Meditação para a Quinta-feira da 3ª Semana depois da Páscoa
SUMARIO
Meditaremos sobre a excelência da vida interior, e para a compreender: 1.° A compararemos com a vida exterior, que é a vida mundana; 2.º Veremos que ela eleva o cristão à altura da vida divina em Jesus Cristo. — Tomaremos depois a resolução: 1.º De evitarmos tudo o que nos distrai ou atrai, como certas companhias ou certas conversações; 2.º De nos penetrarmos do espírito de Jesus Cristo, perguntando a nós mesmos muitas vezes:
É assim que falaria ou obraria Jesus Cristo?
É este o espírito ou a intenção que dirigiria as Suas palavras ou os Seus atos?
O nosso ramalhete espiritual será a palavra de São João:
"Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo para que nós vivamos por ele" - Filium suum unigenitum misit Deus in mundum, ut vivamus per ilium (1Jo 4, 9)
Meditação para a Quarta-feira da 3ª Semana depois da Páscoa
SUMARIO
Depois de termos aprendido do exemplo de Nosso Senhor em que consiste a vida interior, veremos que esta vida é: 1.° Um dever de razão; 2.º Um dever de fé. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De evitarmos tudo o que distrai, e de nos lembrarmos de tempos a tempos da presença de Deus com um momento de recolhimento de espírito e de reflexão; 2.° De juntarmos às nossas diversas ocupações o frequente uso das orações jaculatórias, e principalmente a prática de oferecer a Deus cada uma das nossas ações. O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Jacó:
"Em verdade que o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia" - Vere Dominus est in loco isto, et ego nesciebam (Gn 28, 16)
Meditação para o Sábado da 2ª Semana depois da Páscoa
SUMARIO
Meditaremos sobre as três virtudes especiais, que Jesus, o Bom Pastor, exige das Suas ovelhas, a saber: 1.° A Inocência; 2.° A Mansidão; 3.° A Docilidade. — Tomaremos depois a resolução: 1.º De empregarmos muita simplicidade e mansidão em todas as nossas relações com o próximo; 2.° De gostarmos de consultar outrem e de juntarmos assim a ciência dos outros à nossa própria ciência. O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Nosso Senhor:
"Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração" - Discite a me quia mitis sum et humilis corde (Mt 11, 29)
Meditaremos sobre outro meio de alcançar a paz interior, que é a perfeita conformidade da nossa vontade com a de Deus; e para o compreender, veremos: 1.° Que nenhuma paz é possível com o apego à vontade própria; 2.° Que a perfeita conformidade com a vontade de Deus dá uma deliciosa paz. - Tomaremos depois a resolução: 1.° De não desejarmos nem outros talentos, nem outra condição, nem outra fortuna senão a que Deus nos deu; 2.° De seguirmos com amor em todas as circunstâncias da vida a vontade de Deus, como os magos que seguiam a estrela que os conduzia a Belém. Como ramalhete espiritual repetiremos muitas vezes a Deus:
"Pai, seja feita a vossa vontade" - Pater, fiat voluntas tua
Depois de havermos meditado sobre os obstáculos à paz interior, meditaremos agora sobre dois meios de estabelecer essa paz em nós, a saber: 1.º De opormos aos pensamentos de amor-próprio, que nos perturbam, humildes sentimentos a respeito de nós mesmos; 2.° De renunciarmos a todos os regalos da vida sensual, que preocupam e induzem a buscar-nos a nós mesmos. O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Deus a Isaías:
"Derivarei sobre a alma humilde e fiel um como rio de paz" - Ecce ego declinabo super eam quasi fluviam paueis (Is 66, 12)
Meditaremos sobre dois outros obstáculos à paz interior, a saber: 1.° As tentações; 2.° Os escrúpulos. — Tomaremos depois a resolução: 1.º De nos distrairmos tranquilamente das nossas tentações, logo que as descobrirmos; 2.° De servirmos a Deus com desafogo, confiança e amor, sem nos inquietarmos com o temor de Lhe desagradar. O nosso ramalhete espiritual será a petição da oração dominical:
"Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal" - Ne nos inducas in tentationes, sed libera nos a malo
Breve introdução sobre a Pobreza de Espírito e o Apóstolo Patrono
Há pessoas que querem santificar-se, mas a seu modo; querem amar a Jesus Cristo, mas seguindo as suas inclinações, isto é, sem renunciar aos seus divertimentos, à vaidade dos trajes, às delícias da mesa; amam a Deus, mas se não conseguem tal emprego, vivem inquietas; se lhes tocam na reputação, irritam-se; se não saram de tal doença, perdem a paciência; amam a Deus, mas não se desapegam das riquezas, honras do mundo, vaidade de passar por nobres, sábias, melhores do que as outras. Essas pessoas fazem oração, frequentam os Sacramentos, mas, como têm o coração cheio de afeições terrenas, logram pouco fruto das suas devoções. O Senhor nem sequer lhes fala, porque vê que seria em vão. Não invejes os grandes do mundo, suas riquezas e honras. Feliz de quem nada mais deseja senão Deus só, podendo dizer, com São Paulino:
"Tenham os ricos suas riquezas, os reis os seus reinos: para mim toda a minha riqueza, todo o meu reino é Cristo”
Podes estar certo de que ninguém vive no mundo mais contente do que aquele que menospreza todas as coisas terrenas e só cuida em cumprir com a vontade de Deus. Não poucos ricos, não poucos príncipes não encontram a paz no meio da abundância dos bens terrenos, enquanto que muitos irmãos leigos, que vivem recolhidos, pobres e escondidos em sua cela, gozam de uma indescritível satisfação.
"Experimentai e vede quão doce é o Senhor” (SI 33, 9)
Quando, pois, quiserem as criaturas entrar em teu coração para participar daquele amor que deves inteirinho a Deus, repele-as imediatamente, fecha-lhes a porta e exclama:
"Afastai-vos de mim e procurai aqueles que vos desejam: eu entreguei meu coração inteiro e sem reserva a Jesus Cristo, de forma que não há nele mais lugar para vós"
Desapega-te de toda a afeição às coisas terrenas; toda a tua riqueza consiste na virtude, que te protegerá aqui na terra contra os inimigos de tua salvação e além constituirá tua glória no céu. Dize, por isso, muitas vezes ao divino Salvador:
Ó Deus de minha alma: Sois um bem infinitamente maior do que todos os outros bens; Sois o único objeto de todo o meu amor. Nada desejo aqui na terra; mas se me fosse permitido desejar alguma coisa, quereria possuir todos os tesouros deste mundo para renunciá-los imediatamente por amor de Vós. Destruí em mim toda a inclinação que não tiver a Vós por objeto e fazei que eu viva unicamente para Vos agradar
Meditaremos sobre dois outros obstáculos à paz da alma, a saber, a vã alegria e a má tristeza. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De não cedermos à alegria, que embota e distrai a alma, mas de a moderarmos com alguns momentos de reflexão diante de Deus; 2.° Nos acessos de tristeza, de reanimarmo-nos com a confiança em Deus e a esperança do céu. O nosso ramalhete espiritual será a palavra da Santíssima Virgem:
"O meu espírito se alegrou por extremo em Deus meu Salvador" - Exultavit spiritus meus in Deo salutari meo (Lc 1, 47)
Meditaremos sobre dois outros obstáculos à paz interior, a saber: 1.° A preocuparão dos negócios; 2.° A desanimação depois das culpas. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De entrarmos muitas vezes em nós mesmo, no meio de nossos trabalhos, para restituir à nossa alma a paz de Deus; 2.° De nunca nos desanimarmos depois de nossas culpas. O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Nosso Senhor aos seus Apóstolos:
"Não se, turbe o vosso coração" - Non turbetur cor vestrum (jo 14, 1)
Meditaremos sobre um primeiro obstáculo à paz interior, que é a excessiva atividade; e consideraremos esta atividade: 1.° Nos desejos; 2.° Nas ações. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De combatermos e moderarmos os nossos desejos; 2.° De fazermos toda as coisas com pausa e sem precipitação. O nosso ramalhete espiritual será o provérbio:
"Não vos apresseis demasiado, se é bem" - Sat cito si sat bene