Meditação para o Dia 20 de Janeiro
Bons carrascos são os indivíduos que, embora bons, virtuosos, de boas intenções, mas levados, talvez, pela intriga, por uma excitação nervosa, por excesso de mal-entendido e amargo zelo, maltratam-nos, perseguem-nos e nos fazem sofrer. E não é raro isto. São Pedro de Alcântara, cheio de compaixão para com Santa Teresa, disse-lhe que uma das maiores penas deste exílio era a que ela havia sofrido, isto é, a contradição das pessoas de bem.Meditação para o Dia 19 de Janeiro
Sofrermos da parte dos maus, sermos perseguidos, maltratados pelos inimigos, por quem odeia a nossa fé, é doloroso, na verdade, mas suportável, e o pensamento de que nada podemos esperar deles senão isso mesmo, leva-nos facilmente à resignação. Nosso Senhor não foi saciado de opróbios pelos seus inimigos? E pode o discípulo ser melhor que o Mestre? Há, porém, uma cruz que, por ser mais pesada que muitas outras, é inevitável: o sofrimento que nos vem da parte dos bons.Meditação para o Dia 18 de Janeiro
A doença, olhada pelo prisma da fé, não é um mal. Deus a permite para nosso bem, para a salvação de nossa alma. Fere o corpo para que não morra a alma. Ela nos oferece grandes vantagens. Separa-nos dos loucos e pecaminosos prazeres do mundo. Abate o corpo, que é sempre instrumento do pecado. Afasta-nos das criaturas, da dissipação e de muitas faltas graves. Faz-nos pensar na eternidade e na loucura das vaidades humanas.Meditação para o Dia 17 de Janeiro
O acaso não existe. É uma palavra sem sentido, vazia, a laicização da Providência, para uso dos corações maus, que querem livrar-se da submissão, da oração e do reconhecimento. Uma alma cristã não usa esta linguagem bárbara:E a Providência? A Divina Providência! Oh! Tanta gente que se diz devota e piedosa e, contudo, crê, como os pagãos, num destino cego!“É o destino!... Um acaso!... A fatalidade inevitável!”
Meditação para o Dia 16 de Janeiro
Nosso Senhor prometeu ouvir todas as nossas orações. “Pedi e recebereis; batei e se vos abrirá". Que belas promessas e parábolas sobre a oração, as quais tanto nos animam e nos excitam à confiança! Entretanto, como Deus é Pai e melhor do que nós sabe o que é bom para a nossa salvação eterna, nem sempre atende às nossas preces. Por quê? Onde estão as Suas promessas Divinas? Ah! Não sabemos o que pedimos. Um pai extremoso dará ao filhinho travesso, para brincar, um revólver carregado, uma faca, uma navalha?Meditação para o Dia 15 de Janeiro
Não sejamos tão impacientes no sofrimento. A impaciência duplica-nos a dor. O ferido necessita de repouso. Quanto mais o enfermo se agita, arranha, coça e mexe as feridas, tanto pior. Sofre mais e até se arrisca a uma infecção, que pode ser fatal. Dá-se o mesmo com as feridas da alma, as feridas do coração. Quando elas aparecem, vamos logo ao Médico Divino e Ele, tão misericordioso, há de pensá-las carinhosamente, derramando sobre as mesmas o bálsamo suavíssimo do seu Amor.“Vinde a Mim, diz-nos Ele. Eu vos aliviarei”
Meditação para o Dia 14 de Janeiro
Há certos dias em que tudo parece estar conjurado contra nós, fazendo-nos sofrer. Desde cedo, os espinhos! Esquecimentos, desprezos, indiferença dos amigos, repreensões imerecidas, contratempos, dores físicas, mal-estar, cansaço! Ai, Jesus, que tédio, que dia triste e sombrio! Nessas ocasiões precisamos ter coragem e abraçar a cruz com generosidade. Não queremos penitências. Horrorizam-nos os cilícios, disciplinas e jejuns. Haverá jejum mais difícil do que se impõe à língua, quando ela quer queixar-se e até blasfemar?Meditação para o Dia 13 de Janeiro
Aqui achamos horroroso o pouco que sofremos. Gememos, e tanta blasfêmia nos vem ao pensamento, e quase nos brota dos lábios, na hora das provações! E é tão pouco o que sofremos, tão pouco! Que nos reserva, entretanto, Nosso Senhor, no Paraíso? A felicidade eterna! Isto será, porventura, pouco? Somos, na verdade, insensatos e injustos, quando nos queixamos demais do sofrimento. Não sabemos medir a desproporção entre a recompensa que nos está reservada no Céu e o trabalho que, para merecê-la, somos chamados a realizar nesta vida. Os santos, já neste exílio abrasados no amor Divino, tão bem compreendiam esta verdade que se apaixonavam pelo sofrimento.Meditação para o Dia 12 de Janeiro
O santo Cura d’Ars, pouco tempo antes de morrer, exclamou:Há muita gente que pode dizer como o santo, depois de ter abraçado um estado de vida penoso, como, por exemplo, o dos casados. E há momentos, Senhor, em que o fardo da vida é tão pesado! Sentimos necessidade de desabafar o coração, suspirando:“Como a vida é triste! Quando vim para a paróquia d’Ars, se tivesse previsto os sofrimentos que me esperavam, morreria de apreensão”
“Como a vida é triste!”