A Cruzada Nova
A Ação Católica foi definida pelo imortal Pio XI, uma grande batalha, uma santa batalha pela religião (Encíclica Ubi Arcano Dei). É de ordem sobrenatural, visa acima de tudo o supremo interesse — a salvação das almas. Chegamos aos tristes dias de um neopaganismo. Massas paganizadas e sem fé, sepultadas nas trevas da ignorância religiosa. Messe grande e poucos operários. Poucos sacerdotes e meios impenetráveis à ação sacerdotal. A Igreja inspirada pelo Espírito Santo, como outrora para defesa do santo sepulcro, convoca seus filhos para uma nova cruzada, a cruzada santa e absolutamente urgente para libertar mais do que o sepulcro de Cristo, as almas remidas pelo sangue do Redentor Divino e no sepulcro horrendo das trevas do neopaganismo e da apostasia da fé.A Oração da Família
O Rosário é a oração da família. Recorda os mais tocantes exemplos da Família santa de Nazaré. Leão XIII o recomenda às famílias na Encíclica Fidentem piumque de 20 de Setembro de 1896:“É preciso conservar ou estabelecer o costume piedoso que vigorava entre os nossos antepassados. Nas famílias cristãs tanto nas da cidade como nas do campo era costume sagrado, ao cair da tarde, quando todos deixavam o duro trabalho, reunirem-se diante da imagem da Virgem para Lhe dirigir em louvores alternados a prece do Rosário. E Ela, a Virgem Maria, por esta homenagem fiel e unânime que Lhe prestavam, lá estava no meio deles como uma boa Mãe cercada de uma coroa de filhos. E lhes concedia os benefícios da paz doméstica, presságio da paz celestial”Sim, é mister restaurar onde já existe o costume piedoso do Terço em família. Era a vontade de Leão XIII que em nenhuma família cristã faltasse esse hábito salutar.
Origem
A confraria do Rosário é uma associação das mais antigas e veneráveis da Igreja, fundada por São Domingos e cujo fim é unir os fiéis e propagar e garantir a recitação assídua do Santo Rosário. O seu melhor elogio foi feito pelo Santo Padre Leão XIII na Encíclica Augustissimae Virginis de 12 de Setembro de 1897:“Dentre as associações não hesitamos em dar um lugar de honra à Confraria do Santíssimo Rosário. Na verdade, se considerarmos a sua origem, ela está em primeiro lugar pela sua antiguidade, pois a sua instituição é atribuída ao Patriarca São Domingos, e, além disso, pelos privilégios inúmeros de que a enriqueceram os nossos predecessores. A forma desta instituição, a sua alma é o Rosário. A eficácia do Rosário de Maria e o seu poder nos parecem ainda muito maiores quando estão em função da Confraria”Nestas palavras o Augusto Pontífice define a Confraria do Rosário e a coloca entre as primeiras e mais veneráveis Associações da Igreja. E quer o Papa que rezemos o nosso Rosário sim, mas unidos aos nossos irmãos, na oração comum que é mais eficaz e poderosa, e com as riquezas das indulgências e privilégios espirituais da Confraria.
Suma do Evangelho
Há uma expressão feliz e genial do Padre Lacordaire e que nos diz em poucas palavras as relações íntimas entre o Evangelho e o Rosário de Nossa Senhora.Realmente. O que há no Rosário que não esteja no Evangelho, ou que pelo menos não tire dele a conclusão? Cada um dos mistérios corresponde a algumas das mais belas páginas do Evangelho. Pio XI afirma na Encíclica Ingravescentibus malis o valor do Rosário porque é um incentivo à prática das virtudes pregadas pelo Evangelho.“Só há um livro: — É o Evangelho. E o Rosário é precisamente a suma do Evangelho”
“O santo Rosário, diz o saudoso Pontífice, não só é útil para vencer os inimigos de Deus e da Religião; é também um estímulo e aguilhão que anima à prática das virtudes evangélicas que ele insinua e cultiva nas almas. Alimenta antes de tudo a fé católica que refloresce precisamente pela meditação oportuna dos santos mistérios e eleva o espírito às verdades reveladas por Deus. E todos podem compreender como é salutar o Rosário especialmente em nossos dias em que notamos até mesmo entre os fiéis um certo afastamento das coisas espirituais e um certo tédio da doutrina cristã. O Santo Rosário reaviva ainda a esperança nos bens imortais, quando ao meditar a última parte dele, os triunfos de Jesus Cristo e de sua Mãe, nos mostram o céu aberto e nos convidam à conquista da pátria sempiterna. A caridade que se resfriou torna a se acender na alma dos que relembram as torturas e a morte do Redentor e as aflições de sua Mãe dolorosa. E daí brota necessariamente o amor do próximo”
Cidade do Rosário
Lourdes, é essencialmente a cidade do Rosário, escrevera um dos melhores historiadores dos acontecimentos da gruta de Massabielle, o padre Cross S. J. Nossa Senhora se revela aos olhos cândidos de Bernadete e é uma aparição do Rosário com simbolismos, gestos e fatos relacionados intimamente com o Rosário. Quem não conhece a obra de Henri Lasserre e a autoridade que é este homem na história dos fatos de Lourdes? Ele o havia notado:Aparece na gruta onde floresce uma rosa selvagem — a flor do Rosário. A Virgem não tinha nem colar, nem diadema, nem joias, nenhum adorno de vaidade, mas em cada um de seus pés desabrochava uma rosa cor de ouro, e de suas mãos juntas pendia um Terço de contas brancas como gotas de leite e cadeias douradas como as messes... As contas do Rosário deslizavam uma a uma dos dedos da Senhora. E no entanto os lábios da Rainha dos Anjos estavam imóveis como para nos dizer: Esta coroa não é minha, meus filhos, é vossa, ela vos pertence...“Maria, aparece a uma criança que só conhecia e sabia rezar uma oração — o Rosário.”
São José no Rosário
Nenhuma oração nos lembra tanto São José como o Rosário. Na contemplação dos mistérios gozosos não o podemos separar de Maria. Da Anunciação ao Encontro de Jesus no Templo, o Evangelho sempre nos mostra São José ao lado de Jesus e Maria. Que amargura e perplexidade angustiosa antes que lhe revelasse o Anjo o mistério da Encarnação! Que alegria e caridade na visita a Santa Isabel! E no presépio de Belém? Oh! Como é doce e amável São José na gruta em adoração ao Filho de Deus Encarnado, seu Filho adotivo e seu Deus! Na Apresentação ei-lo com Maria e Jesus a ouvir a profecia de Simeão. Três dias procura aflito o Deus Menino e o encontra entre os doutores. Tudo isto nossa piedade vai meditando ao desfiar as contas do Rosário nos mistérios gozosos. E sempre nos aparece a figura tão amável de nosso querido São José.Devoção dos Papas
O Rosário foi justamente denominado a devoção predileta e privilegiada dos Papas. Nenhuma outra na Igreja teve mais calorosas e insistentes recomendações e mereceu tantas Encíclicas. Desde Xisto IV até hoje, mais de cinquenta Encíclicas, Bulas, e Decretos sobre a devoção do Rosário. A palavra do Santo Padre é para todo bom católico a palavra de Deus, e ele sempre a recebe com amor e a obedece e venera. Os Juízes infalíveis da verdade, os mestres e guias da cristandade, falaram em documentos autênticos, solenes e oficiais, sobre o Rosário de Maria. Os Papas e o Rosário! Que assunto vasto e para volumes!Maria, Nossa Esperança
Sim, nossa esperança! Ninguém se salvará a não ser com Ela e sob a sua materna proteção. Com fervor seráfico bradava tantas vezes Santo Afonso de Ligório:“Jesus meu amor! Maria minha esperança!”
São Boaventura ousou dizer:“Ó Senhora, diz São Germano, sois minha única consolação, guia da minha peregrinação na terra, fortaleza de minha fraqueza, riqueza de minha miséria, liberdade de minha prisão, esperança de minha eterna salvação”.
Trememos ao pensar na sorte que nos está reservada depois de tantos pecados e gravíssimas ofensas, abusos da graça e ingratidões sem número para com Deus.“Ó Maria, vós sois a esperança até dos desesperados!”