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Somos consagrados ao Senhor!

Dom Henrique Soares da Costa
Reze o Salmo 119/118,73-80
Agora, leia com piedade e coração que escuta na fé Dt 7

1«Quando o SENHOR, teu Deus, te tiver introduzido na terra da qual vais tomar posse, e tiver desalojado diante de ti povos numerosos: o hitita, o guirgaseu, o amorreu, o cananeu, o perizeu, o heveu e o jebuseu, sete povos maiores e mais poderosos do que tu; 2quando o SENHOR, teu Deus, tos tiver entregado e tu os tiveres vencido, então, votá-los-ás à destruição. Não farás nenhum pacto com eles nem terás pena deles. 3Não farás alianças de casamento com nenhum deles; não darás a tua filha ao seu filho, nem casarás a sua filha com o teu filho. 4Isso desviaria o teu filho de mim, eles adorariam deuses estranhos e a cólera do SENHOR inflamar-se-ia contra vós e vos exterminaria rapidamente. 5Pelo contrário, procedereis assim com eles: destruireis os seus altares, quebrareis os seus monumentos, cortareis os seus postes sagrados e queimareis no fogo os seus ídolos. 6Tu és um povo consagrado ao SENHOR, teu Deus. Na verdade, o SENHOR, teu Deus, escolheu-te para seres para Ele um povo particular entre todos os povos que há sobre a face da terra.»

7«Não foi por serdes mais numerosos que outros povos que o SENHOR se agradou de vós e vos escolheu; vós até éreis o mais pequeno de todos os povos. 8Porque o SENHOR vos ama e é fiel ao juramento que fez a vossos pais, por isso, é que, com mão forte, vos fez sair e vos salvou da casa da servidão, da mão do faraó, rei do Egipto. 9Reconhece, pois, que o SENHOR, teu Deus, é que é Deus, o Deus fiel, que mantém a aliança e a bondade para com os que o amam e observam os seus mandamentos até à milésima geração. 10Ele castiga, porém, a cada um dos seus inimigos, fazendo-os perecer; não tardará em dar castigo a cada um dos que o odeiam. 11Observarás, pois, os mandamentos, as leis e os preceitos, que Eu hoje te mando pôr em prática.

12Se observares estes preceitos, os guardares e cumprires, o SENHOR, teu Deus, também será fiel à aliança e bondade que jurou aos teus pais. 13Ele te amará, abençoará e há-de multiplicar; abençoará o fruto das tuas entranhas e o fruto da tua terra: o teu trigo, o teu vinho novo, o teu azeite, as crias do teu gado miúdo e graúdo, na terra que jurou aos teus pais, que te havia de dar.

14Serás abençoado entre todos os povos; não haverá entre vós esterilidade, nem entre os humanos nem entre os animais. 15O SENHOR afastará de ti qualquer doença e não te infligirá nenhuma dessas terríveis pragas do Egipto que conheceste, e com as quais castigará os teus adversários. 16Destruirás, pois, todos os povos que o SENHOR, teu Deus, te entregar; não olharás para eles com piedade nem adorarás os seus deuses, porque isso seria para ti uma armadilha.

17Se disseres no teu coração: ‘Estas nações são mais numerosas do que eu; como poderemos desalojá-las?’ 18Não tenhas medo delas. Recorda-te do que fez o SENHOR, teu Deus, ao faraó e a todo o Egipto: 19as grandes provas que os teus olhos viram, os sinais e prodígios daquela mão forte e daquele braço estendido com os quais o SENHOR, teu Deus, te fez sair. Assim fará o SENHOR a todos os povos diante dos quais tens medo. 20Além disso, o SENHOR, teu Deus, mandará vespas contra eles, a fim de acabar com os sobreviventes que se esconderem de ti. 21Não tremas, pois, diante deles, porque o SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, um Deus grande e temível. 22Pouco a pouco, o SENHOR, teu Deus, afastará esses povos da tua frente; não poderás destruí-los rapidamente, para não se multiplicarem os animais selvagens à volta de ti. 23Mas o SENHOR, teu Deus, tos entregará e espalhará entre eles um grande pânico, até serem destruídos. 24Entregará os seus reis nas tuas mãos e fará desaparecer a memória deles debaixo dos céus. Ninguém te poderá resistir, até os teres exterminado. 25Queimarás no fogo as imagens dos seus deuses. Não cobiçarás a prata ou o ouro que as cobre, nem tomarás isso para ti, para não caíres em tal armadilha, pois são uma abominação para o SENHOR, teu Deus. 26Não introduzas tal abominação em tua casa, porque serias votado à destruição como ela: considerá-la-ás como imunda e abominável, pois é coisa votada à destruição.»

1. Os vv. 1-6 recomendam que Israel, ao entrar na terra que o Senhor Deus lhe concede, entregue todas as nações cananeias ao anátema, isto é, à destruição:

“Eis como devereis tratá-los: demolir seus altares, despedaçar suas estelas, cortar seus postes sagrados e queimar seus ídolos…” (v. 5)

Já expliquei, anteriormente, que aqui se trata dos preceitos da guerra santa, o herem: a guerra é vista como guerra do Senhor contra os ídolos cananeus… Trata-se de uma realidade teológica, não tanto histórica, bélica!

Qual o sentido espiritual deste texto, o sentido profundo, à luz do Espírito do Cristo? Na terra da nossa vida, dos dons que o Senhor nos concede, devemos adorar somente ao Senhor; devemos romper com toda idolatria, com tudo aquilo que possa nos afastar do Único ou competir com Ele no nosso coração! Devemos espatifar esses ídolos em nossos corações e deixar que somente o Senhor reine na nossa vida – eis o Reino de Deus que Jesus veio trazer: Deus, o Pai, reinando, absoluto, em nós, como reinou no Seu filho Jesus Cristo!

As palavras de Moisés são atualíssimas para a Igreja, novo Israel, e para cada um de nós:

“Tu és um povo consagrado ao Senhor teu Deus; foi a ti que o Senhor teu Deus escolheu para que pertenças a Ele como Seu povo próprio dentre todos os povos que existem sobre a face da terra” (v. 6)

Em Cristo, incorporados ao Seu Corpo, que é a Igreja pelo Batismo (cf. 1Cor 12,13), somos o Novo Israel, somos o Povo de Deus no Espírito de Cristo, que nos une num só Corpo do Senhor. São Pedro diz, de modo incisivo, tão belo, tão profundo:

“Vós sois uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, o povo de Sua particular propriedade, a fim de que proclameis as excelências Daquele que vos chamou das trevas para Sua luz maravilhosa; vós que outrora éreis não-povo, mas agora sois o Povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia” (1Pd 2,9s)

Somos, portanto, consagrados ao Senhor! Que acordo poderia existir entre o Senhor e os demônios, entre um cristão e os ídolos, entre os que participam do Banquete sacrifical de Cristo e os que se dobram e prendem o coração aos ídolos deste mundo (cf. 1Cor 10,18-22)? Pense nisto!

Ídolos? São seus apegos, seus amores quando contrários ao Senhor; ídolo é tudo aquilo que tende a tomar o lugar que cabe somente ao Senhor Deus no nosso coração e na nossa vida!

2. Por que o Senhor escolheu Israel? Por que o Senhor nos escolheu? Por que a mim, por que a você? Por pura graça!
Leia os vv. 7s. Agora compare com 1Cor 1,26-31! Como Israel – e mais que Israel! – temos tanto que louvar e bendizer o Senhor nosso Deus, que gratuitamente nos amou e nos chamou!

Como responder ao Senhor por tudo isto? Amando-O, levando-O a sério na nossa vida, nas nossas escolhas, nas nossas decisões, afastando do nosso coração toda idolatria (cf. vv. 12-16.25s). Não tenhamos medo de combater as paixões e apegos do nosso coração; não sejamos preguiçosos e sem fé! No combate, o Senhor está conosco, como esteve com Israel e, com a Sua graça haveremos de vencer (cf. vv. 17-24).

3. Os vv. 12-15 inculcam no coração de Israel a bênção que o Senhor lhe dará, caso seja fiel. Todas as imagens aí utilizadas têm um só significado: o Senhor cumulará de vida o Seu povo. Mas, atenção: aquilo que nos textos mais antigos das Escrituras aparece de modo bem material – prato cheio para a desvirtuada “teologia” da prosperidade! –, já no próprio Antigo Testamento vai se espiritualizando: Israel, pouco a pouco, vai compreendendo que o próprio Senhor é sua recompensa e sua grande riqueza, que o próprio Deus é a sua Vida. Leia e reze o Salmo 73/72 e Sb 3,13-19.

É importante compreender que Deus Se revelou na história de um povo, de modo que Sua revelação vai se dando progressivamente, como um pai que educa o seu filho, falando-lhe de modo cada vez mais claro e explícito… No Novo Testamento, ainda que bens materiais e espirituais possam significar a bênção de Deus, tal realidade é muito relativa, pois o definitivo é participar do caminho do Cristo neste mundo e da Sua Glória no mundo que há de vir, na plenitude do Reino! Leia Lc 6,20-26, que desmoraliza e exorciza qualquer diabólica “teologia” da prosperidade!

4. Reze o Salmo 107/106. É uma proclamação da fidelidade do Senhor, que sempre socorre os Seus e nunca os abandona! Renove sua confiança no Senhor; peça ao Santo que nas tempestades, nos desertos, nas provações da vida, você nunca desvie Dele o olhar, nunca duvide da Sua providência e da Sua misericordiosa presença! Lembre-se: Ele é o nosso auxílio, o nosso socorro, o nosso refúgio!