Skip to content Skip to footer

Jesus chora sobre Jerusalém

Meditação para o 9º Domingo depois do Pentecostes. Jesus chora sobre Jerusalém

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 19, 41-47

41Quando se aproximou, ao ver a cidade, Jesus chorou sobre ela e disse: 42«Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz! Mas agora isto está oculto aos teus olhos. 43Virão dias para ti, em que os teus inimigos te hão-de cercar de trincheiras, te sitiarão e te apertarão de todos os lados; 44hão-de esmagar-te contra o solo, assim como aos teus filhos que estiverem dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, por não teres reconhecido o tempo em que foste visitada.»

45Depois, entrando no templo, começou a expulsar os vendedores. 46E dizia-lhes: «Está escrito: A minha casa será casa de oração; mas vós fizestes dela um covil de ladrões.» 47Ensinava todos os dias no templo.

Meditação para o Nono Domingo depois de Pentecostes

SUMARIO

Meditaremos a respeito do Evangelho do dia, e nele aprenderemos de Nosso Senhor, chorando sobre Jerusalém, a lamentar:

1.° As nossas próprias misérias;

2.° As misérias do próximo.

— Tomaremos depois a resolução:

1.º De considerar as nossas misérias espirituais com humildade e firme propósito de viver melhor;

2.° De nos compadecermos dos males da Igreja e da nossa pátria, ao menos com as nossas orações, se não pudermos fazer mais; da desgraça dos pecadores, diligenciando convertê-los; da miséria dos pobres, dando-lhes esmolas; e da dor dos aflitos, consolando-os.

O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Evangelho:

“Jesus, ao ver Jerusalém, chorou sobre ela” – Videns (Jesus) civitatem, flevit super illam (Lc 19, 41)

Meditação para o Dia

Adoremos o Salvador do mundo derramando lágrimas de compaixão sobre Jerusalém, que Ele tinha sempre amado tanto. Admiremos, amemos e louvemos a sua bondade: dão-lhe mais cuidado as desgraças desta desventurada cidade do que os seus próprios interesses, e as aclamações do povo, que o recebe em triunfo, não lhe fazem esquecer as calamidades reservadas aos seus habitantes. Quem não amaria um Deus tão bom?

PRIMEIRO PONTO

Devemos lamentar as nossas próprias misérias

Esta Jerusalém, sobre que Nosso Senhor chorou, é a imagem da nossa alma, que tem tanto que chorar. Chorai sobre vós mesmas (1), dizia Jesus Cristo às santas mulheres, quando subia ao Calvário. Com efeito, nós devemos chorar todos os nossos pecados passados, as nossas misérias presentes, a incerteza em que o futuro deixa a nossa salvação, o abuso das graças, o pouco progresso que fazemos nas virtudes. Deus visita-nos cada dia com as suas inspirações, com os ensinos, as boas leituras, os santos exemplos, com os mesmos bens e males que nos envia, uns para que experimentemos a sua bondade, outros para que nos lembremos da sua justiça; e, coisa lamentável, nós não apreciamos estas graças, inutilizamo-las para nós. Ó alma minha! Que objeto de lastima! (2) Que desgraça ter tantas vezes desconhecido a visita do Senhor! (3) Choremos sobre nós como Jesus Cristo sobre Jerusalém, e convertamo-nos. O desígnio de Deus, fazendo-nos ver as nossas misérias, é induzir-nos à humildade, à penitência, à reforma da nossa vida. Choremos, pois, porque somos miseráveis; mas sejam as nossas lágrimas sempre acompanhadas do firme propósito de emenda, de humildade e confiança na divina misericórdia.

SEGUNDO PONTO

Devemos lamentar as misérias do próximo

1.° Devemos compadecer-nos dos males da Igreja: porque é nossa mãe, nossa benfeitora, aquela a quem devemos tudo e por quem unicamente podemos ser salvos. Devemos sentir todos os seus males; zelar todos os seus interesses, orar por ela com filial piedade; abraçar a sua causa e defendê-la por todos os meios que pudermos.

2.° Devemos compadecer-nos dos males da nossa pátria, deploraras suas desgraças temporais e espirituaes, remediá-las, segundo as nossas forças e a esfera de nossos meios, com a oração, o bom exemplo, os prudentes conselhos e a nossa cooperação.

3.° Devemos compadecer-nos dos males dos pecadores. Em vez de murmurar e gritar contra os que obram o mal, devemos lamentar a sua cegueira, orar pela sua conversão, e diligenciar convertê-los: são filhos de Deus, são nossos irmãos em Jesus Cristo.

4.° Devemos compadecer-nos das necessidades dos pobres, socorrendo-os com as nossas esmolas, e privando-nos de parte da nossa fortuna para os aliviar.

5.º Finalmente devemos compadecer-nos das dores de todos os aflitos, e consolá-los com boas palavras, chorando com os que choram e comprazendo-nos em confortar a alma abatida de um irmão e em mitigar a sua dor.

Examinemos se a nossa compaixão abrange estes cinco objetos.

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Super vos ipsas flete (Lc 23, 28)

(2) Si cognovisses et tu, et quidem in hac doe tia, quae ad pacem tibi! (Lc 19, 42)

(3) Eo quod non cognoveris tempus visitationes tuae (Lc 19, 44)

Voltar para o Índice das Meditações Diárias de Mons. Hamon

(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo VI, p. 42-44)