Meditação para o Décimo Quarto Sábado depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos sobre outro vício oposto à humildade, que é a presunção; e veremos: 1.° Quanto este vício é indigno de uma alma cristã; 2.° De quantos modos nos tornamos presunçosos. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De nos abismarmos diante de Deus no sentimento das nossas misérias, e de repelirmos toda a complacência no bom conceito, que fôssemos tentados a formar de nós mesmos; 2.° Confiarmos só em Deus, e de desconfiarmos de nós até evitar as menores ocasiões do pecado. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Espírito Santo:
"Quanto maior sois, tanto mais vos deveis humilhar em todas coisas" - Quanto magnus es, humillia te in omnibus (Ecl 3, 20)
Meditação para a Décima Quarta Sexta-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos sobre outro vício oposto à humildade, que é a ambição; e veremos: 1.° Quanto este vício é detestável; 2.º De quantos modos podemos tornar-nos ambiciosos. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De nos contentarmos com a posição que a Providência nos criou, sem buscarmos outra mais elevada; 2.° De resistirmos aos oferecimentos e instâncias que possam fazer-nos neste sentido, a menos que tenhamos provas evidentes de que o que nos oferecem é do agrado de Deus. O nosso ramalhete espiritual será a palavra de São Tiago:
"Não queirais fazer-vos mestres, sabendo que vos expondes a um juízo mais severo" - Nolite... magistri fieri, scientes quod majus judicium sumitis (Zc 3, 1)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus 6, 24-33
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 24ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.» 25«Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Porventura não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestido? 26Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas? 27Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? 28Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! 29Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. 30Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? 31Não vos preocupeis, dizendo: ‘Que comeremos, que beberemos, ou que vestiremos?’ 32Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. 33Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo.
Meditação para o Décimo Terceiro Sábado depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos sobre outro meio de vir a ser humildes, que é: 1.° Exercitarmo-nos na prática da humildade; 2.° Aplicar esta pratica a todos os atos da nossa vida. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De nos conservarmos muito humildes nas nossas orações; 2.º De empregarmos em todas as nossas relações com o próximo maneiras e palavras conformes à humildade. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Sábio:
"A soberba é aborrecível a Deus e aos homens" - Odibilis coram Deo est et hominibus superbia (Ecl 10, 7)
Meditação para a Décima Terceira Sexta-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Depois de termos meditado sobre tantas razões de sermos humildes, meditaremos sobre os meios de vir a sê-lo; e consideraremos: 1.° Que o primeiro meio é tomarmos muito a peito adquirir a humildade; 2.º Que é este um trabalho de toda a vida. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De pedirmos frequentes vezes a Deus esta virtude, como a coisa do mundo mais necessária; 2.º De aceitarmos de boamente todas as ocasiões de nos humilharmos. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Espírito Santo:
"Humilhai profundamente o vosso espírito" - Humilia valde spiritum tuum (Ecl 7, 19)
Meditação para a Décima Terceira Quinta-feira depois de Pentecostes
Vigésima Primeira razão de sermos Humildes
SUMARIO
Meditaremos sobre uma vigésima primeira razão de sermos humildes, e é: 1.° Que o amor-próprio é uma loucura; 2.° Que esta loucura nos tira o juízo no modo de proceder. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De expulsar, logo que o advirtamos, toda a complacência em nós mesmos e todo o desejo da estima; 2.° De nunca faltarmos em nosso favor, e de aceitarmos de boamente as humilhações que nos sobrevierem. O nosso ramalhete espiritual será a palavra dos livros santos:
"Onde ha humildade, aí há igualmente sabedoria" - Ubi est humilitas, ibi est sapientia (Pr 11, 2)
Meditação para a Décima Terceira Terça-feira depois de Pentecostes
Décima Nona razão de sermos Humildes
SUMARIO
Meditaremos sobre uma décima nona razão de sermos humildes, e é que o amor-próprio nos oculta: 1.° O que somos; 2.° O que é o próximo. Depois destas reflexões, tomaremos a resolução: 1.° De nos precatarmos das ilusões do amor-próprio, e de não as olharmos como realidades; 2.° De nada dizermos nem fazermos por amor-próprio. O nosso ramalhete espiritual será a máxima da Imitação:
"Aquele que se conhece bem a si mesmo é vil a seus próprios olhos, e não se compraz nos louvores dos homens" - Qui bene seipsum cognoscit, sibi ipsi vilescit, nec laudibus dilectatur humanis (I Imitação 2, 1)
Meditação para a Décima Terceira Segunda-feira depois de Pentecostes
Décima Nona razão de sermos Humildes
SUMARIO
Consideraremos na nossa meditação: 1.º Que se, como já o meditamos, devemos agradecer aos homens os benefícios que deles recebemos, devemos ainda mais agradecer a Deus os que dele recebemos; 2.° Como havemos de satisfazer esta divida de gratidão. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De fazer atos de agradecimento para com Deus à vista do firmamento, das belezas da natureza, das igrejas e cruzes, e finalmente a cada bom pensamento que a graça de Deus nos inspirar; 2.° De darmos sempre graças a Deus depois da comunhão, depois da comida, e à tarde depois do trabalho. O nosso ramalhete espiritual será o cântico da Igreja:
"Demos graças ao Senhor nosso Deus" - Gratias agamus Domino Deo nostro
Breve introdução sobre a Mortificação e o Apóstolo Patrono
Nunca percas de vista esta bela sentença de Santa Teresa:
"Quem julga que Deus admite à sua amizade pessoas que amam a comodidade, engana-se redondamente"
"Os que são de Cristo, crucificaram sua carne com seus vícios e concupiscência”, diz o Apóstolo (Gl 5, 24). Por isso considera como uma dádiva divina toda a ocasião de te mortificares e não deixes passar nenhuma sem te aproveitares dela. Reprime teus olhos e não os detenhas em coisas que satisfazem unicamente a curiosidade. Evita toda conversação em que se trata unicamente de novidades ou de outras coisas mundanas. Esforça-te sempre em mortificar o paladar: nunca comas e bebas unicamente para contentar tua sensualidade, mas só para sustentar teu corpo. Renuncia voluntariamente aos prazeres lícitos e dize generosamente, quando ouvires falar das alegrias do mundo:
“Meu Deus, só a Vós eu quero e nada mais”
Faze com fervor todas as mortificações externas que a obediência e as circunstâncias permitirem. Se não puderes mortificar teu corpo com instrumentos de penitência, pratica ao menos a paciência nas doenças, suporta alegremente toda incomodidade que consigo traz a mudança do calor e do frio; não te queixes quando te faltar alguma coisa, alegra-te antes quando te faltar até o necessário. Mas principalmente a mortificação interna é que deves praticar, reprimindo tuas paixões e nunca agindo por amor-próprio, por vaidade, por capricho, ou por outros motivos humanos, mas sempre com a única intenção de agradar a Deus. Por isso, enquanto, possível, deves te privar daquilo que mais te agradar e abraçar o que desagrada a teu amor-próprio. Por exemplo: quererias ver um objeto: renuncia a isso justamente por te sentires levado a contemplá-lo; sentes repugnância por um remédio amargo: toma-o justamente por ser amargo; repugna-te fazer benefícios a uma pessoa que se mostrou ingrata para contigo: faze-o justamente porque tua natureza se rebela contra isso. Quem quer pertencer a Deus, deve se violentar incessantemente e exclamar sem interrupção:
"Quero renunciar a tudo, contanto que agrade a Deus"
Em resumo, portanto: Pela mortificação interior nos aplicamos a domar as nossas paixões, principalmente a que mais predomina em nós. Não vencer uma paixão dominante é pôr-se em grande perigo de se perder. Pela mortificação exterior negamos aos sentidos as satisfações que desejam. É necessário, portanto, mortificar: 1. Os olhos, abstendo-nos de ver objetos perigosos. 2. A língua, fugindo das maledicências, palavras injuriosas ou impuras. 3. A boca, evitando todo o excesso no comer e beber, e praticando até algum jejum e abstinência. 4. O ouvido, negando-nos a dar ouvidos a discursos que ferem a modéstia ou a caridade. 5. O tato, usando de precaução quer conosco quer nas relações com outros. Sumário I. A sua natureza II. Da Mortificação Externa III. Da Mortificação Interna IV. A Mortificação e o Redentor V. A Prática da Mortificação VI. A Prática da Mortificação Externa VII. Orações para alcançar a Virtude do Mês
Meditação para a Undécima Segunda-feira depois de Pentecostes
Sétima razão de sermos Humildes
SUMARIO
Meditaremos sobre a sétima razão de sermos humildes, que é perguntarmos muitas vezes a nós mesmos: Que sou eu em comparação dos santos? E para compreendermos esta razão, consideraremos: 1.° Que para nos avaliarmos com exatidão, devemos tomar para pontos de comparação as virtudes dos santos; 2.° Que esta comparação é profundamente humilhante para nós. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De perguntarmos a nós mesmos:
Como faria um santo esta oração, esta obra; como empregaria este dia?
2.° De nos humilharmos cada dia, dizendo conosco:
Ó! Quão longe estou do que foram os santos!
O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Davi:
"Eu me farei mais humilde do que me tenho feito" - Vilior fiam plus quam factus sum (2Rs 6, 22)