Sumário. A fim de nos ensinar a obediência, o Filho de Deus desce ao seio de uma virgem, sua criatura, e se faz servo não só de Maria e José, mas ainda de Pilatos, que o condena à morte, e dos algozes, que o açoitam, coroam de espinhos e crucificam. E, apesar de tal exemplo, quantos não há que, recusando obedecer a Jesus Cristo e aos seus representantes, se fazem escravos do demônio! Se, infelizmente, fomos tão loucos, reparemos depressa a nossa falta e roguemos ao Senhor que nos prenda nos seus doces laços.Humiliavit semetipsum, factus oboediens usque ad mortem — “Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte” (Fl 2, 8)
O que é um cristão
O cristão é aquele que imita Jesus Cristo, que está unido com Jesus Cristo, que vive a vida de Jesus Cristo e Lhe possui. O cristão está morto para os vícios... vive para a virtude... O cristão é um soldado... um piloto... um arquiteto. É necessário que aquele que veja um cristão possa ver a Jesus Cristo; porque o cristão deve ser a imagem viva do Salvador, e como outro Cristo: Alter Christus. Deve parecer-se com Deus. Adão foi criado à Sua semelhança, como o atestam aquelas palavras do Gênesis: Façamos ao homem a nossa imagem e semelhança; e Deus criou o homem à sua imagem (Gn 1, 26-27). A profissão do cristão é conduzir o homem ao seu antigo estado, à sua primeira grandeza e felicidade, isto é, à semelhança de Deus. Chama-se cristão, diz Santo Ambrósio, aquele que ama a castidade, aquele que foge da embriaguez, detesta o orgulho e evita a inveja como um veneno diabólico (Serm. LVIII).Sumário. Para a nossa salvação o divino Redentor ofereceu-se voluntariamente ao Pai, a satisfazer à justiça divina; e o Pai pôs sobre ele todos os nossos crimes. Eis, portanto, o Verbo divino, inocente, todo puro, santo; ei-lo desde Menino carregado de todas as blasfêmias, de todas as impurezas, de todos os sacrilégios e crimes dos homens; ei-lo, numa palavra, feito por nosso amor objeto das maldições divinas. E não nos resolveremos a amá-lo? Ó meu Jesus, amo-Vos de todo o coração, e por vosso amor quero conservar-me sempre puro de todo o pecado.Deus filium suum mittens in similitudinem carnis peccati, et de peccato damnavit peccatum in carne — “Deus, enviando seu Filho em carne semelhante à do pecado, também por causa do pecado condenou o pecado na carne” (Rm 8, 3)
Por Pe. Ignace de La Potterie A Igreja celebrou há pouco com o Santo Natal o nascimento no tempo do Unigênito eterno Filho de Deus. Segundo uma teologia cada vez mais difusa, com a encarnação do Filho derivaria de maneira automática a atribuição imediata da filiação divina a cada homem. No sentido que todo homem, que o saiba ou não, que o aceite ou não, vive já radicalmente em Cristo. Segundo esta teologia, Cristo, ainda antes de ser o chefe da Igreja, é o chefe de toda a criação. Todo homem lhe pertence antes mesmo de ser alcançado e transformado pelo Seu Espírito. Esta concepção pretende encontrar um aval na afirmação de São Tomás de Aquino segundo o qual “considerando a generalidade dos homens, por todo o tempo do mundo, Cristo é o chefe de todos os homens, mas segundo graus diversos” (Summa theologiae III, 8,3) retomada da constituição pastoral Gaudium et spes do último Concílio:
“Com a encarnação o Filho de Deus uniu-Se de algum modo a todo homem” (22)