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Author page: Gabriel

As Amizades depois da Morte

Meditação para o Dia 19 de Novembro

No Céu conheceremos nossos parentes e amigos e haveremos de amá-los mais do que durante a nossa vida neste mundo.

“A contemplação da Essência Divina – diz Santo Tomás de Aquino – não absorve os santos de maneira a impedir-lhes apercepção das coisas sensíveis, a contemplação das criaturas e a sua própria ação. Reciprocamente, essa percepção, essa contemplação e essa ação não os podem distrair da visão beatífica de Deus. Assim era em relação a Nosso Senhor aqui na terra" (1)

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Panegírico de São João

Panegírico de São João

São João, filho de Zebedeu, e irmão de São Tiago Maior, nasceu em Betsaida (Galileia). Era pescador. Chamado ao apostolado por Jesus Cristo, quando tinha 25 anos, o discípulo amado do Salvador foi testemunha de quase todos os Seus milagres e acompanhou-O ao jardim das Oliveiras e ao Calvário. Foi a ele que Jesus, antes de morrer, entregou Sua Mãe; e foi o primeiro a reconhecê-lO após a ressurreição, começando desde logo a pregar o Evangelho. Em 50 assistiu ao concílio de Jerusalém, e depois foi pregar à Ásia Menor e segundo soa, ao reino dos Parthas, vindo a ser o primeiro bispo de Éfeso. Preso por ordem de Domiciano em 95, foi conduzido a Roma e lançado numa caldeira de azeite a ferver, donde saiu ileso, sendo depois desterrado para a ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse. Voltando para Éfeso, depois da morte do imperador, compôs o seu Evangelho, e morreu aos 94 anos, no ano 101 da era de Cristo, deixando ainda 3 Epístolas canônicas. A sua festa é celebrada a 27 de dezembro; e o seu emblema é uma águia.

Pregado em Metz, na Igreja de São João da Cidadella, 1657 ou 1658.

SUMÁRIO

Exordio. Hoc est perfectum quod placet ariifici suo — Por isso deve ser grande a perfeição do discípulo amado. Proposição e divisão. — Durante toda a sua vida pública Jesus Cristo deu a São João provas da sua amizade:
«O discípulo verdadeiramente feliz a quem Jesus Cristo deu: 1.° A sua cruz para vos associardes a Sua vida de sofrimento... 2.° Sua Mãe para que vivesse eternamente na vossa lembrança... 3.° O Seu coração para com ele vos unificardes»
1.º Ponto. — A amizade de Jesus dá a cruz a São João, e o discípulo amado aceita-a. A sua vida é: Juge sacrificium, porque sofre o martírio na caldeira de azeite a ferver e sobretudo no exílio. Depois da Ascensão de Jesus Cristo e da Assunção de Nossa Senhora, disse, muitas vezes: Domine Jesu, veni. 2.º Ponto. — Onde o amor mais generosamente se manifesta é na morte. Assim, Jesus crucificado dá a Virgem Maria a São João e São João à Virgem Maria; e no céu ama Jesus a Virgem duma maneira diferente da terra, isto é, sem comoções e sem cuidados. Delega em São João a forma de amor que tinha durante a sua vida mortal: Delegat homini jura pietatis humanae. As palavras de Jesus: Fili, ecce mater tua são eficazes, formando em São João um coração de filho para com a Virgem Maria. 3.º Ponto. —Jesus convida o discípulo amado a descansar em Seu coração; e durante o seu agradável repouso obtém São João do coração de Jesus um profundo conhecimento do seu divido Mestre, que ele traduz dizendo: Nos credidimus charitati. Peroração. — Amemos os nossos irmãos em Jesus Cristo. No céu os bem-aventurados estão unidos muito intimamente pelos laços da caridade; Amemo-nos para compartilharmos da sua bem-aventurança.

Ego dilecto meo, et ad me conversio ejus Eu sou do meu amado, e a corrente dos seus afetos converge para mim (Ct 7, 10)

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Deus o Permitiu! Silêncio!

Meditação para o Dia 18 de Novembro

Era uma vida tão preciosa, tão necessária para o bem das almas, para a família, para a pátria e para a Igreja! E a morte impiedosa e cruel vem arrebatá-la, quem sabe, no momento mesmo em que mais útil parecia! Que fazer? Queixar-se de Deus, maldizer a Providência? Seria loucura. É-nos incompreensível a razão porque aprouve a Deus o sacrifício de uma vida tão cara. Silêncio! Deus o permitiu! Louvado seja o Senhor! Ignoramos os planos e desígnios da Providência com relação às criaturas. Não temos senão que curvar a cabeça e adorar o Senhor em silêncio. “Deus sabe o que faz”, exclama o povo em sua sabedoria.

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Panegírico de Santo André, Apóstolo

Panegírico de Santo André, Apóstolo

Santo André, irmão de São Pedro, era como este um pescador do lago de Betsaida, e foi discípulo de São João Batista. São Pedro e ele foram os primeiros a quem Jesus Cristo chamou para seus apóstolos. Sofreu o martírio em Patras, na Achaia, onde tinha ido pregar o Evangelho. Segundo os Atos do seu martírio, o procônsul de Achaia mandou-o prender a uma cruz em forma de X (crux decussata), e a esta forma particular se deu depois o nome de cruz de Santo André.

Pregado nas Carmelitas do Faubourg Saint-Jacques, no dia 30 de novembro de 1668.

SUMÁRIO

O Exórdio, a Proposição e a Divisão. — (Não existem, porque talvez Bossuet os tivesse escrito num papel solto que porventura se perdeu). 1.º Ponto. — As circunstâncias da vocação dos Apóstolos provam a divindade do cristianismo; pois, com serem fracos, rudes e ignorantes, com ser difícil o intento a realizar e pouco eficazes os meios humanos, foram bem sucedidos na sua empresa. 2.º Ponto. — A pesca milagrosa simboliza a historia da Igreja. Para adquirirem maior liberdade, o cisma e a heresia rompem às vezes as redes da Igreja; porque no povo de Deus, como na rede dos Apóstolos, há um excesso que embaraça e compromete o bom êxito da pesca, na própria ocasião em que ela parece ser mais feliz. 3.º Ponto. — A exemplo de Santo André e dos Apóstolos, devem os cristãos ser submissos, crédulos e generosos. Os sacrifícios que fazem pela fé em breve são indenizados; pois o sacrifício dos Apóstolos e o dos mártires, animando as virtudes cristãs, asseguravam a glória e as vitória da Igreja. Peroração. — Para termos uma vida cristã é preciso combater incessantemente os impulsos do coração.

Venite post me, et faciam vos fieri piscatores hominum Vinde, após de mim, e eu vos farei pescadores de homens (Mc 4, 19)

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Logo nos Veremos de Novo

Meditação para o Dia 17 de Novembro

No Céu tornaremos a ver os nossos mortos queridos e os reconheceremos. Que grande felicidade, depois de lhes havermos chorado tanto a ausência cruel de longos anos, amargurados pela saudade que só se extingue na sepultura! Que alegria, no fim da vida em tão bela companhia!

“Meu Deus – exclama São Francisco de Sales – se a boa amizade humana é tão agradavelmente amável, que não será ver a suavidade sagrada do amor recíproco dos bem-aventurados?”

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Panegírico de Santa Catarina de Alexandria

Panegírico de Santa Catarina

Santa Catarina de Alexandria, virgem e mártir, que viveu pelo ano de 312, foi tão notável pela sua ciência que confundiu e converteu muitos filósofos pagãos. Morreu no reinado de Maximino Daia, presa a uma roda guarnecida de dentes de ferro. O seu corpo foi encontrado no Egito no século VIII e transportado pelos anjos, segundo a lenda, para o mosteiro de Santa Helena, no monte Sinai. Santa Catarina é a padroeira dos filósofos e das escolas. Em 1063 foi instituída uma ordem militar de Santa Catarina, para guardar as suas relíquias no monte Sinai e proteger os peregrinos que vinham venerá-las.

Pregado no dia 26 de novembro de 1693, no Seminário de Saint-Nicolas-du-Chardonnet.

SUMÁRIO

Exordio. – O orador, servindo-se do exemplo de Santa Catarina, propõe-se mostrar neste Panegírico o uso que devemos fazer da ciência. Proposição e divisão. – Há três espécies de pessoas que abusam deste dom de Deus: as que só desejam a ciência pela própria ciência, as que a desejam para armar à vanglória, e finalmente as que a pretendem para acumular riquezas. Daqui procede um triplicado móbil criminoso que temos de evitar no estudo: a curiosidade, o orgulho e a avareza. 1.º Ponto. — Santa Catarina soube evitar admiravelmente este tríplice escolho. Quinhoou da ciência; mas essa ciência empregou-a ela a contemplar a luz divina e não a contentar o espírito. Tomou a Deus como princípio e fim de todos os seus conhecimentos, e assim como um edifício que assenta no alicerce deve ser sempre sólido e perdurável, assim também a sua ciência foi verdadeira e fecunda em frutos de salvação. 2.º Ponto. — Ela também difundiu o seu saber pelos filósofos e pelos grandes do mundo; mas com que prudência e sabedoria não se desobrigou ela dessa missão!... Deus, o Deus universal, o Deus eterno, é que foi constantemente o objeto para que ela dirigiu os seus esforços. E não se imagine que isto lhe tenha passado pela mente um instante sequer com o fim de estabelecer a sua glória e a sua reputação. Não, não foi este o seu intuito. Ela só quis ver por toda a parte Nosso Senhor e o Evangelho, procurando granjear-lhes o triunfo, e conseguiu-o. 3.º Ponto. — Finalmente não foram favores temporais que ela buscou na ciência. O seu único móbil, como o prova toda a sua vida, foi conquistar almas para Jesus Cristo. Não teve outro fito, não albergou outro desejo, não procurou outro resultado. Peroração. — Ah! Aprendamos, como Santa Catarina, a fazer com que tudo convirja para Deus, aprendamos a ver Deus em todas as nossas empresas, proclamemo-lO por toda a parte, tenhamos a generosidade de Lhe pertencer desinteressadamente, e então Deus há de recompensar-nos um dia como recompensou a ela.

Dedit ili scientiam sanctorum E Ele deu-lhe á ciência dos santos (Sb 10, 10)

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A Voz de Minha Mãe!

Meditação para o Dia 16 de Novembro

Escuta, filho querido e saudoso, a voz de tua santa mãe, agora no seio da vida eterna. Ela ainda te ensina a amar e a servir a Deus, ainda te fala da virtude e do bem. Não queiras manchar a tua alma no pecado nem trair a respeitável memória de tua santa mãe. Escreveu o Padre Perreupe a um amigo que houvera perdido a mãe:

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Imaculada Conceição da Virgem Maria

8 de Dezembro - Panegírico da Imaculada Conceição

Sermão para a Festa da Conceição

Nota: Deve notar-se ali e noutras frases subsequentes deste sermão, que Bossuet viveu no século XVII, em que a Conceição Imaculada de Maria Santíssima não era ainda definida como dogma católico: só o foi em 8 de dezembro de 1854.

SUMÁRIO

Exordio. O mistério que hoje celebramos parece ser para Bossuet o mais difícil de tratar. Todos estão mortos, todos estão criminosos e condenados em Adão. Como pode a esta condenação escapar a Virgem Maria? Proposição e divisão. Fecit mihi magna qui potens est: 1.° A autoridade soberana excluiu Maria da lei geral; 2.° A sabedoria divina separou-a do contágio universal; 3.º O amor eterno de Deus precaveu-a misericordiosamente da sua cólera. 1.º Ponto. — A soberania consiste, ao que parece, em fazer leis dentro da esfera da autoridade, e em suprimi-las dentro dos limites do poder; sendo a supressão justificada concedida às personagens eminentes, e a fundada no exemplo, concedida apenas à glória do soberano. É o que no caso presente se realiza. Concluamos com Tertuliano: Non tantum obsequi ei debeo, sed adulari. 2.º Ponto. — Devendo a sabedoria divina produzir a ordem e a diversidade, separa a Virgem Maria de todas as criaturas, insinuando-se nela, peculiari munere. Separemo-nos da multidão dos homens e façamos aliança com Jesus Cristo. 3.º Ponto. — Como Jesus é o ministro da graça, concede a Maria este dom em excesso, e não aguarda o progresso da idade para ser liberal para com ela. O amor do Filho exceptua a Mãe da mácula da conceição e faz com que ela fique Virgem. Peroração. — O pecador foge de Deus; mas nós devemos associar-nos a Ele. Ninguém pode contar com a misericórdia, mas ela adverte-nos a fim de evitarmos a justiça; e confessando humildemente os nossos pecados, louvaremos a Deus.

Fecit mihi magna qui potens est E o Omnipotente operou era mim grandes maravilhas (Lc 1, 49)

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Lágrimas de uma Viúva Cristã

Meditação para o Dia 15 de Novembro

A uma viúva cristã, São Francisco de Sales escreveu esta carta consoladora:
“Meu Deus, como esta vida é enganadora! E como são breves as suas consolações! Num momento aparecem e noutro se dissipam. Se não fora a eternidade para onde se dirigem nossos dias, com razão lamentaríamos a nossa condição humana. Escrevo-vos com o coração cheio de desgostos pela perda que tivestes e, ainda mais, pela ideia do golpe que o vosso deve receber quando lhe forre velada a infausta notícia de vossa viuvez, tão repentina e lamentável.

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As Duas Alianças

2º Domingo depois da Epifania - As Duas Alianças

Sermão para o 2º Domingo depois da Epifania

SUMÁRIO

Exórdio. - Jesus Cristo une-se às almas fiéis por vias misteriosas; e eis o motivo porque tantas vezes lhe chamam, e com razão, o divino Esposo das almas. Proposição e divisão. - O orador tira o assunto do seu sermão da história milagrosa das bodas de Caná. Desenvolve sucessivamente três pensamentos principais que lhe são sugeridos pela conversão da água em vinho. Jesus Cristo transformou: 1.° O símbolo em realidade; 2.° A letra em espírito; 3.° A lei de rigor em lei de misericórdia e de amor. 1.º Ponto. — Pelo milagre das bodas de Caná, quis Jesus Cristo fazer-nos compreender quê, do mesmo modo que convertia a água em vinho, convertia também o símbolo em realidade. No Antigo Testamento tudo é simbólico, no Novo tudo é real; e assim como o símbolo não pode existir sem a realidade, assim todas as Escrituras proféticas não teriam razão alguma de ser, e até nos pareceriam às vezes bem extravagantes, se nelas não se destacasse a figura de Jesus Cristo. São águas sem ímpeto e sem sabor, frias e languidas, que de repente se convertem num vinho generoso, sob a divina influência de Jesus Cristo

«A lei é, pois, um Evangelho oculto; e o Evangelho é a lei explicada»

2.º Ponto. — Deus mandará dizer pelo seu profeta:

«Eu hei de inspirar-lhes nas almas a minha lei, e hei de escrevê-la, não em tábuas de pedra, mas nos seus corações» (Jr 31, 31)

E na verdade, com Jesus Cristo, o Espírito de Deus apoderou-se dos nossos corações por uma caridade sinceríssima, por um poderoso amor que Ele nos inspira, e por uma bondade santa e arrebatadora. A lei antiga ordenava, mas não vivificava, mas não atraía; impunha-se ao espírito pelo raciocínio, mas não ao coração pela caridade; impressionava profundamente os ouvidos, como diz Bossuet, mas não comovia o coração. A lei nova, pelo contrário, entusiasma-nos com um divino fervor, alenta-nos, aquece-nos com benditos arderes. 3.º Ponto. — A lei antiga é uma lei de receio e de rigor; os seus transgressores eram punidos impiedosamente; e Deus oprimia-os muitas vezes com eternas maldições. A lei nova é uma lei toda de amor. Peroração. — Nós já não estamos sob o império da lei do temor, estamos sob o império da lei do amor. Sirvamos a Deus com um amor liberal e sincero. E vós, sobretudo, neófitas, rendei-lhe eternamente as vossas ações de graças.

Nuptiae factae sunt in Cana Galilaeae, et erat mater Jesu ibi. Vocatus est autem et Jesus et discipuli ejus. Celebrava-se uma boda em Caná da Galileia e a mãe de Jesus estava lá. Jesus e os seus discípulos também foram convidados para a boda (Jo 2, 1 e 2)

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