Reze o Salmo 119/118,161-168
Agora, leia com piedade, com atenção e um coração que escuta Dt 16,9-12
9«Depois, contarás sete semanas, a partir do momento em que começares a meter a foice nas searas. 10Celebrarás, então, a festa das Semanas em honra do SENHOR, com as tuas ofertas voluntárias, segundo as bênçãos que o SENHOR, teu Deus, te tiver concedido. 11Alegrar-te-ás na presença do SENHOR, teu Deus, com os teus filhos, as tuas filhas, os teus servos e as tuas servas, o levita que viver dentro das portas da tua cidade, o estrangeiro, o órfão e a viúva que estiverem junto de ti, no santuário que o SENHOR, teu Deus, tiver escolhido para ali estabelecer o seu nome. 12Recorda-te que foste escravo no Egipto; guarda e cumpre fielmente estas leis.»
1. Estes versículos tratam da Festa das Semanas, que os judeus chamam de Shavuot (semanas), e que nós chamamos Pentecostes. Juntamente com a Páscoa e a Festa das Tendas, era uma festa na qual os judeus peregrinavam para Jerusalém. O Povo de Deus saiu do Egito celebrando a Páscoa e, sete semanas após (7 semanas são 49 dias), chegou ao Monte Sinais, onde recebeu a Torá, a Lei! Assim, no quinquagésimo dia os israelitas celebram a Festa das Semanas, que também coincide com a colheita do trigo. Nesta festa, Israel comemora o dom da Lei, dada a Moisés no Monte Sinai entre trovões, línguas de fogo e tremor de terra (cf. Ex 19,16; 20,18). O dom da Lei é um evento tão grandioso para Israel, que é contado nas Santas Escrituras como uma tempestade, um terremoto e uma erupção vulcânica, três fenômenos aterradores, que exprimem a santidade, a grandeza, a onipotência do Deus de Israel! Para ter uma ideia da grandeza que a Palavra Santa nos quer incutir, reze o Salmo 29/28, que canta a grandeza do Senhor Deus, evocada numa forte tempestade.
2. Na Nova e Eterna Aliança, a Lei não é mais a Torá, não é aquela gravada em pedras e feita de preceitos, entregue a Moisés, mas é o próprio Espírito de Cristo imolado e ressuscitado, Espírito de Amor derramado em nossos corações (cf. Rm 5,5). A Lei, que era uma realidade exterior, agora nos é interior: o Espírito de Cristo que Se une ao nosso espírito, que o inflama, que o convence e o consola! O novo Sinais é o Cenáculo envolto em tremor de terra, vento impetuoso e línguas de fogo (cf. At 2,1-4). Como a Lei estaria com Israel, a partir de então, o Espírito de Cristo estará para sempre com a Igreja, Novo Povo de Deus. Esse Espírito bendito, está presente na Palavra e é dado nos sacramentos da Igreja, de modo que celebrar os sacramentos – os sete! – é tornar atual e atuante o Pentecostes! E, na Igreja, o Divino Espírito é Vida divina, é luz, é energia, é vitalidade, é dinamismo, é força, é potência salvífica, é penhor da Eternidade! Assim, cumpriram-se as Escrituras de Israel: o Messias, Ungido pelo Pai com o Espírito, agora derramou e derrama continuamente o Seu Espírito no íntimo da Igreja e de cada membro seu, dando-lhe a salvação, que é a Vida divina. Veja como isto for a prometido na Antiga Aliança:
(A) Jr 31,31-34: O Senhor Deus promete uma Nova Aliança, fixada não em tábuas e preceitos exteriores, mas interior, um convencimento no íntimo do coração, de modo que os fieis experimentarão o Senhor e o conhecerão. Isto é obra do Espírito que em nós dá testemunho de Cristo (cf. Jo 15,26; 1Jo 2,20.27).
(B) Ez 26,26-28: O Senhor Deus promete infundir o Seu Espírito e imprimir a Sua Lei no coração do Seu Povo. Não será mais uma lei exterior, em pedras, mas uma lei impressa no íntimo do coração, uma lei interior, escrita no coração pelo fogo do Espírito, Ele que é o Dedo de Deus. Leia Lc 11,20 com Mt 21,28; 1Jo 5,5-10.
(C) Ez 37,12-14: O Senhor promete infundir a água do Espírito no íntimo de Israel, fazendo-o reviver ou, melhor ainda, viver da Vida divina. Leia Jo 7,37ss.
(D) Jl 3,1-2: O Senhor Deus prometeu para os dias do Messias, o Ungido, uma efusão do Espírito, que esparramará a plenitude da Vida e da bênção de Deus. Leia At 2,14ss.
3. Compreenda, portanto: o cristianismo não tem uma coleção de preceitos e não há uma lista precisa de preceitos! Crendo que Jesus nosso Senhor é o Messias-Ungido de Deus, somos no Seu Nome batizados no Seu Espírito e recebemos a Vida divina. Esse Espírito é o próprio Amor pessoal de Deus, dado a Cristo na Ressurreição e, por Ele, derramado em nós nos sacramentos. Assim, vivemos imersos no Espírito de Amor, que nos dá a capacidade de ter os mesmos sentimentos do Cristo Jesus (cf. Fl 2,5), fazendo da nossa existência um caminho de amor ao Pai e aos irmãos com Jesus e em Jesus! É este o preceito cristão, o mandamento cristão, a moral cristã! Leia Jo 13,34-35.
4. Reze o Sl 104/103: tudo quanto é cantado neste Salmo, é sustentado pelo Espírito do Senhor. Preste atenção nos vv. 29-30… Espírito Criador, Espírito Sustentador, Espírito Vivificador!