“Quem é o Senhor? Quem faz aqui as leis? Quem manda? Por que tudo isso é assim? Por que?”A palavrinha “por que?”, que já surge, instintivamente nos lábios da criança, é talvez a mais humana das palavras. O eterno “por que?” nos lábios dos homens é o grande símbolo do profundo desejo de saber, da grande ânsia que enche nossa alma. Analisamos, pesquisamos, avançamos sempre mais longe, de uma causa para outra, até que atinjamos a causa primária de tudo, à qual chamamos Deus. Inata em nossa alma é a sofreguidão; nenhures nos deixa fazer alto. As pesquisas em todos os campos da ciência são um atestado único da infinita sabedoria de Deus.
O estudo torna incrédulo? Por que? O microscópio que nos revela o reino do imensamente pequeno, e o telescópio que faculta à vista penetrar na imensidade de mundos longínquos, ambos levantam a grande questão:
O que é concupiscência
Em si mesma, a concupiscência é o apetite dos sentidos, uma inclinação natural aos bens sensíveis; esta inclinação, este apetite não são maus, a não ser que sejam contrários à razão e à Lei de Deus. A concupiscência não é uma potência mal produzia pelo demônio; nenhuma potência pode ser má por si mesma, nem pode ser produzida pelo demônio. A concupiscência não é tampouco o pecado original; porque o pecado original é destruído pelo Batismo, enquanto a concupiscência ainda permanece. Não é, por fim, como o quer Calvino, uma coisa corrompida pelo pecado original e semelhante a um forno sempre aceso que vomita o pecado.Meditação para a Décima Sexta Terça-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Continuaremos esta semana as nossas meditações sobre a mortificação, e veremos que devemos mortificar a nossa vontade: 1.° No que ela quer; 2.° No que ela deseja. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De aproveitarmos, agradecidos, todas as ocasiões que a Providência nos oferecer de contrariar a nossa vontade e os nossos desejos, a fim de os acostumar a ceder sempre ao dever; 2.º De termos hoje uma vida bem regulada, sem nada conceder ao capricho. O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Nosso Senhor:"Pai, não se faça a minha vontade, senão a vossa" - Pater... non mea voluntas, sed tua fiat (Lc 32, 42)
A PRIMEIRA decisão que toma qualquer viajante é escolher o seu destino. Depois de saber para onde vai, pode, então, decidir que meios de transporte usará na viagem - automóvel ou ' a pé, avião ou comboio. O homem prudente procederá pelo mesmo insubstituível método ao planear como há de viver, porque a vida também é uma viagem. Também ela deve ter um destino, escolhido com critério, antes de podermos decidir a melhor maneira de despender as nossas energias e passar os nossos dias.
Parte IV Capítulo X
Considera de tempos em tempos que as paixões costumam mostrar-se principalmente em teu coração e, tendo-as conhecido, trata de estabelecer para ti normas de vida que lhes sejam inteiramente contrárias em pensamentos, palavras e obras. Por exemplo, se é a vaidade, pensa muitas vezes quantas misérias tem a vida humana, quanto sofrerá a tua consciência na hora da morte, por causa dessas vaidades, quanto são indignas dum coração generoso, devendo ser consideradas como brinquedos de criança. Fala muitas vezes contra a vaidade e, embora te pareça que o fazes constrangida, não deixes de falar dela com desprezo, porque, a força de falar contra uma coisa, acabamos por odiá-la, embora a estimássemos muito a princípio; deste modo te obrigarás, mesmo em razão de tua honra, a tomar um partido contrário a vaidade.Parte III Capítulo XIII
Estejas sempre de sobreaviso para afastar logo de ti tudo o que te possa inclinar a sensualidade; pois este mal se vai alastrando insensivelmente e de pequenos princípios faz rápidos progressos. Numa palavra, é mais fácil fugir-lhe que curá-lo. Parecem-se os corpos humanos com os vidros, que não se pode levar juntos, tocando-se, sem correr perigo de se quebrarem, e com as frutas, que, embora inteiras e bem maduras, recebem manchas, chocando umas com as outras. A água mais fresca que se quer conservar num vaso perde logo a sua frescura mal um animal a toca.Meditação para o Dia 05 de Julho
1. A vontade, como as demais forças da alma, é capaz de aperfeiçoamento. A vontade séria e verdadeira é tão rara! Falta o querer e mais ainda o perseverar, quando se trata de dificuldades na vida sobrenatural da alma. Até aqueles que são vencedores intrépidos no reino da técnica, das descobertas, das ciências, das artes, etc., às vezes não alcançam nem uma única vitória sobre o próprio coração e sobre as suas inclinações; talvez nem num mês, nem num ano inteiro. Heróis em outro plano, acovardam-se neste. Procedes de modo idêntico? Tens uma vontade séria quanto à tua salvação? Ou queres talvez reformar tudo, menos o próprio coração e o teu procedimento?Capítulo XVIII
Começa aqui o cruento curso da paixão do nosso divino Salvador; agora é que nós vamos ver este bom Mestre vitima de anil e mil tormentos por nosso amor. Depois de haver instituído o sacramento da Eucaristia, depois de haver dado aos seus apóstolos as ultimas instruções, Jesus, a quem agora neste mundo só restava sofrer e morrer, “foi, como costumava, para a outra banda do Ribeiro de Cedron, ao monte das Oliveiras, a um lugar chamado Getsemani, onde havia um horto no qual entrou ele e seus discípulos”. Como chegava o momento do combate, quis para nossa instrução preparar-se para ele com a oração.Tristis est anima mea usque ad mortem - "A minha alma está numa tristeza mortal" (Mt 26, 38)
Mas mal chegou ao lugar mais retirado do horto, “começou a ter pavor, e a angustiar-se em extremo”, e esta angustia foi tanto além, que ele, que nunca se queixou de nada, ele que tanto ansiava sofrer, julgou dever dizer a seus discípulos:“Disse, pois, a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou acolá e oro ; orai também vós para que não entreis em tentação. E levou consigo Pedro, Thiago e João”
“A minha alma acha-se numa tristeza mortal”...
Sumário. É um ponto de fé que Deus não quer senão o que é melhor para nós; isto é, a nossa santificação. Se quisermos, pois, ser santos e achar mesmo na terra a paz verdadeira, procuremos ter a nossa vontade em repouso, unindo-a sempre à vontade amabilíssima de Deus. Remetamos ao Pai celestial toda a nossa solicitude, certos de que, afinal, tudo cede para o maior bem do justo. Em cada adversidade, seja qual for, repitamos a palavra habitual dos santos: Seja feita a vossa vontade!Meus cibus est ut faciam voluntatem eius qui misit me, ut perficiam opus eius - “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou, para consumar a sua obra" (Mt 13, 31)
Confira as importantes advertências de Santo Afonso para bem aproveitar esta obra!
CONSIDERAÇÃO XXXVI
Et vita in voluntate ejus. - "E a vida, em sua vontade" (Sl 29, 6)
PONTO I
Todo fundamento da saúde e da perfeição das nossas almas consiste no amor de Deus.“Quem não ama está morto. A caridade é o vínculo da perfeição” (Jó 3,14; Cl 3,14)Mas a perfeição do amor é a união da nossa própria vontade com a vontade divina; porque nisto se cifra — como disse o Areopagita — o principal efeito do amor, em unir de tal modo a vontade dos amantes, que não tenham mais que um só coração e um só querer. Portanto, as nossas obras, penitências, esmolas, comunhões, só agradam ao Senhor enquanto se conformam com sua divina vontade; de outra maneira não seriam virtuosas, mas viciosas e dignas de castigo. Isto, particularmente, nos manifestou com seu exemplo o nosso Salvador, quando do céu desceu à terra. Isto, como ensina o Apóstolo, disse o Senhor ao entrar neste mundo:
“Vós, meu Pai, recusastes as vítimas oferecidas pelo homem e quereis que vos sacrifique a vida deste corpo que me destes. Cumpra-se vossa divina vontade” (Hb 10,57)