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O Rosário e o Evangelho

Meditação para 11 de Outubro: O Rosário e os Evangelhos
Suma do Evangelho

Há uma expressão feliz e genial do Padre Lacordaire e que nos diz em poucas palavras as relações íntimas entre o Evangelho e o Rosário de Nossa Senhora.

“Só há um livro: — É o Evangelho. E o Rosário é precisamente a suma do Evangelho”

Realmente. O que há no Rosário que não esteja no Evangelho, ou que pelo menos não tire dele a conclusão? Cada um dos mistérios corresponde a algumas das mais belas páginas do Evangelho. Pio XI afirma na Encíclica Ingravescentibus malis o valor do Rosário porque é um incentivo à prática das virtudes pregadas pelo Evangelho.

“O santo Rosário, diz o saudoso Pontífice, não só é útil para vencer os inimigos de Deus e da Religião; é também um estímulo e aguilhão que anima à prática das virtudes evangélicas que ele insinua e cultiva nas almas. Alimenta antes de tudo a fé católica que refloresce precisamente pela meditação oportuna dos santos mistérios e eleva o espírito às verdades reveladas por Deus. E todos podem compreender como é salutar o Rosário especialmente em nossos dias em que notamos até mesmo entre os fiéis um certo afastamento das coisas espirituais e um certo tédio da doutrina cristã. O Santo Rosário reaviva ainda a esperança nos bens imortais, quando ao meditar a última parte dele, os triunfos de Jesus Cristo e de sua Mãe, nos mostram o céu aberto e nos convidam à conquista da pátria sempiterna. A caridade que se resfriou torna a se acender na alma dos que relembram as torturas e a morte do Redentor e as aflições de sua Mãe dolorosa. E daí brota necessariamente o amor do próximo”

Como o Evangelho, o Rosário pelos seus mistérios nos ensina as virtudes de Jesus e Maria, as virtudes divinas que santificam as almas e as tornam agradáveis a Deus. Como o Evangelho, o Rosário nos abre o céu e nos faz contemplar e prelibar a felicidade eterna, revela-nos o que é preciso fazer para alcançar a glória. Repete-nos palavras de Jesus e de Maria, recorda-nos tantos ensinamentos do Pai-Nosso, da Ave-Maria e as passagens mais tocantes e impressionantes da vida de nosso Divino Redentor. Ler o Evangelho e rezar o santo Rosário com o pensamento no Evangelho! Haverá oração mais eficaz e melhor meditação para a alma cristã?

Eis porque, concluímos com o Autor de “L’Apostolat du Rosaire”, o Rosário é o mais belo presente do céu, depois da luz evangélica.

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A Pregação do Evangelho e o Rosário

A São Domingos diz Nossa Senhora:

“Prega o meu Rosário! Prega o meu Rosário e a piedade há de reflorescer na Igreja e o mundo será salvo”

Ora, salvar o mundo não é obra da pregação evangélica? Porque manda Nossa Senhora pregar o Rosário quando os hereges negavam as mais belas e fundamentais verdades ensinadas por Nosso Senhor no Evangelho?

Porque a pregação do Rosário supõe e contém a pregação do Evangelho, é a síntese, a suma do Evangelho de Cristo.

Enquanto São Domingos não pregou a palavra de Deus na contemplação dos mistérios do Santo Rosário, inutilmente havia tentado a conversão dos terríveis Albigenses. E depois, que prodígio! Ao ouvir de Maria aquele: “prega o meu Rosário”, compreendeu que o “Ide pregai o Evangelho” é muito mais eficaz com o Rosário, no Rosário e pelo Rosário. É o mais eficaz meio de pregar.

A experiência do Santo Patriarca e de todos os Apóstolos do Rosário está feita, e os séculos não a desmentiram. A voz autorizada de tantos Pontífices Romanos nos afirma como o Rosário pregado e meditado, é instrumento poderoso e eficaz na pregação do Evangelho.

A Santa Mãe de Deus apresentara Domingos a Jesus, como refere a celebre visão relatada pela “Vitae Fratrum” (Cap. 1, n. 4). Dizia Nossa Senhora ao Juiz Eterno, irritado pelos pecados do mundo:

“Esse meu Servo anunciará a vossa palavra aos homens, que se converterão e Vos buscarão a Vós, Salvador de todos”

Nosso Senhor, respondendo, disse:

“Eu o aceito. Ele há de realizar perfeitamente e com zelo o que dissestes, minha Mãe.”

A Jesus apresentou Nossa Senhora o seu escolhido São Domingos. E a São Domingos apresentou Ela o Rosário para o desempenho cabal da missão do Santo Pregador.

Os apóstolos de hoje, os que hão de pregar o Evangelho para vencer heresias mais perigosas e terríveis que as dos Albigenses, como poderão triunfar sem Maria? Tomemos o santo Rosário, todos quantos desejamos salvar almas para Cristo e sua Igreja. Depois que Nossa Senhora deu a São Domingos o Rosário, compreendamos que pregar o Evangelho sem pregar o Rosário, os mistérios do Rosário, não parece, o melhor método de apostolado. Pelo menos não há de ser o mais eficaz?

Um pároco de França, lê-se no “Apostolat du Rosaire”, havia organizado em sua paróquia a confraria do Rosário. Reuniu as zeladoras e lhes repetiu as palavras de Jesus Cristo aos apóstolos:

“lte praedicate Evangelium” — Ide pregai o Evangelho

— Pregar o Evangelho?! Como havemos de pregar o Evangelho se não o podemos nem sabemos fazer?

— Sim, minhas senhoras, ide pregai o Evangelho pelo Rosário. O Rosário é a suma do Evangelho. Quem pregar os mistérios do Rosário o propaga, o ensina, incentiva nas almas esta devoção, prega o Evangelho.

Espalhai o Rosário em todas as famílias da paróquia, fazei com que se meditem os seus mistérios e pregareis o Evangelho. Eis porque vos digo e repito:

“Ide e pregai o Evangelho!”

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EXEMPLO

São Francisco Xavier e o Rosário

Um dos maiores apóstolos da Igreja de Cristo, o homem prodigioso que renovou os milagres da pregação evangélica dos primeiros dias do cristianismo, foi sem dúvida o grande São Francisco Xavier. É o padroeiro das missões. Fora ele devoto fervoroso do Rosário da Virgem. Diz um dos seus melhores e fiéis biógrafos:

“Andava São Francisco unido à Rainha de toda pureza, a Virgem Santíssima, Mãe de Deus, pelos laços de uma terníssima devoção!

Continuamente trazia seu Rosário ao pescoço. Em quantas povoações entrava, dirigia-se logo às suas capelas, e pelas silenciosas horas da noite permanecia nelas largo tempo ajoelhado diante do altar, absorvido em profunda oração. A instrução que fazia aos cristãos terminava sempre com uma oração a Nossa Senhora. Levou sua imagem às longínquas terras do Japão.

Um dia, ao embarcar para Malaga, um negociante famoso de Meliapor, pedira a São Francisco Xavier uma lembrança sua como prova de amizade. O Santo tirou o Rosário e lhe deu:

Meu amigo, leva este Rosário, e não te será inútil esta lembrança, contando que tenhas muita confiança em Maria.

Pouco depois o negociante viu a sua embarcação em perigo de naufrágio e num desastre horroroso. A tempestade atirou violentamente o barco contra uma rocha. O homem confiado em Maria Santíssima tomou o Rosário de, São Francisco Xavier e pôs-se a rezá-lo com grande fervor. De repente, quando a embarcação ia se quebrar contra a rocha, viu-se miraculosamente transportado para longe, à costa de Nagapatan, são e salvo com o Rosário de Maria nas mãos”.

Estes e muitos outros prodígios operou o Rosário de Maria nas missões de São Francisco Xavier, diz um Autor.

A Rainha do Rosário não é porventura a Rainha dos Apóstolos?

Como não há de ser a Protetora das Missões e dos Missionários que pregam o Evangelho?

Voltar para o Índice do livro Mês do Rosário, de Mons. Ascânio Brandão

(BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. O Mês do Rosário, Edições do “Mensageiro do Santíssimo Rosário”, 1943, p. 87-95)