Aos Reitores, Ministros e Superiores de Missões
Nocera, 30 de setembro de 1758.
Vivam Jesus, Maria e José!
1. Recomendo que marquem os Prefeitos dos Irmãos, e, quando faltar um, seja substituído por outro.
2. Recomendo, segundo a Constituição, que façam a Consulta de acordo com a Regra e as Constituições, para as despesas que tenham de fazer. E devido à pobreza e penúria presentes, quando a despesa atingir à soma de 40 ducados, peço aos Superiores me avisem antes, a fim de não se fazerem muitas despesas inúteis. É claro que isto se entende não das despesas previstas no que toca à Alimentação.Quando, na ocasião da Consulta, não se encontrarem em casa os Consultores marcados, convoquem-se Padres mais velhos, que aí se acharem, segundo sua entrada na Congregação.
3. Marquem-se as roupas com a marca da casa para que não se misturem, quando os Padres saírem para as missões. Todavia, não se falte à caridade, negando o uso de roupas aos que tiverem necessidade delas.
4. Recomendo geralmente a todos os Superiores que fujam de parcialidades culpáveis.
5. Os Padres Ministros não deem licença aos confrades de comer seja o que for fora de casa, a não ser algumas frutas, quando se acharem nas propriedades da Congregação.
6. Recomendo muito que, quanto à alimentação, tratem bem os estranhos que vierem fazer retiro. Nesse sentido, de certo tempo a esta parte, tenho ouvido sérias queixas. Por causa de uma pequena economia, não se ponha em risco este grande bem dos exercícios.
7. Recomendo aos Reitores que lembrem aos súditos, todos os meses, o dever de prestar-lhe a conta-de-consciência. — Vejam, também, que se faça o pão duas vezes por semana, sendo possível.
(Leia-se o seguinte somente aos Padres; os jovens não devem ouvi-lo)
Recomendo especialmente a vós, meus Padres, a santa obediência não tanto a mim, quanto aos Superiores locais ou das missões. Sobre esse ponto tive, o ano passado, muitos desgostos: não entro em particularidades, porque espero que não mos dareis mais. Trata-se de que os Superiores têm que repetir uma coisa mil vezes para serem obedecidos; além disso, alguns há que apresentam tantas desculpas e réplicas, que, finalmente, para não perturbá-los, são obrigados a eximi-los da obediência. Repito que, por motivos, justos, não corrigi a alguns que eu sabia terem faltado neste ponto; mas recordo-me bem, e sempre me lembrarei do que fiquei sabendo.
Por isso recomendo, sobretudo aos Padres, que obedeçam, especialmente nas missões, a quem quer que seja (a qualunque, a qualunque, a qualunque soggeto), contanto que estejam em lugar de Superior. No presente temos tantos jovens de grande talento e espírito, que poderão alcançar grande êxito. Uns 25 jovens pediram-me para ir trabalhar entre os infiéis, mas de coração e com tão grande fervor, que muito me consolaram; entretanto, se eles, depois, saindo a trabalhar, continuarem a ver as réplicas, escusas e repugnâncias dos velhos na obediência aos Superiores, seguramente farão o mesmo; e como irá para a frente a Congregação ?
Recomendo, ainda, que, nas missões, não se entretenham com as pessoas do lugar. É preciso usar de toda a cortesia, mas também de toda a gravidade com elas, para que aprendam e conservem para conosco a veneração, como a homens santos e sem defeitos, o que é mister para seu aproveitamento. Do contrário, pondo-se a tratar com elas e a discorrer sobre coisas sem importância para a alma, descobrirão em nós mil defeitos, e diminuirá o proveito delas. Isto já foi avisado várias vezes; e desagrada-me que sempre se falte de novo. Aquele que não se emendar neste ponto, obrigar-me-á a afastá-lo das missões.
Peço que ninguém se intrometa em coisas que não são de consciência das pessoas que assistem à missão; e certas coisas, que podem trazer qualquer incômodo ou inconveniente, não se façam
sem conselho e obediência. Non omnia expediunt.
Recomendo, ainda, que o sermão sobre a oração jamais se omita nas missões; e quando não fosse possível fazê-lo, ao menos no último sermão da Bênção se trate longamente desse assunto.
Atente-se, finalmente, no que diz a Constituição que, durante a missão, não devem comer doces, venham de onde vierem.
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(LIGÓRIO. Santo Afonso de. Cartas Circulares. Oficinas Gráficas Santuário de Aparecida, 1964, p. 57-61)