Meditação para o Dia 02 de Maio
Há uma lenda que traduz a delicadeza do coração materno. Um moço, apaixonado por uma criatura perversa e má, sujeitava-se a todos os seus caprichos, à custa dos maiores sacrifícios. Um dia, fez-lhe ela a monstruosa exigência de arrancar o coração materno e lho levar. “Impossível”, diz, com desespero, o jovem. “Pois não terás o meu amor! Retira-te!”. O pobre e infeliz apaixonado, desvairado e cego, acaba por satisfazer o criminoso desejo do viperino objeto de seu louco amor. Mata a desventurada mãe, arranca-lhe o coração e o envolve, quente e palpitante, numa toalha. Foge desesperado e, ao atravessar uma montanha, tropeça e cai violentamente sobre o solo pedregoso. Uma voz se ouviu, saindo do coração materno em sangue, voz carinhosa e mansa:
“Machucou-se, meu filho?”
É assim o coração materno. Nenhuma ingratidão o vence. Assim é o coração de Nossa Senhora Mãe do Céu. Pela criatura que nos seduz e tiraniza, consumamos um crime: ferimos o coração de Maria pelo pecado, pela multidão de nossos crimes, arrancamo-lhe o coração, com tanta maldade. Vem o sofrimento e, nas pedras do caminho agreste da vida, tropeçamos e caímos violentamente. Quedas de reveses e doenças e perseguições e desprezos e calúnias. Vendo-nos em terra, feridos, pergunta-nos carinhosamente o Coração de Maria:
“Machucou-se, meu filho? Oh! Quero salvar-te, quero curar-te das feridas do caminho, meu filho, meu ingrato filho!”
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 137)