Necessidade da ciência cristã
A interpretação da lei corresponde ao sacerdote, diz São Jerônimo: Legis interpretativo, sacerdotis officium est (Epist. ad Nepotian.). Tu, porém, mantém firme o que aprendeste e te foi confiado[1], considerando quem te ensinou tal doutrina. A ciência é necessária até para dar regras ao zelo. O zelo, diz São Bernardo, não é verdadeiramente eficaz senão quando vai unido à ciência: então, será mais útil; enquanto que, muitas vezes, é danoso o zelo sem ciência. Quando mais ardente o zelo, mais ativo o espírito e mais persuasiva a caridade, e tanto mais precisa é a ação da ciência, para saber limitar o zelo, moderar o espírito e dirigir a caridade (Tract. De Inter, Dom.). Se estiver pendente ante ti uma causa, diz o Senhor, no Deuteronômio, e achares ser difícil ou duvidoso o discernimento entre sangue e sangue, entre pleito e pleito, entre lepra e lepra (isto é, em matérias criminais, civis ou de culto), e vires que são vários os pareceres dos juízes que há em tua cidade, dirige-te e acode ao lugar que terá escolhido o Senhor teu Deus, onde recorrerás aos sacerdotes de linhagem levítica, e àquele que, como Sumo Sacerdote naquele tempo, for Juiz Supremo do povo; e os consultarás, e te manifestarão como hás de julgar segundo a verdade. E farás tudo o que te disserem aqueles que presidem o lugar escolhido pelo Senhor, e o que te ensinarem conforme sua Lei; e seguirás a declaração deles, sem desviar-te nem à direita nem à esquerda (Dt 17, 8-11). A palavra Paraíso vem da expressão hebraica PARDES Ó PARA, que quer dizer Jardim dos Mirtos. Deste vocábulo, os latinos tomaram Paradisus (Paraíso). Há três Céus: o céu atmosférico, o céu em que efetuam suas evoluções os astros, e o Céu dos bem-aventurados, onde a descoberto habita a Divindade.
O Céu é a obra prima de Deus
Santo Tomás pergunta se poderia Deus fazer coisas maiores, mais perfeitas do que todas aquelas que fez, e este Santo Doutor responde afirmativamente; porém, excetua sem embargo três realidades: Jesus Cristo, a Virgem Maria e a bem- aventurança dos eleitos. A humanidade de Jesus Cristo deve se achar excetuada, diz-nos Santo Tomás, porque está unida a Deus de uma maneira hipostática; também a bem-aventurada Virgem Maria, porque é Mãe de Deus; e a bem- aventurança criada, porque é o gozo de Deus. A humanidade de Jesus Cristo, a Virgem Maria e a bem-aventurança, ou o Céu, tomam do Bem infinito, que é Deus, certa perfeição infinita. Logo, nada pode Deus fazer melhor, assim como nada pode, tampouco, existir melhor que Deus (S. Th. I, q. 2; a. 6).O que é a cegueira espiritual
A cegueira espiritual nada mais vem a ser do que certa estupidez, um embrutecimento do espírito que impede de ver e degustar as coisas divinas. A cegueira espiritual pertence particularmente à inteligência, e é um endurecimento da vontade. Uma e outra coisa são pecados, a pena do pecado e um princípio de pecado. A cegueira espiritual, que afasta somente a Deus, porque Ele é a verdadeira luz, segundo diz Sano Agostinho, é um pecado pelo qual se deixa de crer em Deus; é a pena do pecado, porque castiga o coração orgulhoso, atraindo para si, com justiça, o ódio de Deus; é um princípio de pecado, quando o coração, enganado pela paixão, leva a cometer o mal[1]. Assim, os judeus, cegos pelo erro e pelo endurecimento do coração, perseguiram a Jesus Cristo, e deram-Lhe a morte.Deus prescreve o canto
Cantai ao nosso Deus, cantai, diz o Salmista cantai, cantai salmos a nosso Rei, porque Deus é o Rei de toda a terra: cantai-lhe salmos com sabedoria: Psaliite Deo nostro, psallite; psallite Regi nostro, psallite; quoniam Rex omnis terrae Deus; psallite sapienter (Sl 46, 7-8). Reis da terra, cantai ao Senhor, celebrai em coro ao Eterno; cantai salmos a Deus que se elevou ao mais alto dos Céus, desde o Oriente (Sl 67, 33-34). Entoai salmos, tocai pandeiro, o harmonioso saltério junto com a cítara: Sumite psalmum, et date tympanum; psalterium jucundum cum cithara (Sl 80, 2). Tocai as trombetas no novilúnio, no grande dia de vossa solenidade (Sl 80, 3) cantai ao Senhor um novo cântico: Ele fez maravilhas: Cantate Domino canticum novum, quia mirabilia fecit (Sl 97, 1). Cantai seus louvores, cantai-os acompanhados de instrumentos: Cantate ei, et psallite ei; narrate omnia mirabilia ejus (Sl 104, 2). Segundo São Jerônimo, Adão foi sepultado no Calvário, no mesmo lugar em que foi crucificado Jesus Cristo. Deste fato, fazem derivar o nome do Calvário que tem a montanha da crucificação, nome devido a cabeça de Adão ali enterrada. Costumam dar essa mesma razão para explicar o costume dos pintores de colocar uma cabeça ao pé da cruz de Jesus Cristo[1]. Orígenes, Epifânio, Santo Atanásio, São Cipriano, Santo Ambrósio etc. participam também da opinião que Adão foi sepultado no Calvário.