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Deus não é uma ideia…

Dom Henrique Soares da Costa
Reze o Salmo 119/118,105-112
Agora, leia com piedade, com atenção e um coração que escuta Dt 10,12-22

12«E agora, Israel, o que o SENHOR, teu Deus, exige de ti é que temas o SENHOR, teu Deus, para seguires todos os seus caminhos, para o amares, para servires o SENHOR, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, 13observando os mandamentos do SENHOR e os preceitos que hoje te prescrevo, para teu bem.

14Ao SENHOR, teu Deus, pertencem os céus e os céus dos céus, a terra e tudo o que nela existe. 15No entanto, foi só a teus pais que o SENHOR se apegou com amor. Elegeu a sua descendência, que sois vós, de entre todos os povos, como ainda hoje. 16Circuncidai, portanto, a impureza do vosso coração e não endureçais mais a vossa cerviz, 17porque o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus supremo, poderoso e temível, que não faz distinção de pessoas nem aceita presentes. 18Ele faz justiça ao órfão e à viúva, ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário. 19Amarás o estrangeiro, porque foste estrangeiro na terra do Egipto. 20Temerás o SENHOR, teu Deus; a Ele só servirás! Apega-te a Ele e não jures senão pelo seu nome! 21Ele é a tua glória; Ele é o teu Deus, que fez por ti essas grandes e prodigiosas coisas, que teus olhos viram. 22Os teus antepassados eram em número de setenta, quando entraram no Egipto; mas agora o SENHOR, teu Deus, tornou-vos tão numerosos como as estrelas do céu.»

1. No v. 12 o Senhor nosso Deus “pede”… Pede-nos, a nós! Pede não porque necessite, mas pede para interpelar, apelar, envolver-se conosco, vir ao nosso encontro, entrando na nossa vida; pede e espera uma resposta nossa; fica à nossa porta, à porta do nosso coração, até que Lhe respondamos (cf. Is 65,1; Ap 3,20). Este é o Deus de Israel, o Deus das Escrituras, o Deus vivo e vivificador! Por isso mesmo, é indispensável para um cristão voltar sempre às Escrituras para ouvir, para deixar-se interpelar, para, novamente, conhecer e reconhecer o Coração de Deus e experimentar que Ele não é uma ideia, uma distante e fria teoria, um teorema, uma maldita ideologia, mas o Vivente, o Apelante, o Interpelante, Aquele-Que-Está-Aí-e-Me-Chama (cf. Jo 11,28). Que graça, que cura, que bênção escutar isto e ser por isto incomodado, interpelado:

“E agora, Israel, o que é que o Senhor teu Deus te pede?”

2. Mas, o que é que o Senhor pede, radicalmente? Releia os vv. 12s: é isto que em toda a Escritura Santa o Senhor sempre nos pedirá, pedirá a você! E por que nos pede, por que lhe pede?

“Para o teu bem!” (v.13)

Pense nestas palavras de Santo Irineu, século II, que fala de um Deus de amor, que vem a nós, que Se faz visível, que deseja o nosso bem:

“O esplendor de Deus dá a Vida. Consequentemente, os que veem a Deus recebem a Vida. Por isso, Aquele que é inacessível, incompreensível e invisível, torna-Se compreensível e acessível para os homens, a fim de dar a Vida aos que O alcançam e veem. Assim como viver sem a vida é impossível, sem a participação de Deus não há Vida. Participar de Deus consiste em vê-Lo e gozar da Sua bondade. Por conseguinte, os homens hão de ver a Deus para poderem viver. Por esta visão tornam-se imortais e se elevam até Ele. Como já disse, estas coisas foram anunciadas pelos profetas de modo figurado: que Deus seria visto pelos homens que possuem Seu Espírito e aguardam sem cessar Sua Vinda. Assim também diz Moisés no Deuteronômio: “Nesse dia veremos que Deus pode falar ao homem, sem que este deixe de viver” (cf. Dt 5,24).

Pois a glória de Deus é o homem vivo, e a Vida do homem é a visão de Deus. Com efeito, se a manifestação de Deus, através da criação dá a vida a todos os seres da terra, muito mais a manifestação do Pai, por meio do Verbo, dá a vida a todos os que veem a Deus”.

Eis, portanto: o Senhor Deus nos quer inteiramente para Si, quer-nos vivendo Nele, na presença Dele, em constante tensão para Ele, porque nisto está o sentido da nossa existência, nisto está a Vida, nisto está o nosso Bem! E nós, cristãos, sabemos que tudo isto nos é dado em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Leia e medite, contemple e reze o estupendo texto de Cl 2,6 – 3,4: em Cristo habita corporalmente a plenitude da Divindade, isto é, do Espírito Santo do Pai: Jesus, nosso Senhor, é o Ungido do Pai, um com o Pai, de modo que é Nele que devemos viver e colocar toda a nossa existência! Reze, adore o Senhor Jesus, Imagem do Deus invisível. Reze também Cl 1,12-20.

3. Veja com atenção os vv. 14s: o Senhor escolheu livremente Israel (tanto o Antigo, segundo a carne, quanto o Novo, que é a Igreja, no Espírito de Cristo)… Ele, o Senhor de todos os povos, dentre todas as nações da terra, dentre todos os filhos de Adão, muitas vezes, pessoas melhores que nós, escolheu, no entanto a nós! Não nos escolheu porque somos bons, não nos escolheu porque merecemos, mas por pura gratuidade! E Sua escolha nos transforma, nos vivifica, nos faz bons! Releia Dt 7,6-8. Leia 1Cor 1,26-29… Ele nos escolheu por pura graça, por puro amor, cheio de misericórdia! E esta escolha bendita e graciosa torna-se sempre novamente presente, sempre novamente renovada a cada geração, pois o Senhor é fidelíssimo: Ele escolheu nossos pais e, agora, nos escolheu a nós! Leia, rezando, o Salmo 95/94.

Pense um pouco: Que resposta você está dando ao Senhor que o ama tanto? Leia os vv. 16-22! Tudo resumido:

“Ao Senhor teu Deus temerás e servirás, a Ele te apegarás e por Seu Nome jurarás. A Ele deves louvar: Ele é o teu Deus!” (v. 21)