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Ato de Contrição

O que é Ato de Contrição?

O Ato de Contrição é uma oração católica de arrependimento sincero pelos pecados cometidos, acompanhada do firme propósito de mudança. Um exemplo de um ato de contrição tradicional é:

Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes Vós quem Sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque Vos amo e Vos estimo, pesa-me, Senhor, de Vos ter ofendido; e proponho firmemente, ajudado com os auxílios de Vossa divina graça, emendar-me e nunca mais tornar a Vos ofender; espero alcançar de Vossa infinita misericórdia o perdão de minhas culpas. Amém.

Sumário
O que quer dizer Contrição?
Qual a diferença entre Contrição e Atrição?
Efeitos da Contrição Perfeita
Efeitos da Contrição Imperfeita
Ato de Contrição nas Sagradas Escrituras
Exemplos de Oração do Ato de Contrição

O que quer dizer Contrição?

A contrição é aquela dor que se tem do pecado, pelo motivo de com ele termos ofendido a bondade de Deus, como ensina Santo Afonso Maria de Ligório em seu Instrução ao povo, cap. V.

Também constata o mesmo Santo Doutor que os teólogos dizem que a contrição é um ato formal de perfeito amor a Deus; já que, quem tem contrição está sendo movido pelo amor que o leva à bondade de Deus, ao arrepender-se de tê-lo ofendido.

Padre Auguste Saudreau ensina que “a contrição é a retratação do pecado, a mudança da alma que renega o mal que procurara e volta para o bem a que renunciara. Por ela o culpado volta-se para Deus se, por uma falta mortal, dEle se houvesse desviado” (Manual de Espiritualidade, p. 242).

São Roberto Belarmino, em seu Doutrina Cristã, explica o que quer dizer contrição com as seguintes palavras:

Que o coração do pecador, duro e empedernido pelo pecado, abrande-se e, em certo sentido, quebre de dor, por ter ofendido a Deus. Porém, em particular, duas coisas contém a contrição, das quais uma não basta sem a outra. A primeira é que o pecador, com todas as veras, tenha dor dos pecados cometidos depois do Batismo; por isso, é necessário examinar bem sua consciência, considerar todas as suas ações, e doer-se de o não ter feito, segundo a regra da Santa Lei de Deus. A segunda é que o pecador tenha um propósito firme de não pecar mais”.

Adverte-nos o Padre Leo J. Trese que “não há ato de contrição verdadeiro se não se fizer acompanhar do propósito de emenda. Este propósito não é outra coisa senão a simples e sincera determinação de evitar o pecado no futuro, bem como as ocasiões próximas de pecado, tanto quanto nos seja possível. Sem esse propósito, não pode haver perdão dos pecados, nem mesmo dos veniais” (A Fé Explicada, p. 404).

Qual a diferença entre Contrição e Atrição?

Para bem compreender tais distinções e com maior profundidade, recorrer-se-á ao manual de Doutrina Católica do Cônego Boulenger, em sua lição número 10 acerca do assunto, no qual disserta que:

Contrição (do latim conterere, esmagar, pulverizar).

A) Etimologicamente, esta palavra significa o ato pelo qual se reduz a partículas mínimas um corpo sólido.

B) Metaforicamente, indica a disposição de um coração, dantes empedernido pelo pecado e agora enternecido pelo arrependimento. É a compunção do coração, isto é, uma dor viva causada pelo pecado cometido.

Atrição (do latim attererer, quebrar). A alma penitente é despedaçada pela atrição, enquanto fica esmagada pela contrição.

A atrição é o termo teológico que designa a contrição imperfeita.  No seu sentido etimológico, pouco diferem, na verdade, as duas palavras: contrição e atrição. Aliás, o coração tanto pode ser esmagado na atrição, como na contrição. O que constitui a diferença dos dois sentimentos é unicamente o motivo que provoca a dor.

Segundo o Padre Giuseppe Frassinetti, em seu Compêndio de Teologia Moral de Santo Afonso publicado pela nossa editora, explica tecnicamente que “a contrição, uma é 

  • Perfeita: que procede propriamente do motivo da ofensa feita à divina bondade enquanto este atributo compreende todas as perfeições de Deus;
  • Imperfeita, chamada de Atrição: que se concebe por motivo, ou da perda do céu, ou da fealdade do pecado, conhecida pela luz da fé, ou do inferno merecido, a qual exclua a vontade de pecar e esteja junta com a esperança do perdão“.

Frei Benvindo Destéfani OFM, em seu livro sobre o Santo Sacramento da Penitência, explica em palavras mais fáceis desta maneira:

A dor perfeita ou contrição propriamente dita é o desgosto ou o pesar dos pecados cometidos, porque são uma ofensa a Deus, nosso Pai, infinitamente bom e amável, e a causa da Paixão e morte de Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro.

A dor imperfeita ou atrição é o desgosto ou o pesar dos pecados cometidos pelo temor aos castigos divinos, eternos ou temporais, ou ainda pela torpeza do pecado como ofensa ao Altíssimo.

Efeitos da Contrição Perfeita

Segundo Boulenger, a contrição perfeita remite os pecados por si mesma. Em se tratando, porém, de culpas mortais, requer sempre a vontade de receber o Sacramento da Penitência. Dois pontos a elucidar:

  1. Tem a virtude de perdoar os pecados fora do Sacramento. Com efeito, a contrição perfeita sempre encerra, pelo menos virtualmente, a caridade perfeita. Logo, o que se diz desta, vale para aquela. Ora, vemos amiúde na Sagrada Escritura a caridade remitindo os pecados. No Antigo Testamento, por exemplo, diz-se: “Deus ama os que O amam” (Pr 8,17). “Os que se converterem a ele de todo o coração serão justificados” (Ez 18,30). E no Novo Testamento, Jesus Cristo, falando da mulher pecadora, diz que as suas muitas culpas lhe serão perdoadas, porque amou muito (Lc 7,47). Se a contrição perfeita já era suficiente para remitir os pecados antes da instituição do Sacramento da Penitência, é claro que conserva agora a mesma eficácia; do contrário, a Lei nova seria mais emaranhada e custosa do que a Lei antiga.
  2. Todavia, a contrição perfeita, para que remita os pecados mortais, requer o voto do sacramento (Concílio de Trento, sess. XIV, cap. IV). A razão disto é que Nosso Senhor, instituindo o Sacramento da Penitência, tornou obrigatória a confissão de todos os pecados mortais cometidos depois do Batismo.

É indispensável, portanto, recorrer sempre à Confissão, até para pecados mortais que a contrição perfeita tivesse remitido.

Efeitos da Contrição Imperfeita

Ainda apoiando-se em Boulenger, também existem dois pontos a esclarecer acerca da atrição:

  1. Fora do Sacramento da Penitência, a atrição não chega para a remissão dos pecados mortais. Nem mesmo remite as faltas veniais numa alma despojada da graça santificante. Pode perdoá-las na alma em estado de graça.
  2. No Sacramento da Penitência, a atrição é suficiente para remitir todos os pecados. Assim o declarou o Concílio de Trento, sess. XIV, cap. IV. De fato, se a contrição perfeita fosse requisito necessário, Nosso Senhor, instituindo o Sacramento da Penitência, teria estabelecido um rito inútil, supérfluo, desde que os pecados já estivessem remitidos pela contrição perfeita, antes da absolvição do padre.

Ato de Contrição nas Sagradas Escrituras

Uma vez bem compreendido o que é a contrição, poder-se-ia questionar se, mesmo antes da instituição do Sacramento da Penitência por Nosso Senhor, a prática do ato de contrição existia. Existem alguns relatos bíblicos que demonstram tal ato tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, a saber:

O rei Davi reconheceu seus delitos e detestou-os sinceramente, como se depreende de suas palavras que contém um ato de contrição perfeita: Pequei contra o Senhor!

O profeta Natã, em nome de Deus, certificou-o do perdão, assegurando-lhe: O Senhor tirou o teu pecado! (2Rs 12).

Além destes, recomenda-se as seguintes leituras:

  1. A pecadora, perdoada por seu amor e arrependimento (Lc 7)
  2. O filho pródigo, modelo de arrependimento  (Lc 15)
  3. Contrição do publicano (Lc 18)
  4. Contrição de São Pedro (Mt 26,75)

Conta-se que São Carlos Borromeu, a fim de excitar a contrição, fazia três visitas antes da confissão: primeira, ao inferno, para ver as torturas que merece o pecado; a segunda, ao pé da cruz, para meditar nos padecimentos do Homem-Deus, vítima do pecado; e terceira, ao céu, para contemplar essa eternidade de delícias que o pecado nos rouba.

Exemplos de Oração do Ato de Contrição

Existem diversas versões do Ato de Contrição, desde as mais tradicionais até orações mais curtas e simples. Assim como o modo de rezá-lo, podendo ser depois da Confissão ou mesmo no seu dia a dia. A seguir, apresentar-se-ão algumas formas de recitá-lo:

Ato de Contrição Tradicional

“Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque Vos amo e Vos estimo, pesa-me, Senhor, de Vos ter ofendido; e proponho firmemente, ajudado com os auxílios de Vossa divina graça, emendar-me e nunca mais tornar a Vos ofender; espero alcançar de Vossa infinita misericórdia o perdão de minhas culpas. Amém.”

Ato de Contrição Simples

“Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração de ter pecado, porque Vos amo e quero viver na Vossa graça. Com a Vossa ajuda, prometo evitar o pecado e tudo o que me afasta de Vós. Amém.”

Ato de Contrição baseado no Salmo 50 (Miserere)

“Tende piedade de mim, ó Deus, segundo a Vossa misericórdia. Apagai a minha culpa e purificai-me do meu pecado. Criai em mim um coração puro, ó Deus, e renovai em mim um espírito reto. Não me afasteis da Vossa presença, nem retireis de mim o Vosso Santo Espírito. Devolvei-me a alegria da salvação e sustentai-me com um espírito generoso. Amém.”

Ato de Contrição II

Meu Deus, tenho grande pesar de Vos haver ofendido, porque Sois infinitamente bom, e o pecado Vos desagrada; faço o propósito firme, mediante a Vossa graça, de me penitenciar e nunca mais Vos ofender“.

Ato de Contrição, por Santo Afonso

Meu Deus, porque Vós sois bondade infinita Vos amo acima de todas as coisas, e porque Vos amo, eu lamento e eu me arrependo de todas as ofensas que Vos fiz, ó Bem supremo, mais do que todos os outros males. Meu Deus, nunca mais! Quero antes morrer, do que voltar a Vos ofender“.