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Retidão e Justiça do Senhor

Dom Henrique Soares da Costa
Reze o Salmo 119/118,57-64
Agora, leia com piedade, com atenção e um coração que escuta Dt 25

1«Quando houver uma questão entre dois homens, eles se apresentarão no tribunal e serão julgados; será absolvido o inocente e condenado o culpado.

2Se o culpado merecer a flagelação, o juiz o mandará deitar por terra e o fará açoitar na sua presença com um número de açoites proporcional ao seu delito. 3Não poderá infligir-lhe mais de quarenta açoites, para não atingir tal ferimento que o teu irmão fique abatido aos teus olhos.

4Não porás o cofinho ao boi que debulha.»

5«Quando dois irmãos residirem juntos e um deles morrer sem deixar filhos, a viúva não irá casar com um estranho; o seu cunhado é que se unirá a ela e a tomará como mulher, segundo o costume do levirato. 6Ao filho primogénito que ela tiver pôr-se-á o nome do irmão morto e não se extinguirá o seu nome em Israel. 7Mas, se o homem se recusar a casar com sua cunhada, esta irá ter com os anciãos ao tribunal e dirá: ‘O meu cunhado recusa-se a perpetuar o nome do seu irmão em Israel e não quer observar o levirato para comigo.’ 8Então os anciãos da sua cidade o chamarão e interrogarão. Se ele disser: ‘Não me agrada recebê-la por mulher’, 9a cunhada aproximar-se-á dele, na presença dos anciãos, tirar-lhe-á a sandália do pé e cuspir-lhe-á no rosto, dizendo: ‘É assim que se deve fazer ao homem que não quer edificar a casa do seu irmão!’ 10E chamar-se-á a esse homem em Israel “casa do descalçado”.

11Quando dois homens se puserem à bulha um com o outro, e a mulher de um deles intervier para libertar o marido do que está a agredi-lo, pegando pelas partes genitais do adversário, 12cortarás a mão dela, sem piedade alguma.

13Não deves trazer no teu saco dois pesos desiguais, um maior e outro mais pequeno. 14Não deves ter em tua casa duas medidas desiguais, uma maior e outra mais pequena. 15Terás pesos exactos e justos, medidas exactas e justas, para que os teus dias se prolonguem na terra que o SENHOR, teu Deus, te há-de dar, 16porque o SENHOR, teu Deus, abomina todos os que procedem assim, todos os que praticam o mal.

17Lembra-te do que fez Amalec na viagem, quando saístes do Egipto, 18o qual te saiu ao caminho e atacou todos os que se arrastavam na retaguarda. Tu estavas extenuado, mas ele aproximou-se e não temeu a Deus. 19Quando, pois, o SENHOR, teu Deus, te livrar de todos os inimigos que te rodeiam, na terra que o SENHOR, teu Deus, te há-de dar em herança para a possuíres, apagarás de debaixo dos céus a memória de Amalec. Não te esqueças disto.»

1. Os vv. 1-4 tratam de justiça. O Senhor Deus é justo, é reto e o Seu Povo deve viver na retidão e na justiça: condena-se o culpado e absolve-se o inocente! Além do mais, a justiça se exprime no senso de proporcionalidade: a pena será proporcional ao crime. Mais ainda: jamais a pena poderá denegrir e aviltar a dignidade humana. São princípios tão básicos… Ainda hoje desconhecidos de muitos e tão desrespeitados na nossa sociedade! Quantos culpados inocentados; quantos inocentes punidos! Quantos grandes criminosos e corruptos com penas tão leves; quantos pobres, aprisionados em situações tão duras, por crimes proporcionalmente muito mais leves! Quantas situações que denigrem a dignidade humana! Basta pensar no nível e no sadismo das reportagens de porta de cadeia… Precisamos pedir perdão pela sociedade doente na qual vivemos! Os homens esquecem o Senhor, deixam-No de lado, e tornam-se torpes, injustos, perversos! Reze o Salmo 82/81. Uma observação: a Lei proibia que se desse mais de 40 chicotadas. Os judeus, por precaução, somente davam 40-1, isto é, 39. São Paulo levou cinco vezes essas chicotadas por causa do Nome de Jesus nosso Senhor (cf. 2Cor 11,24). E você, o que já sofreu, o que está disposto a sofrer pelo seu Senhor e Salvador?

2. No v. 4 há uma prescrição curiosa, de proteção aos animais: o boi que debulha o grão deveria poder comer dele… São Paulo faz uma aplicação também curiosa deste versículo. Leia 1Cor 9,9 e 1Tm 5,18: o ministro do Evangelho, que debulha o trigo da Palavra de Deus e dos sacramentos, deve ter o direito de viver economicamente do Evangelho! Não é lícito a um ministro de Cristo enriquecer às custas da pregação! O Evangelho não deve ser meio de vida para ninguém! Mas, por outro lado, os que pregam o Evangelho, vivam do Evangelho! É uma covardia, uma irresponsabilidade de uma comunidade cristã deixar o seu ministro padecer necessidades materiais básicas por displicência e irresponsabilidade. Leia 1Cor 9,1-23Você assume com responsabilidade o dever de ajudar na manutenção material da Igreja e dos seus ministros?

3. Os vv. 5-10 tratam da lei do cunhado, a chamada lei do levirato. Era um costume antigo: o cunhado de uma viúva sem filhos homens deveria casar com essa viúva para que o primeiro filho que nascesse dessa união herdasse o nome e os bens do defunto. Assim, o nome do morto não desapareceria do meio do Povo de Deus! Pense bem: diante de Deus, nunca se vive isolado, fechado em si próprio, sem se preocupar com os demais Somos membros de um Povo, somos ligados uns aos outros. Você tem consciência de ser membro da Igreja, Corpo de Cristo? Tem consciência de que, comungando na Eucaristia, faz-se um só corpo com o Senhor e com os irmãos? Isolar-se em si mesmo, de modo egoístico, é pecar contra a Eucaristia que se recebe fechado de coração… Se desejar aprofundar-se sobre a lei do levirato e ler duas histórias edificantes e curiosas, leia Gn 38 e Rt 4. Leia também 1Cor 12,12-27.

4. Os vv. 11s trazem orientações bem primitivas, esquisitas e até meio cômicas sobre as brigas… O que poderiam nos ensinar? A necessidade de ser contido, a importância e conveniência do pudor. Um cristão deve ser discreto, comedido, ponderado, senhor de seus próprios impulsos… Pense nisto… Como você se comporta? Leia Fl 4,4-9.

5. Agora, os vv. 13-16: mais uma vez, o Senhor Deus insta Israel que pratique a retidão e a justiça e tenha honestidade nos seus negócios, pois o Santo abomina a desonestidade, o roubo, a rapina, a injustiça! Leia Am 2,6-16.

6. Os vv. 17-19 são de uma dureza e violência surpreendentes. Falando em justiça, o Senhor recorda-se dos amalecitas, inimigos históricos de Israel: ele, de modo traiçoeiro investiu contra o povo cansado e extenuado, pisando nos fracos… Leia Ex 17,8-16. Mas, atenção: nas Escrituras e na consciência de Israel, Amalec simboliza todos os inimigos de Israel e todas as forças malignas, contrárias a Deus, que destroem o homem e a sua vida! Para um cristão – para mim e para você! – a Quaresma é tempo propício para combater Amalec e apagar sua lembrança da vida e do coração…

Como vai sua Quaresma?

Que vícios (maus hábitos) você está combatendo?

Pensando na guerra que devemos fazer ao pecado, reze o Salmo 94/93.