I
Havia três anos que João não deixava seu Mestre. Gravara no espírito suas palavras, fixara-lhe os traços na alma. Tinha igualmente participado de seus sofrimentos. Também, em parte alguma se veem os ultrajes dos Judeus, o ódio dos fariseus, a inveja dos sacerdotes contra o Filho de Deus, em uma história mais seguida e mais comovedora, como no Evangelho de São João. Mas, nestes últimos tempos, o apóstolo verificava que a cólera a princípio em surdina, prorrompia dia a dia em ameaças mais sinistras. Chegavam já às primeiras violências (1). Um dia os fariseus mandaram gente para prender a Jesus (2). Outra vez quiseram apedrejá-lO (3). João sabia que, em um conselho, haviam decretado que o Justo devia morrer (4). Ele o vira escapar-se de suas mãos deicidas (5). Enfim, os discípulos, conforme ele nos conta, tinham sido obrigados a seguirem o Mestre para uma espécie de exílio, na cidade de Efrem, ao lado do deserto, e ali viver escondidos para se furtarem aos males extremos a cair sobre essa cabeça sagrada (6). A festa da Páscoa, porém, tendo o feito voltar à cidade, o entusiasmo popular rompeu à sua entrada, com tal impulso de gratidão, que os inimigos do Salvador resolveram acabar com Ele, e João previu tristes acontecimentos. Muitas vezes Jesus dissera:O Discípulo ouvia-o dizer agora:"Ainda não é chegada a minha hora" - Meum tempus nundum impletum est (Jo 8, 8)
"É chegada a hora em que o Filho de Deus será glorificado. Em verdade vos digo, é necessário que o grão de trigo seja enterrado para que dê seu fruto.
O que ama a sua vida, perdê-la-á; e o que aborrece a sua vida neste mundo, guarda-a para a vida eterna" - Jesus autem despondit eis, dicens: Venit hora ut clarificetur Filius hominis. Amen, amen dico vobis: Nisi granum frumenti cadens in terram mortuum fuerit, ipsum solum manet; si autem mortuum fuerit, multum fructum affert.
Qui amat animam suam perdet eam; et qui odit animan suam in hoc mundo, in vitam aeternam inveniet eam (Jo 12, 23)
1«Guarda o mês de Abib e celebra a Páscoa em honra do SENHOR, teu Deus, porque foi no mês de Abib que o SENHOR, teu Deus, te fez sair do Egipto, durante a noite. 2Imolarás ao SENHOR, teu Deus, em sacrifício pascal, gado miúdo e graúdo, no santuário que o SENHOR tiver escolhido para ali estabelecer o seu nome. 3Não comerás pão fermentado com essas vítimas. Durante sete dias, comerás com elas ázimos, o pão da aflição, porque foi à pressa que saíste do Egipto, para assim te recordares durante toda a tua vida do dia da tua partida. 4Que não se veja fermento algum em todo o teu território durante sete dias. Que não fique para o dia seguinte coisa alguma da carne imolada no sacrifício da tarde do primeiro dia. 5Não poderás imolar o cordeiro pascal em nenhuma das cidades que o SENHOR, teu Deus, te há-de dar, 6mas somente no santuário que o SENHOR, teu Deus, tiver escolhido para ali estabelecer o seu nome. Ali imolarás o sacrifício pascal, ao cair da tarde, depois do pôr-do-sol, à hora em que saíste do Egipto. 7Cozê-lo-ás e comê-lo-ás no lugar que o SENHOR, teu Deus, tiver escolhido. No dia seguinte, poderás regressar à tua tenda. 8Durante seis dias, comerás ázimos e no sétimo dia haverá uma liturgia solene em honra do SENHOR, teu Deus; nesse dia não farás trabalho algum.»
Tire o maior proveito desta Meditação seguindo os passos para se fazer a Oração Mental proposta por Santo Afonso!
Sumário. Imaginemos ver Jesus Cristo que, sentado à mesa com os discípulos, come o Cordeiro Pascal, figura do sacrifício d'Ele mesmo, que no dia seguinte seria oferecido sobre o altar da Cruz. Imaginemos vê-Lo também no momento de prostrar-Se diante dos Apóstolos e de Judas para lhes lavar os pés. Vendo um Deus que Se humilha a tal ponto por nosso amor, ficaremos sempre tão orgulhosos, que não sabemos suportar uma palavra de desprezo, a mais leve falta de atenção?Vespere autem facto, discumbebat (Iesus) cum discipulis suis - “Chegada, pois, a tarde, pôs-se (Jesus) à mesa com os seus discípulos” (Mt 26, 20)