Parte V Capítulo XIV
Considera o amor eterno que Deus tem tido por nós. Antes da encarnação e da morte de Jesus Cristo a Majestade divina te amava infinitamente e te predestinava para o Seu amor. Mas quando é que Ele começou a te amar? Começou a fazê-lo quando começou a ser Deus. E quando começou a ser Deus? Nunca, porque sempre o foi sem começo nem fim; e Seu amor por ti, que nunca teve começo, preparou-te desde toda a eternidade as graças e favores que tens recebido.Parte V Capítulo XIII
Considera o amor com o qual Jesus Cristo tanto sofreu neste mundo, principalmente no Jardim das Oliveiras e no Calvário. Esse amor tinha a nós em mira e nos impetrava do Pai eterno, por tantos sofrimentos e trabalhos, as boas resoluções e protestos que fizemos de coração e as graças necessárias para as nutrir, fortificar e realizar. Ó santas resoluções, quão preciosas sois, sendo o fruto da paixão de Nosso Senhor! Oh! Quanto minha alma Vos deve apreciar, pois que tanto custastes a Jesus! Ó Senhor de minha alma, Vós morrestes para me conceder a graça de fazê-Ias; dai-me, pois, a graça de antes morrer do que perdê-las!Parte V Capítulo XII
Considera os exemplos dos santos de todos os tempos, de ambos os sexos, de todos os estados! Que não fizeram eles para amar a Deus com um devotamento completo? Considera os mártires inquebrantáveis em suas resoluções; quantos tormentos preferiram eles sofrer a transigir num só ponto! Olha para essas pessoas tão belas e florentes, ornamentos do sexo devoto, mais cândidas que o lírio, por sua pureza, e mais rubicundas que a rosa, por sua caridade. Umas na idade de doze, treze e quinze anos, outras com vinte e cinco anos, sofreram diversos martírios por não mudar de resolução, não só em matéria de fé, mas também no tocante à devoção, seja quanto a virgindade ou ao serviço dos pobres desamparados, seja quanto ao consolar os condenados ao suplício ou ao sepultar os mortos! Ó meu D eus, que constância mostrou esse sexo fraco em ocasiões semelhantes!Parte V Capítulo XI
Considera que somente as virtudes e a devoção podem tornar o teu coração feliz neste mundo. Admira as suas belezas e compara-as aos vícios contrários. Quanta suavidade na paciência, na humildade, em comparação com a vingança, a cólera e a tristeza, a ambição e a arrogância; na caridade, na sobriedade, em comparação com a avareza, a invejo e as desordens da intemperança! As virtudes encerram isso de admirável: que a sua prática deixa na calma uma consolação inefável; ao passo que os vícios a lançam num abatimento e desolação deploráveis. Por que, pois, não nos esforçamos por procurar toda aquela alegria?Parte V Capítulo X
Considera a nobreza e excelência de tua alma em vista do seu conhecimento deste mundo visível, dos anjos, de Deus, o Senhor soberano e infinitamente bom, da eternidade e em geral de tudo o que é necessário para viveres neste mundo, para te associares aos anjos no paraíso e para gozares eternamente de Deus. Tua alma tem uma vontade capaz de amar a Deus e incapaz de odiá-Lo nele mesmo. Vê quão nobre é teu coração, que, nada achando entre as criaturas que o possa saciar plenamente, só encontra o seu repouso em Deus. Lembra-te vivamente dos prazeres mais queridos e procurados que outrora ocuparam teu coração e julga agora imparcialmente se não eram misturados de muita inquietação, pesar, aborrecimento e amargura, de sorte que teu pobre coração só achava aí misérias.Parte V
Capítulo IX
Depois de teres conferenciado com o teu diretor sobre as tuas faltas e os meios de remediá-las, toma cada dia uma das considerações seguintes para torná-las objeto de tuas orações, conforme o método de meditação expedido na primeira parte, quanto a preparação e afetos, pondo-te antes de tudo na presença de Deus…