A Oração da Família
O Rosário é a oração da família. Recorda os mais tocantes exemplos da Família santa de Nazaré. Leão XIII o recomenda às famílias na Encíclica Fidentem piumque de 20 de Setembro de 1896:“É preciso conservar ou estabelecer o costume piedoso que vigorava entre os nossos antepassados. Nas famílias cristãs tanto nas da cidade como nas do campo era costume sagrado, ao cair da tarde, quando todos deixavam o duro trabalho, reunirem-se diante da imagem da Virgem para Lhe dirigir em louvores alternados a prece do Rosário. E Ela, a Virgem Maria, por esta homenagem fiel e unânime que Lhe prestavam, lá estava no meio deles como uma boa Mãe cercada de uma coroa de filhos. E lhes concedia os benefícios da paz doméstica, presságio da paz celestial”Sim, é mister restaurar onde já existe o costume piedoso do Terço em família. Era a vontade de Leão XIII que em nenhuma família cristã faltasse esse hábito salutar.
Mensagem do Rosário
Em menos de um século Maria Santíssima baixa à terra duas vezes com duas mensagens do Rosário. Lourdes e Fátima são essencialmente revelações do Rosário. Em Massabielle Nossa Senhora quer dizer ao mundo: — Eu sou a Imaculada Conceição, e traz o Rosário e com Bernadete passa-o entre os dedos, graciosamente. Em Fátima toda a revelação é exclusivamente do Rosário. Pergunta a criança ingênua a doce visão: — Quem é vosmicê? — Eu sou a Senhora do Rosário, responde Maria Santíssima, já depois de haver recomendado nas cinco aparições precedentes a recitação do Terço. Em 13 de Maio de 1917 aparece a Bela Senhora pela primeira vez aos olhos dos inocentes pastorinhos de Portugal.Origem
A confraria do Rosário é uma associação das mais antigas e veneráveis da Igreja, fundada por São Domingos e cujo fim é unir os fiéis e propagar e garantir a recitação assídua do Santo Rosário. O seu melhor elogio foi feito pelo Santo Padre Leão XIII na Encíclica Augustissimae Virginis de 12 de Setembro de 1897:“Dentre as associações não hesitamos em dar um lugar de honra à Confraria do Santíssimo Rosário. Na verdade, se considerarmos a sua origem, ela está em primeiro lugar pela sua antiguidade, pois a sua instituição é atribuída ao Patriarca São Domingos, e, além disso, pelos privilégios inúmeros de que a enriqueceram os nossos predecessores. A forma desta instituição, a sua alma é o Rosário. A eficácia do Rosário de Maria e o seu poder nos parecem ainda muito maiores quando estão em função da Confraria”Nestas palavras o Augusto Pontífice define a Confraria do Rosário e a coloca entre as primeiras e mais veneráveis Associações da Igreja. E quer o Papa que rezemos o nosso Rosário sim, mas unidos aos nossos irmãos, na oração comum que é mais eficaz e poderosa, e com as riquezas das indulgências e privilégios espirituais da Confraria.
Suma do Evangelho
Há uma expressão feliz e genial do Padre Lacordaire e que nos diz em poucas palavras as relações íntimas entre o Evangelho e o Rosário de Nossa Senhora.Realmente. O que há no Rosário que não esteja no Evangelho, ou que pelo menos não tire dele a conclusão? Cada um dos mistérios corresponde a algumas das mais belas páginas do Evangelho. Pio XI afirma na Encíclica Ingravescentibus malis o valor do Rosário porque é um incentivo à prática das virtudes pregadas pelo Evangelho.“Só há um livro: — É o Evangelho. E o Rosário é precisamente a suma do Evangelho”
“O santo Rosário, diz o saudoso Pontífice, não só é útil para vencer os inimigos de Deus e da Religião; é também um estímulo e aguilhão que anima à prática das virtudes evangélicas que ele insinua e cultiva nas almas. Alimenta antes de tudo a fé católica que refloresce precisamente pela meditação oportuna dos santos mistérios e eleva o espírito às verdades reveladas por Deus. E todos podem compreender como é salutar o Rosário especialmente em nossos dias em que notamos até mesmo entre os fiéis um certo afastamento das coisas espirituais e um certo tédio da doutrina cristã. O Santo Rosário reaviva ainda a esperança nos bens imortais, quando ao meditar a última parte dele, os triunfos de Jesus Cristo e de sua Mãe, nos mostram o céu aberto e nos convidam à conquista da pátria sempiterna. A caridade que se resfriou torna a se acender na alma dos que relembram as torturas e a morte do Redentor e as aflições de sua Mãe dolorosa. E daí brota necessariamente o amor do próximo”
Cidade do Rosário
Lourdes, é essencialmente a cidade do Rosário, escrevera um dos melhores historiadores dos acontecimentos da gruta de Massabielle, o padre Cross S. J. Nossa Senhora se revela aos olhos cândidos de Bernadete e é uma aparição do Rosário com simbolismos, gestos e fatos relacionados intimamente com o Rosário. Quem não conhece a obra de Henri Lasserre e a autoridade que é este homem na história dos fatos de Lourdes? Ele o havia notado:Aparece na gruta onde floresce uma rosa selvagem — a flor do Rosário. A Virgem não tinha nem colar, nem diadema, nem joias, nenhum adorno de vaidade, mas em cada um de seus pés desabrochava uma rosa cor de ouro, e de suas mãos juntas pendia um Terço de contas brancas como gotas de leite e cadeias douradas como as messes... As contas do Rosário deslizavam uma a uma dos dedos da Senhora. E no entanto os lábios da Rainha dos Anjos estavam imóveis como para nos dizer: Esta coroa não é minha, meus filhos, é vossa, ela vos pertence...“Maria, aparece a uma criança que só conhecia e sabia rezar uma oração — o Rosário.”
São José no Rosário
Nenhuma oração nos lembra tanto São José como o Rosário. Na contemplação dos mistérios gozosos não o podemos separar de Maria. Da Anunciação ao Encontro de Jesus no Templo, o Evangelho sempre nos mostra São José ao lado de Jesus e Maria. Que amargura e perplexidade angustiosa antes que lhe revelasse o Anjo o mistério da Encarnação! Que alegria e caridade na visita a Santa Isabel! E no presépio de Belém? Oh! Como é doce e amável São José na gruta em adoração ao Filho de Deus Encarnado, seu Filho adotivo e seu Deus! Na Apresentação ei-lo com Maria e Jesus a ouvir a profecia de Simeão. Três dias procura aflito o Deus Menino e o encontra entre os doutores. Tudo isto nossa piedade vai meditando ao desfiar as contas do Rosário nos mistérios gozosos. E sempre nos aparece a figura tão amável de nosso querido São José.A Suma Teológica do Povo
Se o Rosário é uma síntese do Evangelho, o é também do catecismo. Contém toda a doutrina cristã. Já não o denominaram a suma teológica do povo? As verdades principais da nossa fé, ele as enuncia claramente. Recorda-nos todo o dogma católico no credo e na contemplação dos mistérios. A Trindade, a Encarnação e a Redenção, os Sacramentos, os Mandamentos, os Novíssimos, tudo encontramos na meditação do nosso Rosário. Basta um pouco de reflexão. Não há ponto de nossa doutrina cristã que o pregador ou o catequista não encontre pelo menos quanto ao essencial no Rosário de Maria. Dizia com razão Leão XIII:É um verdadeiro catecismo porque, diz ainda o Papa na Encíclica Magnae Dei Matris de 7 de Setembro de 1892, para preservar os seus filhos do grande perigo da ignorância religiosa, a Igreja não se descuida de meio algum dos que lhe sugere a solicitude vigilante. Entre os alimentos da fé em bom lugar figura o Rosário de Maria. Efetivamente o Rosário pela repetição regular das mais belas e eficazes orações e a contemplação sucessiva dos principais mistérios de nossa religião, torna-se um preservativo da ignorância religiosa. É um catecismo vivo, pratico e interessante.“O Rosário se recomenda pela sua forma, e ele oferece um meio prático de fazer penetrar nos espíritos os dogmas principais da fé cristã”