentes dizendo-lhes: Filhos, se desejais a perseverança, sede devotos de Nossa Senhora! São João Berchmans, da Companhia de Jesus, dizia também:

“Quem amar a Maria, terá perseverança”

Bela é a reflexão que faz aqui o abade Roberto, sobre a parábola do filho pródigo:

“Se ainda lhe vivesse a mãe, não deixara o filho pródigo à casa paterna, ou para ela regressara mais depressa do que voltou. Quer com isso dizer que um filho de Maria, ou nunca se aparta de Deus, ou, se por desgraça o faz, logo para ele torna por meio de Maria”

EXEMPLO

Um fidalgo francês, chamado Ansaut de Déols, recebeu em combate uma flechada, da qual lhe ficou a ponta da flecha presa no osso do maxilar. Depois de quatro anos, tornando-se insuportáveis as dores e adoecendo Ansaut gravemente, queriam os médicos abrir novamente a ferida para retirar a ponta do ferro. O doente recomendou-se então a Nossa Senhora e lhe prometeu visitar todos os anos um seu afamado santuário, sito nas vizinhanças, e lá oferecer-lhe um sacrifício, caso recuperasse a saúde. Mal pronunciara seu voto e já percebeu como o ferro se desprendia da ferida, caindo-lhe para dentro da boca. No dia seguinte, apesar de doente, partiu em romaria para visitar a imagem milagrosa e cumprir o seu voto. Desde então sarou completamente.

ORAÇÃO
(São Germano)

Ó minha Senhora, sois a única consolação que de Deus recebo, sois o celeste orvalho que refrigera minhas mágoas; sois a luz de minha alma, quando está imersa em trevas; meu guia em minha peregrinação; minha fortaleza em minhas fragilidades; meu tesouro em minha pobreza; meu remédio às minhas chagas; minha consolação em minhas lágrimas; vós que sois meu refúgio em minhas misérias, e a esperança de minha salvação. Ouvi minhas súplicas, e tende piedade de mim, como convém à Mãe de Deus que tem tanto amor aos homens. Concedei-me tudo o que vos peço, ó vós que sois nossa defesa e nossa alegria. Tornai-me digno de fruir convosco aquela grande felicidade que gozais no céu. Sim, minha Senhora, meu refúgio, minha vida, meu auxílio, minha defesa, minha fortaleza, minha alegria, minha esperança, Mãe de Deus, e que, portanto, bem me podeis obter essa graça, se quiserdes. Ó Maria, sois onipotente para salvar os pecadores: nenhuma recomendação vos é precisa, porque sois a Mãe da verdadeira vida.

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(BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. Um Mês com Nossa Senhora ou Mês de Maria, segundo Santo Afonso Maria de Ligório. Edições Paulinas 1ª ed., 1949, p. 115-120)