

Os cristãos delicados, inimigos da dor, quase pagãos, querem Jesus, sim, adoram-nO e pretendem amá-lO, mas... Sem a cruz. Querem o Menino Jesus, sim, nos braços de Maria, cheio de encantos, porém, longe da gruta de Belém, da pobreza e miséria do estábulo, da companhia dos pobres e dos animais.“Ignorais – diz Bossuet que o nome de cristão significa homem destinado ao sofrimento?"
“Quem souber sofrer será vencedor de si próprio neste mundo, amigo de Jesus Cristo e herdeiro do Céu”
“Minha filha – responde o Mestre – serás muito perseguida pelo Demônio, pelo mundo e por ti mesma”
Todo este capítulo anda à volta de duas palavras: escape e inscape que o Autor dá um sentido peculiar. Não encontramos na nossa língua termos correspondentes com o mesmo conteúdo semântico. Traduziu-se escape por «evasão», dando a esta palavra o significado de afastamento das inquietações que nascem dos problemas da vida fundadas em Deus, e recurso a tudo o que os faça esquecer; e inscape por «concentração» com o sentido de regresso a Deus, centrando n’Ele a nossa vida e a solução de todos os seus problemas. — N. do T.
É NECESSÁRIO introduzir uma nova palavra na nossa língua, e, embora talvez já tenha sido usada na poesia de Gerald Manly Hopkins, não entrou ainda no uso universal. Esta nova palavra deve ser o oposto de evasão («escape»). Evadir-se quer dizer fugir de uma coisa perigosa, na esperança de encontrar segurança. Deriva de duas palavras latinas: «ex» (de) e «cappa» (capa). Significa, pois, escapar-se de uma prisão, tornar-se livre.