Quasi stella matutina in medio nebulae, et quasi luna plena in diebus suis lucet – “Brilha como a estrela da manhã no meio da névoa, e como a lua cheia nos dias de sua maior claridade” (Eclo 50,7)
Sumário. Consideremos as virtudes sublimes deste filho predileto de Santo Afonso. Ele tinha sempre a fé católica por seu único tesouro; firmíssima foi a sua esperança, e ardente a sua caridade, fecunda em obras santas. A estas virtudes teologais uniu o Santo as virtudes morais, de maneira que pode ser considerado modelo perfeito da perfeição cristã. Alegremo-nos com o Santo e agradeçamos a Deus em seu nome. Vendo-nos tão longe da sua perfeição, roguemos-lhe que nos alcance do Senhor a força para o imitarmos de hoje em diante, particularmente no seu amor para com Deus.
I. Consideremos as virtudes sublimes deste filho predileto de Santo Afonso. Órfão de pai quando ainda criança, a mãe o levou para diante de uma imagem de Jesus Cristo, e:
“Meu filho”, disse, “este há de ser doravante teu pai; cuida sempre em trilhar o caminho que lhe agrada”
Estas palavras e exortações maternais caíram, qual semente fecunda, na tenra alma de Clemente, e começaram desde aquele dia a produzir frutos superiores a sua idade.
Depois de várias disposições admiráveis da Divina Providência, entrou na Congregação do Santíssimo Redentor, na qual, depois de fazer a sua profissão e de receber o sacerdócio, se tornou em breve um modelo de perfeição.
A Santa Fé Católica era-lhe o único tesouro apreciável e protestava que, se lhe fosse dado ver os mistérios, não abriria os olhos a fim de não perder o merecimento da fé.
“É verdade”, disse o Santo, “que sou pecador e todo desprovido de virtude, mas há uma coisa de que me ufano: de ser filho da Igreja Católica”
Firmíssima foi também a sua Esperança. Sempre temendo por si mesmo, e sem confiança nos meios humanos, esperava todos os bens de Deus só por meio da santa oração. Tinha por máxima que a oração é a chave dos tesouros celestiais e que por isso “se deve consagrar à oração todo o tempo não ocupado pelas obrigações do estado“.
A Caridade para com Deus e para com o próximo, da qual o coração de nosso Santo estava abrasado, foi tão grande que nem as perseguições mais ferozes conseguiram extingui-la. Alegrava-se no meio dos sofrimentos, e as mesmas dificuldades lhe duplicavam as forças. Sob o impulso de seu amor ardente, não poupou trabalhos para propagar a sua Congregação; e quais e quantos foram os trabalhos que empreendeu e levou a bom termo para glória de Deus! Foi, pois, bem merecido o elogio que dele fizeram os Sumos Pontífices Pio VI e Pio VII, dizendo que “o espírito de Santo Afonso passará para Clemente; que era um varão santo e verdadeiramente apostólico, ornamento do clero Vienense e sustentáculo da Igreja Católica“.
II. A prática das virtudes teologais uniu Clemente a das virtudes morais. Distinguiu-se pela Pobreza Religiosa, considerada por ele como seu rico tesouro. Quando tinha de lhe sofrer os efeitos, longe de se afligir, alegrava-se porque assim se tornavva mais semelhante a Jesus Cristo, pobre e necessitado.
– Distinguiu-se pela sua Castidade, que ele chamava a joia da vida sacerdotal e apostólica. No exterior do Santo refletia-se o candor de sua pureza interior; foi sempre grave e modesto no porte, sóbrio e comedido nas palavras.
– Distinguiu-se finalmente na Mortificação, tanto exterior dos sentidos como interior das paixões. À imitação dos santos usava disciplinas e cilícios, dormia numa cama dura e expunha-se a todos os rigores do tempo. Chegou a sofrer com semblante sereno, não só o desterro, os maus tratos, os cárceres, mas até os escarros de um ímpio, a quem pedia humildemente uma esmola para os seus pequeninos protegidos.
A fonte da qual o Santo tirava forças para praticar todas as virtudes de um modo tão heroico, foi a meditação contínua da paixão do Redentor, a visitação frequente de Jesus Sacramentado e a devoção singular a Maria Santíssima, cujo Rosário nunca largava das mãos. – Admiremos o Santo como modelo de perfeição, regozijemo-nos com ele, agradeçamos ao Senhor em nome do Santo os favores a ele concedidos, e vendo-nos tão diferentes dele, roguemos-lhe forças para que o imitemos.
“Ó Deus, que adotastes o bem-aventurado Clemente Maria com admirável vigor de fé e com a fortaleza de uma constância invencível, por seus merecimentos e exemplos, fazei-nos tão fortes na fé e fervorosos na caridade, que adquiramos as recompensas eternas” (1). Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.
Referências:
(1) Oração Festiva
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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 446-448)