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O velho Simeão no Templo

Meditação para o Sábado da 4ª Semana depois da Epifania. O velho Simeão no Templo

Meditação para o Sábado da 4ª Semana depois da Epifania

SUMARIO

Depois de termos considerado Jesus e Maria no templo, resta-nos ali considerar o santo velho Simeão. Veremos:

1.° Como ele se preparou para o seu feliz encontro com Jesus;

2.° Qual foi a sua alegria e a sua dor neste encontro.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De nos prepararmos com mais cuidado para as nossas comunhões com uma vida santa e fervorosos desejos;

2.° De nos deixarmos guiar em tudo pelo espírito de Deus e não pelo espírito do mundo.

O nosso ramalhete espiritual será o cântico de Simeão:

“Agora, Senhor, é que vós despedis o vosso servo em paz” – Nunc dimittis servum tuum, Domine (Lc 2, 29)

Meditação para o Dia

Adoremos o Menino Jesus reclinado nos braços do velho Simeão, iluminando o seu espírito, e enchendo o seu coração das mais doces, consolações. Supliquemos-lhe que nos permita participar das graças deste santo velho.

PRIMEIRO PONTO

Como se preparou Simeão para o seu feliz
encontro com Jesus no templo

O Evangelho refere-no-lo por estas palavras:

“Havia então em Jerusalém um homem chamado Simeão, e este homem justo e timorato esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele” – Homo erat in Jerusalem, cui nomem Simeon, et homoiste justus et timoratus, expectans consolationem Israel: et Spiritus Sanctus erat in eo (Lc 2, 25)

Estudemos todos os traços deste belo retrato:

1.° Simeão era justo e timorato, isto é, que possuía todas as virtudes, que evitava com grande cuidado todo o pecado e consumia toda a sua vida no amor e serviço de Deus;

2.° Esperava a consolação de Israel, isto é, que desprendido de tudo, nada mais desejava no mundo senão ver a Jesus e morrer;

3.° O Espírito Santo estava nele, isto é, que cheio do Espírito de Deus, se guiava em tudo pela luz e pelo impulso deste divino Espírito: consultava-o; o Espírito Santo respondia-lhe, dirigindo todos os seus pensamentos, todos os seus atos; e nestas piedosas relações o Espírito Santo lhe tinha dito, que ele não veria a, morte sem ver primeiro o Cristo do Senhor. Tal foi a vida santa com que se preparou Simeão para o seu ditoso encontro com Jesus no templo.

Nós também somos chamados a deliciosos encontros com Jesus nas nossas igrejas, à visita do Santíssimo Sacramento, à comunhão, à missa. Apreciamos este favor como o apreciava Simeão? Desejamo-lo como ele? Preparamo-nos para isso como ele, com uma vida pura, com a fugida do pecado, com a prática das virtudes, com a união com o Espírito de Deus, e com a nossa submissão às Suas santas inspirações?

SEGUNDO PONTO

Alegria e dor de Simeão no templo

Avisado pelo Espírito Santo do dia e da hora em que Jesus havia de chegar ao templo, o santo Simeão para lá se dirige cheio de júbilo. O espírito de Deus mostra-lhe o Messias, que ele esperava, no abençoado Menino, para, quem nem os sacerdotes nem o povo olhavam. Aproxima-se dEle, e contemplando-O com amor, o seu coração exubera de gozo. Maria, contente de achar tão digno adorador de seu querido Filho, põe-lh’o nos braços; e quem poderia dizer com que alegria ele recebeu este precioso depósito, como O apertou ao seu peito, O banhou de lágrimas, O cobriu com os seus beijos? Nestes santos afagos, o seu coração, inundado das delícias do paraíso, não soube dizer já senão o seu magnifico cântico:

«Agora é, Senhor, que despedis o vosso servo em paz, segundo a vossa palavra, porque já os meus olhos viram o Salvador, que vós n os destes»

Tal é, nas almas bem preparadas, o fruto de uma boa comunhão; por ela possuímos a Jesus, não nos nossos braços, mas, o que vale mais, no nosso peito; e esta íntima aliança do Criador com a sua criatura, desprende o coração de tudo o que não é Deus. Amamos a Deus, gozamo-lO; toda a terra nada é já para quem possui tão grande tesouro, e já não se aspira senão a morrer, para o amar mais perfeitamente e sempre. Todavia, a esta inefável alegria do velho Simeão se juntou também uma inefável dor. Deus, esclarecendo-o a respeito do futuro, lhe mostrou na série dos anos:

1.º O divino Menino alvo da contradição;

2.° O coração de Maria traspassado de uma espada de dor;

3.° O Salvador de Israel tornando-se a ruína de um grande número, e os secretos pensamentos de muitos descobertos.

Como estas revelações afligiram a sua alma tão boa! Que! Jesus tão amável, alvo da contradição! Sim, Ele terá por contraditores os que não querem aceitar a austera doutrina do Evangelho acerca da paciência, da resignação, da abnegação, das perseguições, que podem conquistar o reino dos céus. Que! Maria será a Rainha dos mártires! Sim, pela parte que tomará nas dores do Calvário e na perda de tantas almas. Que! O Salvador dos homens será a ruína de muitos e descobrirá os seus mais secretos pensamentos! Sim, será a ruína dos que não quiserem salvar-se; e revelará no dia do juízo os seus mais recônditos pensamentos. Oh! Quão terrível é não amar a Jesus, e não tirar proveito da redenção que nos oferece!

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo I, p. 264-269)