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O amor é um repouso que restaura as forças

Espírito Santo (Roberto Rivera)
Espírito Santo (Roberto Rivera)

5º Dia da Novena do Espírito Santo

In pace in idipsum dormiam et requiescam – “Em paz dormirei nele mesmo e repousarei” (Sl 4, 9)

Sumário. O efeito principal do amor é unir a vontade da pessoa que ama, à do objeto amado, tanto na prosperidade como na adversidade. Para uma alma que ama a Deus, consolar-se nas humilhações, dores e perdas que sofre, basta saber que o Senhor quer vê-la suportar tal pena. Dizendo somente: Assim o quer meu Deus, acharemos a paz e o contentamento no meio das tribulações e sob o peso da cruz.

I. O amor se chama: In labore requies, in fletu solatium – “Alívio nas penas, consolação nas lágrimas”. O amor é um repouso que recreia, porque o ofício principal do amor é unir a vontade da pessoa que ama, à do ser amado. Para consolar-se de todas as humilhações que recebe, dores que sofre, perdas que padece, uma alma que ama a Deus, só precisa conhecer a vontade de seu amado que deseja vê-la suportar tal pena.

Dizendo somente: Assim o quer meu Deus, ela acha paz e contentamento no meio de todas as tribulações. Esta é a paz divina que transcende todos os prazeres dos sentidos: Pax Dei, quae exsuperat omnem sensum (1). Santa Maria Magdalena de Pazzi sentia-se inundada de alegria só com o pronunciar das palavras: vontade de Deus.

Nesta vida cada um deve levar sua cruz; mas, diz Santa Teresa: A cruz é dura para quem a arrasta, não, porém, para aquele que a abraça. Assim é que o Senhor sabe ao mesmo tempo ferir e curar, segundo a expressão de Jó: Vulnerat et medetur (2). Por sua doce unção, o Espírito Santo torna suave e amável até os opróbrios e tormentos. – Ita, Pater, quoniam sic fuit placitum ante te (3) – “Sim, meu Pai, seja, feita a vossa vontade”. Assim orou Jesus Cristo e nós também devemos repetir estas palavras do Salvador todas as vezes que a adversidade nos visitar: Sim meu Pai, assim seja, porque é vossa vontade. Quando trememos sob ameaça de alguma desgraça temporal, repitamos sempre:

“Fazei, ó meu Deus: aceito desde já tudo que fizerdes. Protesto que quero viver onde Vós quiserdes, sofrer tudo o que quiserdes e morrer quando quiserdes”.

É também utilíssimo oferecer-se muitas vezes a Deus no decurso do dia, como o fazia Santa Teresa.

II. Ah! meu Deus, quantas vezes, para fazer a minha própria vontade, contrariei a vossa e cheguei a desprezá-la. Disto me aflijo mais que de todos os males. De aqui em diante quero de todo o coração amar-vos e obedecer-vos. Loquere, Domine, quia audit servus tuus (4) – “Falai, Senhor, vosso servo vos escuta”. Dizei o que quereis de mim; quero fazer em tudo a vossa santa vontade. Este será para sempre o meu santo desejo, pois sois o meu único amor. Ajudai a minha fraqueza, ó Espírito Santo. Vós sois a mesma bondade; como, portanto, posso amar outro tesouro senão a vós? Conjuro-vos, atraí para vós, pela doçura de vosso amor, todos os afetos do meu coração. Renuncio a tudo para dar-me a vós sem reserva.

“Recebei, Senhor, toda a minha liberdade. Aceitai a minha memória, a minha inteligência e toda a minha vontade. Tudo o que tenho e possuo fortes vós que me destes; venho vo-Lo restituir e tudo entregar ao vosso beneplácito. Dai-me somente o vosso amor com a vossa graça e bastante rico sou, nada mais vos peço”(5). – Faço o mesmo pedido a vós, ó Mãe do Belo Amor, Maria, e espero que m’o obtereis pela vossa poderosa intercessão.

Referências:

(1) Fl 4, 7
(2) Jó 5, 18
(3) Mt 11, 26
(4) 1 Rs 3, 10
(5) 300 dias de indulg. uma vez por dia.

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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 113-115)