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Tormento do Infinito

Meditação para o Dia 28 de Dezembro

Um ser é feliz quando tem aquilo para que foi feita a sua natureza. Ora, o homem foi criado por Deus e para Deus. Logo, o que lhe falta aqui é e será sempre… Deus. Sim, queira ou não, creia ou não creia, pense nEle ou dEle se esqueça, o homem precisa de Deus para ser feliz. E, quanto mais nobre é uma alma, mais vasto o coração e mais bela a inteligência, mais se faz sentir e atormenta essa necessidade imperiosa do Infinito, do Eterno, do Amor e da Verdade.

“As almas fracas e pouco elevadas – escreveu Lacordaire (1) – acham na terra um elemento que basta à sua inteligência e sacia o seu amor. Não percebem elas o vácuo imenso das coisas visíveis, porque são incapazes de o sondar muito além. Porém,uma alma a quem Deus, na criação, fez mais aproximada do Infinito, sente, e bem depressa, o limite estreito que a encerra. Tem ela tristezas misteriosas, de que procura a causa e julga que um certo concurso de circunstâncias lhe perturba, talvez, a vida. Engana-se, porém. Essa perturbação vem de mais alto! É o tormento de Infinito, de que falava o poeta” (2)

Compreendem os espíritos vulgares esse gênero de sofrimento? Os corações nobres não padecem só a imensa dor e a nostalgia penosa do Infinito. Um sofrimento ainda maior os atormenta: a incompreensão, a ignorância, a indiferença com que o mundo passa ao lado dessas dores secretas.

Referências:

(1) Lacordaire – letre à Mme. de Pravilles
(2) Musset – “Malgré moi L’Infinit me tourment!”

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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 387)