Meditação para o Dia 04 de Julho
A hora da desgraça e dos grandes sofrimentos, de golpes e reveses, é a hora das grandes almas. Quantas, na prosperidade, mostravam-se insignificantes, mesquinhas, acanhadas. Veio o golpe das adversidades, soou a hora da desgraça, e que prodígios e transformações! Vede Inácio de Loyola. Simples soldado iludido, como tantos, pelas vaidades da terra, egoísta, orgulhoso. A ferida o prostrou num leito. E, ferido o corpo, uma leitura, verdadeiro golpe da graça, transforma-o e santifica-o. Não foi um golpe assim motivo de conversão para Margarida de Cortônia e Francisco de Borgia? Quando já tudo parece perdido, quando Nosso Senhor nos reduz ao pó, ao nada que somos, pela humilhação, o abatimento; quando reveses e, principalmente, grandes calamidades nos ferem, é então chegada a nossa hora, ou melhor a hora de Deus. Esperemos confiantes! A Providência vai, talvez, realizar os grandes e eternos desígnios que tem sobre nós:
“Quando tudo está perdido – dizia Lacordaire – então é a hora das grandes almas”
Na desgraça, não nos mostremos mesquinhos, espíritos acanhados e eternos queixosos da Divina Providência. As desgraças são golpes do Artista Divino e dão, no mármore de nossas almas, uma expressão de beleza encantadora. Não quereis que, para esse bloco informe de vossa alma egoísta, chegue a hora de ser obra-prima da graça e enlevo de estetas espirituais, os Anjos do Senhor?
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 203)