Sumário. O Senhor podia obter-nos a salvação sem sofrer; pois que uma só lágrima, uma só oração teria sido bastante para salvar uma infinidade de mundos. A fim de nos patentear, porém, o seu amor, quis derramar o seu Sangue até a última gota, no meio das mais atrozes dores. Como é que os homens respondem a um tão grande amor? Mostremo-nos ao menos nós gratos para com esse Coração amabilíssimo, e para reparar as ofensas que lhe tenhamos feito habituemo-nos a oferecer muitas vezes ao Eterno Pai este preço da nossa Redenção.Redemisti nos Deo in sanguine tuo... et fecisti nos Deo nostro regnum —“Remiste-nos para Deus com o teu sangue...e fizeste- nos para nosso Deus reino” (Ap 5, 9)
Remansit puer Iesus in lerusalem, et non cognoverunt parentes eius — “O Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais se apercebessem” (Lc 2, 43)Sumário. Consideremos a aflição e os incômodos que Jesus, Maria e José experimentaram na volta do Egito; consideremos em seguida a dor dos santos Esposos na perda do seu divino Filho, após a visita ao templo. Habituados como estavam a gozar a doce presença e companhia do Salvador, quantas lágrimas não devem ter derramado nos três dias à procura do objeto de seu amor? Tanto mais, porque na sua humildade receavam ter desagradado ao divino Menino, que por isso os quisesse privar da sua presença. Para a alma que pôs em Deus todo o seu amor, não há aflição maior do que a dúvida de o ter ofendido.
Sumário. Consideremos a obediência pronta de São José. Apenas recebida a ordem do Anjo, apresta-se para a viagem ao Egito, posto que previsse os incômodos que semelhante viagem, bem como a sua permanência naquele lugar, devia causar tanto a ele mesmo como a sua Esposa e seu divino Filho. Como é que nós obedecemos aos mandamentos de Deus e às ordens dos nossos superiores? Ao menos, esforcemo-nos para o futuro por imitar o santo Patriarca, e unamo-nos a estes santos peregrinos na viagem que estamos fazendo para a eternidade.Surge et accipe puerum et matrem eius, et fuge in Aegyptum — “Levanta-te e toma o Menino e sua Mãe, e foge para o Egito” (Mt 2, 13)
Sumário. Consideremos os doces colóquios dos santos Esposos sobre o mistério da Encarnação, durante a viagem de Nazaré a Belém. Imaginemos a tristeza de São José vendo-se com Maria expulso de Belém e obrigado a refugiar-se numa gruta. Mas a tristeza se trocou em alegria, quando o Patriarca ouviu o doce canto dos anjos, viu o Filho de Deus feito menino, e os pastores e os magos prostrados em adoração. Unamos os nossos afetos ao de São José e admiremos como o Senhor alterna as alegrias com as tristezas na vida dos justos.Ascendit autem et Ioseph ... in civitatem David, quae vocatur Bethlehem— “Subiu também José ... à cidade de Davi, que se chama Belém” (Lc 2, 4)
Sumário. A devoção entre todas as devoções a mais perfeita é o amor a Jesus Cristo, com a recordação frequente do amor que nos dedicou e ainda sempre dedica. Exatamente para se fazer amar, é que o Verbo Eterno quis que nestes últimos tempos se instituísse e propagasse a devoção ao seu Coração, com a promessa das graças mais assinaladas aos que a praticassem. Felizes se estivermos do número destes devotos. Podemos estar certos de que o divino Coração nos abençoará em tudo o que empreendermos, e em todas as ocorrências será o nosso seguro abrigo.Ignem veni mittere in terram: et quid volo, nisi ut accendatur? — “Eu vim trazer fogo à terra, e que quero senão que ele se acenda?” (Lc 12, 49)
Qualidades, que deve ter a nossa Consagração
Para que a nossa consagração à Mãe de Deus, possa ser agradável para ela e proveitosa para nós, deve ser sincera, isto é, não consistir somente em palavras e vãs protestações de fidelidade e de amor, mas partir de um coração profundamente cheio de respeito, de veneração e de ternura para com esta admirável Mãe. Deve ser perfeita e inteira, isto é, devemos oferecer e consagrar à glória de Maria o nosso espírito, o nosso corpo, todas as nossas faculdades, tudo o que possuímos, tudo o que somos, desejando depender dela em todas as coisas, como de Soberana Senhora e cara Mãe. Enfim, esta consagração deve ser irrevogável, uma vez que nos consagremos a Maria, devemos considerar-nos como não pertencendo já a nós mesmos, mas só como filhos, servos, súditos, escravos desta augusta Rainha, que deve reinar para sempre em nossos corações. Ó Maria! Que ventura não é pertencer-vos, ser todo vosso, não viver senão para Jesus e para vós!Vivia só para Deus
Vejamos esta bendita menina sepultada no seu retiro, e admiremos a vida santa que ali passa. Considera-se no templo como em uma casa unicamente consagrada ao serviço do Senhor; sabe que neste sagrado lugar não deve viver senão para Deus, nem pensar, senão em tornar-se cada vez mais agradável a Seus olhos pela prática de todas as virtudes. Semelhante à aurora que sempre cresce em luz, Maria sempre cresce em santidade e perfeição. Todos os dias brilhavam nela com maior esplendor as mais excelentes virtudes, a caridade, a humildade, a mortificação e a doçura. Aproveitemo-nos de tão admirável exemplo, e aprendamos desta Virgem Santíssima o ardor com que devemos trabalhar em nossa santificação. É verdade que Deus não exige de todos os cristãos, que à imitação de Maria se liguem com voto ao seu serviço; é este o destino feliz de algumas almas privilegiadas que Ele retira do mundo, para as consagrar a Si de um modo especial: mas em qualquer estado que nos encontremos, Deus exige de nós, que sigamos uma vida verdadeiramente cristã, uma vida penitente e mortificada, e que façamos todos os dias novos esforços por adiantar-nos no caminho da salvação. Tal é o resumo do Evangelho, tais as sagradas obrigações que contraímos, recebendo o Batismo. Ah! De que modo as temos cumprido até hoje?Motivo de alegria para o céu
A Santíssima Trindade contemplou desde sempre com a maior complacência esta amável menina, obra prima de Suas mãos. Deus Pai a olhou como sua Filha querida e digno objeto de Sua ternura; Deus Filho a considerou como sua Mãe e templo vivo, onde devia residir um dia; Deus Espírito…
A dignidade incomparável de Maria Santíssima A Virgem Maria reúne em grau eminente todas as qualidades mais próprias para nos inspirar os sentimentos da mais profunda veneração para com ela. É a mais santa de todas as criaturas, a obra prima das mãos de Deus, a Rainha do céu e da terra, a protetora e Mãe dos cristãos, a dispensadora de todas as graças, e, o que excede tudo o que espírito humano pode compreender, é a Mãe de Deus, dela nasceu o adorável Jesus. Estas inefáveis prerrogativas a tornam muito superior a todos os Anjos e Santos, e lhe dão os mais incontestáveis direitos sobre os nossos corações. Tenhamos, pois, sempre para com esta divina Mãe respeito sincero, amor filial, e ilimitada confiança.