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Deveres para com o Espírito Santo

Meditação para a Segunda-feira de Pentecostes. Deveres para com o Espírito Santo

Meditação para a Segunda-feira de Pentecostes

SUMARIO

Meditaremos:

1.° A adoração e as ações de graças, que devemos ao Espírito Santo;

2.° A reparação pelo passado e as petições para o futuro, que lhe são igualmente devidas.

— Tomaremos depois a resolução:

1.º De recebermos com grande devoção, como palavra de Deus, os bons pensamentos e as inspirações do Espírito Santo;

2.° De os amadurecermos pela reflexão, e de os pormos bem em prática.

O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Apóstolo:

“O Espírito de Deus habita em vós” – Spiritus Dei habitat in vobis (1Cor 3, 16)

Meditação para o Dia

Adoremos o Espírito Santo, descendo no dia do Pentecostes, sobre os Apóstolos, e em todas as épocas sobre todos os fieis bem dispostos (1); demos-Lhe graças pelas Suas divinas operações nas almas, e supliquemos-Lhe, que nos faça participantes dos Seus dons.

PRIMEIRO PONTO

Adoração e Ações de Graças devidas ao Espírito Santo

Se a adoração é um culto devido só a Deus, pertence eminentemente ao Espírito Santo (2); porque em todas as páginas da Sagrada Escritura é designado com o título e os atributos de Deus, como o Pai e o Filho. Desde o primeiro dia do mundo, Ele cobre as águas com o Seu calor criador para as fecundar; adorna os céus e vivifica tudo (3). Além disto, vemo-lO inspirando os profetas e revelando por eles todos os arcanos do futuro (4), formando no seio de Maria o corpo do Verbo (5), conduzindo Jesus ao deserto e dirigindo-se em todos os Seus atos, obrando os milagres pelos Apóstolos e por todos os cristãos, que recebiam o dom dos prodígios na confirmação, e tendo o Seu templo em nós (6), onde é o nosso Santificador, pelo mesmo título que o Pai é o nosso criador e o Filho o nosso Redentor; onde extingue o pecado com o fogo do santo amor, e difunde a vida de santidade, que tira do seio do Pai e do Filho.

Oh! Quão digno é da nossa adoração o Deus, autor destes prodígios! E todavia penso nisto tão pouco! Vivo como se não houvesse em mim mais do que eu mesmo! Trago em mim um Deus, e adoro-O tão raras vezes, e não me deixo dirigir por Ele, pela Sua vontade e pelas Suas divinas inspirações! — À adotação devo juntar a ação de graças: porque, se o Espírito Santo trabalha sem cessar em mim para o bem da minha alma, não é justo, que constantemente Lhe dê graças por se dignar comunicar-me tantos dons e tantas graças, por nela continuar sem desanimar as Suas divinas operações! A eternidade não bastaria para agradecer dignamente a este divino Espírito um só pensamento bom; porque este bom pensamento vale o sangue de Jesus Cristo, que é o seu preço; vale o céu, que há de ser a sua recompensa, se eu me servir dEle bem: por conseguinte, é de um valor infinito. E assim sucede com um só pensamento bom, que não devemos nós a este divino Espírito por todos aqueles pensamentos bons, que nos tem dado desde que temos uso da razão! Ó Deus santificador! Nunca poderei agradecer-Vos bastantemente.

SEGUNDO PONTO

Reparações e petições devidas ao Espírito Santo

Que exprobrações não tenho eu aqui a fazer a mim próprio, e a que reparações não estou obrigado para com o Espírito Santo! Inspirou-me, que praticasse o bem, e fechei o ouvido à Sua voz; insistiu e resisti ainda. Ó insolência! Ó covardia! Eu não quereria voltar as costas a um homem venerável, que me falasse, e desatendê-lO até não fazer caso das Suas instantes recomendações, e só para conVosco, ó Espírito adorável, terceira Pessoa da Santíssima Trindade, ouso cometer tal incivilidade; desobedeço às Vossas inspirações, não cedo aos Vossos conselhos! Ah! Conheço hoje a minha culpa; peço-Vos perdão dela com um espírito humilhado e um coração contrito. Ofereço-Vos a reparação dela. Perdão, meu Deus, mil vezes perdão. Esquecei o passado, e permiti-me, que Vos peça para o futuro novas graças, de que quero aproveitar-me. Sou um pobre, que nada possui; e impelido pelo sentimento da minha miséria e pelo da Vossa misericórdia, venho pedir-Vos a esmola da Vossa graça, sem a qual nada posso (7), a esmola dos bons pensamentos, dos bons desejos, dos pios afetos, das firmes resoluções, que formam os santos. Abro-Vos a boca do meu coração com as minhas fervorosas orações (8). Vinde, ó Pai dos pobres, lume dos corações; ó beatíssima luz, vinde a mim! Esclareça a luz da Vossa graça o meu entendimento; acendei no meu coração o fogo do Vosso amor. Para me salvar eu confio não em mim, mas em Vós, que Vos comunicais aos que Vos imploram (9).

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Et repleti sunt omnes Spiritus Sancto est (At 2, 4)

(2) Qui cum Patre et Filio simul adoratur et conglorificatur (Símbolo Niceno-Constantinopolitano)

(3) Spiritus Dei terebatur super aquas (Gn 1, 2)

(4) Spiritus ejus ornavit caelos (Jó 26, 13). Emittes Spiritum tuum, et creabuntur (Sl 102, 30)

(5) Qui locutus est per prophetas (Símbolo Niceno-Constantinopolitano)

(6) Quod in ea natum est, de Spiritu Sancto est (Mt 1, 20)

(7) Nemo potest dicere: Domine Jesu, nisi in Spiritu Sancto (1Cor 12, 3)

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo III, p. 119-122)