Meditação para o Dia 22 de Março
Há um sofrimento reservado às almas interiores, aos amigos de Jesus: o da secura ou aridez, que se costuma chamar desolação. Jesus, na conversão das almas para o Seu Amor, enche o coração fiel de consolações sensíveis. É uma doçura rezar, meditar, estar bem junto do Sacrário. As comunhões são tão doces! Estaríamos horas inteiras nas doçuras de uma meditação, de uma visita ao Santíssimo, de um terço aos pés de Nossa Senhora! É o Tabor! Faríamos o nosso tabernáculo ao pé do Sacrário e lá permaneceríamos uma eternidade. Para nos desapegar das doçuras terrenas, enche-nos Nosso Senhor das doçuras do Céu. Trata-nos como criancinhas, que precisam de carinho e ternura. Depois… Ah! Tudo se transforma. Vêm, as desolações. Uma aridez impressionante sucede ao fervor sensível. Nosso coração já não sente mais aquelas palpitações de amor. A meditação é penosa, a oração difícil, cheia de distrações. O que antes era doçura, até parece aborrecer-nos. Que monotonia! Tem-se uma impressão de abandono Divino. É a noite que se aproxima, noite de trevas, noite das provações espirituais, que nos desapegam e purificam. Silêncio! Abandono! Esperai. O Esposo voltará logo. Depois da noite há de raiar a aurora do Amor. Agora é o crepúsculo, as sombras se alongam e qualquer coisa toma as proporções de fantasmas. Não vos assusteis. Tudo passa. Fechai os olhos. Abandono e confiança! Esperai a noite que se aproxima!
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 93)