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O Carvão e a Brasa

Meditação para o Dia 28 de Março

Ninguém melhor do que São João da Cruz falou das noites do sentido e do espírito. Uma comparação do grande Doutor nos ajuda a compreendê-las. Elas são provações do Amor Divino. O Amor Divino é fogo e o fogo acende, ilumina, purifica. Que faz na madeira o fogo material? Começa por secá-la violentamente e, enquanto seca, ela chora toda a seiva. Depois a enegrece, suja-a, fá-Ia exalar mau cheiro, extraindo assim e tornando visíveis todos os elementos grosseiros e ocultos que embaraçavam a sua ação. Ei-Ia, finalmente, inflamada, brilhante, luminosa e quente, convertida em brasa. O fogo transformou pois a madeira em fogo também. Não fica aí traçada uma bela imagem da contemplação amorosa? Nosso Senhor, quando nos escolhe e chama à vida contemplativa, é o Fogo Divino que procura a madeira verde, cheia de impurezas e seiva de amor-próprio de nossa alma. E logo o fogo do Amor queima. Efeito: as provações. Ao queimar, seca a madeira e a faz chorar. Daí, a aridez espiritual, que tanto nos faz sofrer. Que secura e que deserto é então a pobre alma! Todas as nossas misérias exalam mau odor, aparecendo-nos em toda sua hediondez. E nos sentimos fracos, pobres, miseráveis, humilhados. Vem o desapego de tudo e de todos. Agora, purificada a madeira, o fogo a transforma em brasa vermelha e luminosa, isto é,em fogo.

Nas provações, almas piedosas, confiança! Lembrai-vos do carvão e da brasa. Deixai que o fogo do Amor Divino vos devore e vos faça uma brasa viva de amor.

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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 99)