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Quarto Mistério Doloroso: Jesus com a Cruz aos Ombros

Meditação para 24 de Outubro: Quarto Mistério Doloroso: Jesus com a Cruz aos Ombros
Evangelho de São Mateus 27, 32-33; São Marcos 15, 21-22; São Lucas 23, 26-32; São João 19, 17

Carregando a sua cruz encaminhou-se Jesus para o lugar chamado Calvário, em Hebreu, Gólgota. Ao sair da cidade encontraram eles um homem de Cirene que por ali passava de volta do seu campo, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo e o constrangeram a carregar a cruz atrás de Jesus. Acompanhava-o uma grande multidão de povo e de mulheres, que, batendo nos peitos o lamentavam. Mas Jesus, voltando-se para elas disse:

“Não choreis por mim, mas chorai por vós e por vossos filhos, porque tempo virá em que se há de dizer: felizes as estéreis, as entranhas que não geraram e os seios que não amamentaram. Então começarão a dizer às montanhas: — caí sobre nós; e aos outeiros: ocultai-nos. Porque se o lenho verde é assim tratado que há de ser do seco?”

Conduziram também com Ele dois outros malfeitores para serem mortos.

Esmagado sob o peso da cruz, Nosso Divino Redentor atravessa as ruas de Jerusalém entre as multidões que o insultam, e seguido de assassinos e ladrões arrancados à prisão para o suplício e a morte. Quanta humilhação e vergonha! Nas estações da Via-Sacra, três vezes contemplamos Nosso Senhor caído por terra. Tão esmagador era o peso da cruz e tanto sangue lhe corria das chagas abertas! Temeram que expirasse, antes da morte ignominiosa do Calvário, e obrigaram o Cireneu a ajudá-lo a carregar a Cruz. E nesta via dolorosa, nesta hora de opróbrios e amarguras, surge entre a multidão uma mulher — Maria Santíssima. Vai ao encontro de seu Filho amado e o abraça, e segue com Ele até o Calvário! Ao contemplarmos este mistério do Rosário lembremos a cena do encontro de Maria com seu Divino Filho, unamo-nos às dores de Nossa Mãe Santíssima e recitaremos melhor nosso Rosário! As quedas de Jesus nos consolam e servem de tremenda lição. Uma lição de sangue e de dores. Mostram-nos como somos fracos, e como tantas vezes, recaímos no pecado, voltamos às mesmas vergonhosas misérias que nos humilham.

Nossas recaídas no pecado, provocaram as recaídas de Nosso Redentor no caminho doloroso. Cai Jesus e se levanta sobre as feridas dos pés chagados e sob o peso da cruz. Que lição! Quando cairmos no pecado, levantemo-nos depressa, ó custe-nos o que custar o sacrifício, o arrependimento, a reparação, a vida nova que havemos de começar. Não nos amedronte o sacrifício da conversão total a Deus.

Basta de pecado! Contemplemos o Filho de Deus esmagado sob o peso da cruz, e Maria que o vê subir o Calvário e tombar ferido com a face em terra.

Levanta-te, pecador, sai do pecado, salva tua alma pelo sangue de Jesus no caminho do Calvário e pelas lágrimas de Maria Mãe das Dores no encontro dolorosíssimo com seu Amado Filho. Nas contas do Rosário, enquanto recitamos o Pai-Nosso e estas dez Ave-Marias do quarto mistério, fixemos nossa meditação ora em Jesus com a cruz aos ombros ora em Maria no encontro Doloroso.

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Fruto: A Paciência

“Se alguém quiser vir após mim, disse Nosso Senhor, tome a sua cruz de cada dia e me siga”

Não é possível seguir, pois, a Jesus sem a cruz. E como carregar a cruz sem a paciência, a mais difícil e a mais preciosa das virtudes? A cena de dor deste quarto mistério é bem eloquente. É mister exercitar a paciência de mil modos. Neste mundo jamais estaremos sem algum sofrimento. Levemos até o Calvário a cruz da nossa vida.

Somos chamados a subir o Gólgota, acompanhando o Mestre.

“Tome a sua cruz e me siga!”

Felizes os que ouviram o convite honroso do Nosso Senhor e se alistaram entre as almas generosas e reparadoras, sempre fiéis em seguir o Esposo no caminho do Calvário. Conta-se que o padre João D’Avila, santo homem de Deus, ilustre filho da Companhia de Jesus, hesitava um dia em prosseguir uma caminhada difícil, para assistir ao Santo Sacrifício da Missa. E, fatigado e enfermo, já ia voltar, quando lhe apareceu Nosso Senhor e, mostrando-lhe, a chaga do Coração disse:

“A fadiga, o sofrimento, meu filho, não me impediram de chegar ao alto do Calvário!”

Que nenhum sofrimento nos afaste da via da cruz. É preciso sofrer! Vamos corajosos até o Calvário! A cruz é pesada e o caminho áspero e difícil. Coragem! Adiante vai Nosso Senhor com mais pesada Cruz!

“A fadiga e o sofrimento — diz Jesus ao seu servo — não me impediram de chegar ao alto do Calvário”

Nada de covardia! Não fujamos horrorizados do Calvário, como o fizeram os discípulos naquela triste noite da Paixão. Sejamos os Cireneus de Jesus, pela nossa vida de reparação e de amor. Vamos! Um pouco mais de generosidade! Sejamos para Jesus Crucificado Maria, João e Madalena. Maria, pelo amor, João, pela fidelidade, Madalena, pelo arrependimento.

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Intenção: Os que Sofrem

Enquanto meditamos este mistério, voemos pelo nosso pensamento através de todo este mundo imenso onde sofre tanto a pobre criatura humana! Meu Deus! Que angústias e amarguras, que dores físicas e morais, que tormentos indizíveis de tantas almas! Como se sofre na terra! Lembremo-nos de tantos enfermos, de tantos desgraçados enfim. E qual de nós não tem sempre diante de si um quadro de dor?

Oremos pelos que sofrem e, sobretudo, os que se debatem no desespero e talvez tentados pelo suicídio! É tão fácil perder a paciência nas doenças prolongadas!

Se soubéssemos o que passam tantas pobres almas em certas horas trágicas da vida! Oremos por elas, peçamos a Nossa Senhora pelos que sofrem e são tantos! Como o Rosário de Maria faz bem aos que sofrem!

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EXEMPLO

O Terço o salvou

Em muitas famílias existe o piedoso costume de se rezar o Terço, em comum, durante o inverno, desde a festa de Todos os Santos até a Páscoa da Ressurreição. Uma família da Alemanha conservava esta tradição. Infelizmente, formou-se uma sociedade secreta nessa Aldeia. André, o pai dessa família, cristã, deixou-se seduzir e começou a frequentar a taverna, na qual, todas as noites, se reunia a nova sociedade. Em breve, não só deixou de rezar o Terço, mas descuidou de seus deveres de cristão. A nova seita luterana influiu tanto sobre seu espírito que ele, em breve, se tornou um inimigo encarniçado do catolicismo. Sua mulher, inabalável na fé, seus filhos e amigos aconselharam-no caridosamente, suplicaram para que deixasse a maldita seita… Mas nada serviu senão para irritá-lo cada vez mais. A fim de abafar os gritos da consciência, afastou-se de casa e partiu para Berlim, levando o pouco de dinheiro que possuía. A desolação entrou na família e o escândalo, na paróquia. A mulher e os filhos redobraram de fervor na reza cotidiana do Terço. Após muitos anos de ausência, o homem voltou ao lar paterno, porém, protestante; como era o chefe da família, declarou não querer saber mais de Terço. Só a graça podia vencer aquele pobre desencaminhado. Encomendaram-no ao Apostolado da oração, e, para não incomodá-lo, a mulher e os filhos rezavam o Terço num quarto reservado. Uma tarde, assistiu à recitação do Terço, quieto, num canto; nos dias seguintes, foi mais brando; na véspera da festa da Imaculada Conceição, respondeu em voz alta a todas as Ave-Marias. Acabava de se converter pela intercessão de Maria. André foi ter com o pároco para preparar a sua abjuração pública, em reparação do escândalo dado.

Largando o Terço, André tornou-se infiel e apóstata; tomando-o de novo, achou a salvação e a felicidade.

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(BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. O Mês do Rosário, Edições do “Mensageiro do Santíssimo Rosário”, 1943, p. 195-202)