Capítulo VIII
O Rei de Nínive
Os habitantes da cidade de Nínive como num capitulo anterior referimos e agora repetimos, perverteram-se a tal ponto que Deus, irado, resolveu destruir a ímpia capital. Todavia, porque a Sua misericórdia é imensa, quis avisar os pecadores, do castigo que sobre eles estava iminente. E pelas ruas e praças da grande cidade a voz do profeta Jonas pregou os castigos que Deus faria cair sobre os ninivitas. Chegou a nova terrível aos ouvidos do rei de Nínive, que, levantando-se do trono, rasgou as suas vestes em sinal de dor e se cobriu de cinzas. Depois ordenou que todos os seus súditos fizessem a mais dura penitência, para aplacar a Justiça Divina.E Deus viu a sua penitência — diz a Sagrada Escritura — e compadeceu-Se deles, retirando o castigo terrível que estava para lhes vibrar.«Quem sabe — dizia o rei — se o Senhor nos perdoará e Se aplacará de forma que não pereçamos?»
Capítulo VII
A dignidade do Santo Sacrifício resulta claramente das cerimônias, das orações, dos paramentos, das menores circunstâncias da sua celebração. Todavia nada demonstra com tanta evidência a suprema excelência e eficácia deste grande Sacrifício, como a pessoa do Sacrificador. O padre? O bispo? O Papa? Um Anjo? Maria Santíssima, a Rainha dos Anjos? Não, não. O Sacrificador, no tremendo sacrifício do Altar, é o Sacerdote dos sacerdotes, o Bispo dos bispos, o próprio Filho de Deus, Jesus Cristo, a Quem o Eterno Pai fez Sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque. Não é só a Vítima é também o Sacerdote. Sim! É Ele que dá à Missa o seu valor incomparável. É Ele que eleva o Sacrifício cristão à categoria de obra divina.«Os sacerdotes — diz São João Crisóstomo — são servos, mas servos admitidos a fazer o que os próprios anjos do Céu não podem fazer»
Capítulo VI
As palavras de Nosso Senhor a Santa Mechtilde far-nos-ão compreender bem o mistério da Missa e as graças que encerra.E para nos fazer saber que esta aplicação tem lugar especialmente na Santa Missa, Nosso Senhor acrescentou:«Olha, disse-lhe o Senhor, dou-te todas as amarguras da minha Paixão para que as consideres um valor teu próprio e as ofereças a meu Pai»
«Aquele que oferecer a minha Paixão, que Eu lhe doei, será duas vezes recompensado e isso acontecerá tantas vezes quantas a oferecer. Sucederá como Eu disse no Evangelho: Receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna»
Capítulo V
Escreve o grande Santo e grande gênio que foi Santo Agostinho:Estas palavras são tão preciosas, tão claras, que ninguém ousaria deturpar-lhes o sentido. São João Crisóstomo não é menos claro:«Na Missa o Sangue de Jesus Cristo corre pelos pecadores»
Estas palavras do Santo Doutor podem talvez ser comentadas com estas outras de Kisseli:«O Cordeiro de Deus imola-Se por nós. O Seu sangue, saído do lado atravessado do Salvador, espalha-se de uma maneira mística sobre o altar e derrama-se no cálice para nos purificar»
«Cristo derramou uma só vez o Seu sangue de uma maneira visível e dolorosa. Esta efusão renova-se cada dia na Santa Missa de uma maneira invisível, como se as mãos do Salvador fossem de novo feridas, os Seus pés trespassados, o Seu coração aberto. Nós podemos aplicar-nos os Seus méritos infinitos pelos nossos desejos ardentes, pelo arrependimento, pela penitência, pela Santa Comunhão, mas nunca mais eficazmente que pela Missa»
Capítulo I
Que este mistério se renova em cada Missa, prová-lo-ei pelo testemunho de um mestre célebre:Estas palavras parecerão estranhas a muitos, mas, segundo a exposição seguinte ninguém lhes contestará a verdade. Jesus Cristo não se contentou de Se fazer homem uma vez única. Encontrou, na Sua sabedoria infinita, o sublime segredo de reproduzir todos os dias, a toda a hora, em toda a parte, em nova Encarnação operada no altar, a satisfação já uma vez oferecida à Santíssima Trindade.«A Santa Missa, diz Marchant, é uma representação viva e perfeita, ou antes uma renovação da Encarnação, do nascimento, da vida, da paixão, da morte de Cristo e da redenção, que realizou»
Meditação para a Quinta Quarta-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos a maneira de fazer a visita ao Santíssimo Sacramento, e veremos, que é necessário: 1.° A devoção exterior; 2.° A devoção interior. — Tomaremos depois a resolução de fazermos as nossas visitas com esta dúplice devoção; e o nosso ramalhete espiritual será a palavra do Salmista:"Quão amáveis são os vossos tabernáculos, grande Deus!" - Quam dilecta tabernacula tua, Domine virtutum (Sl 83, 2)
Meditação para a Quinta Terça-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos sobre a visita ao Santíssimo Sacramento, e veremos: 1.° Que esta vista é para nós um dever; 2.º Que os nossos mais preciosos interesses a isso nos convidam. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De fazermos cada dia uma visita ao Santíssimo Sacramento; 2.º De nunca passarmos por defronte de uma igreja sem nela entrar por alguns instantes, quando isso nos for possível. O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Nosso Senhor:"Estai certos de que eu estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos" - Ecce ego vobiscum sum omnibus diebus usque ad consummationem saeculi (Mt 28, 20)
Meditação para a Quinta Segunda-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos sobre a comunhão frequente, e veremos: 1.° Que a comunhão frequente, fervorosa, é um grande bem; 2.° Que a comunhão frequente, tíbia, é um grande mal. — Tomaremos a resolução: 1.° De vivermos tão santamente, que possamos comungar muitas vezes; 2.° De vigiarmos sobre nós depois das nossas comunhões, para tirarmos bom proveito delas. O nosso ramalhete espiritual será as palavras de Santo Agostinho:"Vivei de modo que mereçais comungar todos os dias" - Si vive, ut quotidie merearis accipere
Meditação para o Quarto Sábado depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos: 1.° A importância da Ação de Graças depois da Comunhão; 2.° O modo de a fazer. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De fazermos com a maior exatidão e perfeição a nossa Ação de Graças; 2.º De lembrarmos muitas vezes, durante o dia, da Comunhão da manhã, dos bons sentimentos, que formamos de viver mais santamente. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Salmista:"Que darei eu em retribuição ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito no só benefício da Comunhão?" - Quid retribuam Domino pro omnibus quae retribuit mihi? (Sl 115, 3)