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Jesus Cristo ensina-nos com as Suas Obras e Palavras

Meditação para a Sexta-feira da 1ª Semana depois da Epifania. Jesus Cristo ensina-nos com as Suas Obras e Palavras

Meditação para a Sexta-feira da 1ª Semana depois da Epifania

SUMARIO

Continuaremos a estudar Jesus Cristo como o nosso mestre, e veremos:

1.° Que cada uma das Suas ações é um ensino;

2.° Que este ensino prático é o mais excelente de todos os ensinos.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De perguntarmos a nós mesmos por ocasião de cada uma das nossas ações, como faria Jesus Cristo, a fim de operar do mesmo modo: por exemplo, na oração, qual seria a Sua devoção; nas relações com o próximo, qual seria a Sua afabilidade, a Sua mansidão, a Sua benignidade, a Sua paciência; na nossa vida privada, qual seria a Sua humildade, a Sua abnegação, como as delícias podem achar-se na cruz, a glória no recolhimento de espírito;

2.° De fixarmos alguma ação particular, em que poremos isto em pratica.

O nosso ramilhete espiritual será a palavra da Imitação:

“Seja a nossa principal aplicação meditar a vida de Jesus Cristo” – Summum igitur nostrum studium sit in vita Jesu Christi meditari (I Imitação 1, 1)

Meditação para o Dia

Prostremo-nos diante de Jesus Cristo como humildes discípulos aos pés do Seu mestre. Adoremo-lO como o mestre por excelência, que começou por obrar antes de ensinar (1), e que nos instrui com os Seus exemplos mais ainda do que com as Suas palavras. Oh! Quanto se diferença dos fariseus, que ensinavam de um modo e obravam de outro! (2) Alegremo-nos por ter tão excelente mestre, e prestemos-Lhe todos os nossos respeitos.

PRIMEIRO PONTO

Cada ação de Jesus Cristo é um ensino (3)

Jesus Cristo coloca-Se diante de nós como um mestre diante dos Seus discípulos, dizendo-nos:

“Tomai bem sentido e fazei tudo conforme eu faço (4). Estudai-me miudamente quer na narração, que o Evangelho faz da minha vida, quer na ideia, que vós mesmos disso facilmente formardes. Eu nada fiz que não fosse para vos mostrar com o meu exemplo como vós mesmos deveis fazer (5). Trabalhei, descansei; orei, conversei; apareci na igreja e nas praças públicas, acompanhado e só, para vos ensinar como deveis portar-vos em todas as coisas. Sujeitei-me às ações até mais comuns, como a comer, a dormir, a servir os meus discípulos, a fim de vos mostrar como em tudo e em toda a parte se pode ser santo. É verdade que não podeis imitar-me nos meus milagres; mas no modo como obrei esses milagres e nas circunstâncias que os acompanharam, achareis ainda que imitar”

Esta linguagem do nosso bom mestre tem sido compreendida por todos os Santos. Todos tem olhado e recomendado a imitação de Jesus Cristo como o claríssimo espelho da santidade, como a regra mais perfeita da vida cristã, diz São Boaventura (6). São Vicente de Paula, antes de obrar, perguntava sempre a si mesmo:

“Como faria Jesus Cristo no meu lugar?”

Antes de falar ou responder às consultas, dizia consigo:

“Que diria Jesus Cristo nesta ocasião?”

Sempre e em toda a parte moderando a sua vivacidade natural, detinha-se para consultar Jesus Cristo (7). Oh! Que belo exemplo! Que admirável lição!

SEGUNDO PONTO

O ensino prático, que nos deu Jesus Cristo,
é o mais excelente de todos os ensinos

1.° Este ensino é perfeitamente convincente e não dá lugar a qualquer objeção nem pretexto. Quem poderia queixar-se e murmurar debaixo do peso da cruz, quando vemos um Deus trazer sobre os Seus ombros uma cruz muito diversamente pesada que a nossa, quando o ouvimos dizer-nos:

«Se os espinhos rasgam os vossos pés no caminho da vida, eles não poupam os meus. Se tendes dores, eu tive mais que vós; a minha alma esteve numa tristeza mortal. Se padeceis, eu padeci mais do que vós. A vossa carne não foi despedaçada pelos açoites, nem a vossa cabeça coroada de espinhos»

Ora vendo um tal exemplo, quem não teria paciência e coragem? Quem não quereria ser afável, obediente, humilde, resignado? Quem não se vestiria voluntariamente da libré da sagrada Paixão do nosso divino mestre?

2.° Este ensino é infinitamente consolador. Seguindo-o, estamos certos da nossa salvação, e trazemos em nós o caráter de predestinados (8). Que consolação na hora da morte podermos dizer para conosco, beijando o crucifixo, então a nossa única esperança (9), que trabalhamos constantemente em tornarmo-nos uma imagem viva do Salvador, em viver da Sua vida! (10). E depois de morrermos, com que confiança nos apresentaremos no tribunal de Jesus Cristo se pudermos dizer-lhe:

Senhor, apliquei-me a fazer o que vos vi fazer, ou que presumi que faríeis no meu lugar. Diligenciei assemelhar-me a Vós em tudo, certo da excelência do meu modelo (11), seguro de que, pondo a minha esperança em Vós, eu não seria confundido (12).

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Caepit facere et docere (At 1, 1)

(2) Dicunt, et non faciunt (Mt 23, 3)

(3) Ipsa ejus facta praecepta sunt, quia, dum aliquid tacitus facit, quid agere debeamus, innotescit (Papa São Gregório, Homil. 17 in Evangelia)

(4) Inspice et fac (Ex 25, 40)

(5) Exemplum dedi vobis, ut quemadmodum ego feci vobis, ita et vos faciatis (Jo 13, 15)

(6) Clarissimum speculum et totius sanctitatis perfectissimum exemplar

(7) Quid nunc Christus?

(8) Quos praescivit, et praedestinavit conforme fieri imaginis Fiili sui (Rm 8, 29)

(9) Spes unica (Hino Vexilla Regis)

(10) Vivam, jam non ego: vivit vero in me Christus (Gl 2, 20)

(11) Scio cui credidi (2Tm 1, 12)

(12) Non confundar (Sl 25, 2)

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo I, p. 194-198)

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