Reze o Salmo 119/118,113-120
Agora, leia com piedade, com atenção e um coração que escuta Dt 11
1«Amareis o SENHOR, vosso Deus, e observareis as suas ordens, preceitos, sentenças e leis, durante toda a vida. 2Reconhecereis hoje porque é que não falo aos vossos filhos, que não conheceram nem viram os ensinamentos do SENHOR, vosso Deus, a sua grandeza, a sua mão forte e o seu braço estendido; 3os sinais e as obras que realizou no Egipto contra o faraó, rei do Egipto e contra todo o seu reino; 4o que Ele fez ao exército egípcio, aos carros e à sua cavalaria quando vos perseguiam; como os submergiu nas águas do Mar dos Juncos; o SENHOR os fez desaparecer para sempre; 5o que Ele fez por vós no deserto, até chegardes a este lugar; 6o que fez a Datan e Abiram, filhos de Eliab, descendentes de Rúben, quando a terra, abrindo-se, os engoliu com as suas famílias, as suas tendas e todos os que se levantaram por eles no meio de todo o Israel. 7Os vossos olhos é que puderam ver todas as grandes obras que o SENHOR realizou.
8Guardareis, pois, todos os mandamentos que hoje vos ordeno, para serdes fortes e entrardes e tomardes posse da terra para onde caminhais, a fim de a possuir. 9Assim, prolongareis os dias na terra que o SENHOR jurou dar aos vossos pais e à sua descendência, terra onde corre leite e mel.
10Na verdade, a terra em que vais entrar para a possuir não é como a terra do Egipto, donde saíste; lá, tinhas de lançar a semente e de a regar pelo teu pé, como uma horta. 11A terra para onde caminhas, a fim de a possuir, é uma terra de montanhas e vales, que bebe água das chuvas do céu; 12é uma terra de que o SENHOR, teu Deus, cuida e para a qual os olhos do SENHOR, teu Deus, estão sempre voltados, desde o começo do ano até ao fim.
13Sucederá, pois, que, se escutardes os mandamentos que hoje vos ordeno, amando o SENHOR, vosso Deus, e servindo-o com todo o vosso coração e com toda a vossa alma, 14darei chuva à vossa terra no devido tempo, chuva da Primavera e chuva do fim do Outono, e colherás o teu trigo, o teu vinho e o teu azeite. 15Farei crescer a erva no teu campo para o teu gado. Assim poderás comer e ficarás saciado.
16Acautelai-vos para que o vosso coração não se deixe seduzir e vos afasteis para servir outros deuses e lhes prestardes culto. 17A ira do SENHOR inflamar-se-ia contra vós, e Ele fecharia os céus: não haveria chuva, a terra não daria o seu fruto e vós desapareceríeis rapidamente da boa terra que o SENHOR vos destina.»
18«Gravai, pois, estas minhas palavras no vosso coração e no vosso espírito; atai-as aos braços como um símbolo, trazei-as como filactérias entre os olhos. 19Ensinai-as aos vossos filhos, repetindo-as, quando estiverdes a descansar em casa e quando fordes em viagem, ao deitar e ao levantar. 20Escrevei-as nas ombreiras da vossa casa e nas vossas portas.
21Então se multiplicarão os vossos dias e os dias dos vossos filhos na terra que o SENHOR jurou dar a vossos pais. Serão como dias de céu sobre a terra!
22Se, de facto, cumprirdes todos estes preceitos que eu vos prescrevo, amando o SENHOR, vosso Deus, andando sempre nos seus caminhos e permanecendo-lhe fiéis, 23o SENHOR desalojará diante de vós todos esses povos e submetereis povos maiores e mais fortes do que vós. 24Toda a região que a planta dos vossos pés pisar será vossa. Desde o deserto até ao Líbano e desde o rio Eufrates até ao mar ocidental serão as vossas fronteiras. 25Ninguém vos poderá resistir; o SENHOR, vosso Deus, espalhará o medo e o terror sobre todos os lugares onde puserdes o pé, como vos afirmou. 26Vede: proponho-vos hoje a bênção ou a maldição: 27a bênção, se obedecerdes aos mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos prescrevo; 28a maldição, se não obedecerdes aos mandamentos do SENHOR, vosso Deus, e vos afastardes do caminho que hoje vos indico, para seguirdes deuses estrangeiros que não conheceis.»
29«Quando o SENHOR, teu Deus, te introduzir no país do qual vais tomar posse, proclamarás a bênção sobre o monte Garizim e a maldição sobre o monte Ebal. 30Estas montanhas estão além do Jordão, depois do caminho que desce para o ocidente, na terra dos cananeus que habitam na Arabá, em frente de Guilgal, junto dos Carvalhos de Moré. 31Passarás o Jordão para entrares na terra que o SENHOR, teu Deus, te há-de dar; toma posse dela e habita ali. 32Cuidarás, então, de pôr em prática todas estas leis e preceitos que hoje ponho na tua frente.»
1. Esta capítulo traz uma afirmação profunda, fecunda e muito atual:
“Fostes vós que fizestes experiência!”
Literalmente, Moisés refere-se à geração que saíra do Egito ainda criança e que estava, agora, para entrar na Terra Prometida. Os que já eram adultos na época da saída do Egito, a geração que pecara contra o Senhor, recusando-se a entrar na Terra Santa, estava já morta… Quarenta anos se passara… No entanto, atenção: cada geração de Israel faz, novamente, a experiência das maravilhas de Deus, na fé, na celebração anual da Páscoa, no rito das celebrações religiosas de Israel! As maravilhas do Senhor, acontecidas historicamente no passado, tornam-se sempre novamente presente no rito litúrgico, que inspira, forma e enche da graça potente de Deus, isto é, do Seu Espírito, aqueles que o celebram! Esta mesma realidade, esta igual dinâmica acontece no Novo Povo, na nossa fé cristã: em Cristo imolado e ressuscitado, pleno de Espírito Santo, as maravilhas do Senhor, realizadas no Antigo e no Novo Pacto, tornam-se sempre presentes! O rito eucarístico é isto: o memorial, o tornar-se realmente presente, atual e atuante da obra salvífica do Senhor Deus que se concentra toda e totalmente na Eucaristia do Senhor! Tudo caminhava para Cristo, tudo encontra em Cristo a sua consistência, tudo aure de Cristo o seu sentido e a sua plenitude! Por isso, quando as Santas Espécies estão já sobre o altar, logo após a consagração, o sacerdote exclama: “Eis o mistério da fé!”, ou seja: Eis a nossa fé, eis todo o desígnio de salvação de Deus aqui presente, concentrado em Cristo Jesus: Nele tudo se faz presente no hoje, no aqui da nossa vida pessoal e comunitária! Por isso mesmo, as palavras de Moisés são verdadeiras também para nós:
“Fostes vós que fizestes experiência!”
E a experiência litúrgica, real, verdadeira, efetiva, torna-se presente e atuante na nossa vida concreta, de modo que nossa união com Cristo, nossa oração, nosso sentimento da presença do Senhor em nós e nas nossas situações, o Seu socorro e graça, tudo isto é real e verdadeiro:
“Fostes vós que fizestes experiência!”
Para um cristão, Jesus nosso Senhor jamais será uma teoria, uma ideia, um acontecimento distante, preso no passado! Cada crente, cada cristão, cada geração encontra-se com o Cristo Jesus, Ungido do Senhor Deus, pleno do Espírito Santo; melhor ainda: cada geração, cada batizado em Cristo, é encontrado pelo Cristo Jesus e Dele faz experiência! Ele é o Princípio e o Fim, o Primeiro e o Último, o sempre presente nos fugazes dias e momentos da nossa pobre e breve existência!
Lembre: em cada sacramento, sobretudo em cada Eucaristia, a obra salvífica do Senhor Deus Pai pelo Filho no Espírito torna-se realmente, efetivamente, concretamente, presente, atual e atuante na vida da Igreja e da cada fiel, no coração da Igreja e de cada fiel!
Repetindo: da Celebração ritual, litúrgica, esta Presença bendita deve, necessariamente, invadir e formatar a vida concreta do cristão e, através, dele, a vida do mundo! Pense nisto!
2. Ao lado do “Fostes vós que fizestes experiência!”, o Deuteronômio continua repetindo o “hoje” (vv. 8.22.26.27.28.32). Este “hoje” tem significado profundíssimo: o Senhor nos fala hoje, apela-nos e interpela-nos hoje! A salvação nossa ou nossa condenação são plantadas, construídas hoje, no sim ou no não que hoje, agora, dizemos ao Senhor no concreto e no miúdo da nossa vida! Pense nestas palavras:
“Tornou Deus a fixar um novo dia, um ‘hoje’, quando há muito disse a Davi: ‘Hoje, se Lhe ouvirdes a voz, não endureçais vossos corações” (Hb 4,7)…
Você escuta, nas Escrituras, a voz do Senhor que lhe apela no hoje, no concreto da sua vida e das suas situações?
3. Os vv. 8-17 comparam as chuvas do Egito com as de Canaã: no Egito, a água vem do Rio Nilo: é previsível, controlável… As cheias, bem aproveitadas, são usadas para a irrigação, de modo que o Egito vive do Nilo. Como dizia Heródoto, no século V a.C, “o Egito é uma dádiva do Nilo”. Mas, a Terra Prometida recebia suas águas das chuvas caídas do céu… O Autor sagrado vê nisto uma dádiva da providência e da benignidade do Senhor Deus para com o Seu povo: Israel terá que esperar, mendigar, confiar na chuva generosa, sinal da graça e do amor fecundo do seu Deus. Veja só que palavras belíssimas nos vv .11-14!
Pense bem! A sua vida, caro Amigo, a minha vida são assim, como a Terra Prometida: o Senhor tem os olhos fixos nela; dela cuida e a torna fecunda! Por isso mesmo, muitíssimas vezes, quando Israel peca, fechando o coração para o Senhor Deus, o castigo é a seca, que mostra a aridez e esterilidade do coração do povo.
Leia atentamente 1Rs 17,1-6; 18,1s.16-19.41-46. Leia também, novamente, os vv. 16s deste Dt 11. Não esqueça:
“Fica atento a ti mesmo!”
Que tua vida não seja uma terra seca, estéril!
4. Os vv. 18-21 mostram como a Palavra do Senhor deve plasmar e alicerçar a vida do fiel. Os vv. 22-25 exprimem como, para aquele que realmente vive no Senhor, as adversidades serão vencidas, pois em Deus o fiel tem a sua força; os vv. 26-32 nos colocam diante de duas possibilidades, de dois modos de viver, de dois caminhos: a Vida, a bênção, que é caminhar na presença do Senhor Deus, e a Morte, a maldição, que é fechar-se para o Santo e viver do seu modo, como se Deus não existisse e não fosse o nosso Deus… Pense nisto!
5. Reze o Salmo 1. Lembre: também o Evangelho, coloca-nos entre a bênção e a maldição. Veja, por exemplo, o Evangelho segundo Mateus: todo ele está entre a bênção e a maldição! No início, a bênção (cf. 5,1-12); no final, a maldição (cf. 23,13-39! Pense bem! Não brinque com o Senhor! Não falsifique a Sua santa Palavra! Não adocique as advertências do Santo de Israel que veio a nós em Cristo Jesus nosso Senhor e Deus salvador!