Meditação para o Dia 01 de Outubro
O abandono está muito longe desse quietismo perigoso e estúpido, que consiste em cruzar os braços indolentemente, deixando a Nosso Senhor todo o encargo de nossa santificação, sem a cooperação da nossa vontade, do nosso sacrifício, e daquilo, diz o Pe. Mateo, a que chamamos abandono e que é, afinal, a expressão do amor perfeito. No dizer de Mons. Charles Gay, o abandono é o cume da montanha do amor, é a perfeição do amor. Na via da infância, é o gesto da criatura que, sentindo-se fraca e incapaz de dar, por si só, um passo no caminho da virtude, atira-se, como uma débil criança, aos braços paternos e adormece, tranquilamente reclinada sobre o Coração Divino, certa, bem certa de que assim não correrá perigo e percorrerá com segurança o seu caminho, sem temor da trevas que o obscurecem em noites tenebrosas de cruéis provações! Sabe alguém, porventura, se a saúde ou a doença, a fortuna ou a pobreza lhe são hoje um bem ou um mal? Não… Mas não o ignora Deus. As crianças nada sabem…, entregam-se à vontade paterna e ficam confiantes. Faça também assim a minha pobre alma, que tanto se agita e se perturba. Outro posto não deve ambicionar senão o do repouso no Coração de Jesus, na luta como na paz… Na vida como na morte. O resto… rir ou chorar, viver ou morrer, a doçura ou a amargura das coisas da vida – que me seja tudo isso indiferente, ainda que a minha natureza humana grite e se revolte! Tal é o abandono na doce via de Teresinha!
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 295)