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O Augustíssimo Nome de Maria

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Nome saudável

A Mãe de Deus, diz São Bernardo, não podia ter um nome que melhor lhe conviesse, nem que melhor significasse suas grandezas, excelência e dignidade, do que o nome de Maria. Significa em hebraico Estrela do mar. Maria é com efeito a nossa estrela e guia, no mar tempestuoso deste mundo.

“Ó homem, quem quer que sejas, exclama o mesmo Santo Padre, queres evitar um triste naufrágio? Volta-te para Maria, fita os olhos nesta estrela benéfica. Nas tentações e nos perigos, olha para a estrela, invoca a Maria. Se te achas agitado pelas ondas da soberba, da ambição, da maledicência, da inveja, olha para a estrela, invoca a Maria. Em todos os perigos, em todos os revezes, nas mais penosas extremidades da vida, pensa em Maria, invoca a Maria. Esteja o seu nome santíssimo sempre na tua boca, sempre no teu coração; seguindo-a, não te perderás; implorando-a, não te entregarás à desesperação; se ela te sustentar, não cairás; se te proteger, nada terás que recear; se te for favorável, chegarás ao porto da salvação”

Nome glorioso

O Nome de Maria também significa Senhora, Soberana. Ela é com efeito rainha do universo, a soberana dos anjos e dos homens; é nossa soberana, nossa senhora por excelência, e singular prerrogativa. Neste sentido é que todos os povos comumente lhe chamam Nossa Senhora. Em toda a parte o preclaro nome de Maria traz consigo o mesmo caráter de grandeza, e anuncia o poder e glória daquela senhora, que com ele se enobrece. Preenchei, divina Maria, preenchei toda a extensão do vosso nome: sede respeitada no céu, reverenciada na terra, temida nos infernos. Reinai abaixo de Deus sobre tudo o que a Ele é inferior; mas reinai principalmente em nossos corações. Sede nossa consolação nas penas, força nas fraquezas, conselho nas dúvidas e esperança na hora da morte.

Nome respeitável

“O céu e a terra, diz o Seráfico Patriarca de Assis, não reconhece nome algum, depois do de Jesus, que procure aos homens mais graças, que nutra mais a sua esperança e que lhes faça gozar mais doçuras, do que o nome de Maria”

“Feliz quem respeita e ama o vosso nome, ó Virgem santa, diz São Boaventura. O vosso favor o sustentará nas penas, e produzirá nele frutos abundantes”

Ó nome augusto de Maria, ninguém pode pronunciar-te, sem sentir consolação. Quão glorioso e admirável é o vosso nome, ó minha divina Mãe! A sua força dissipa e vence as tentações do inferno. Ah! Celeste Maria! Se eu vos tivesse sempre invocado nas tentações, não teria caído em tão enormes pecados! Daqui em diante não deixarei de implorar o vosso socorro em todos os perigos, esperando que me haveis de defender contra todos os assaltos dos inimigos da minha salvação.

ORAÇÃO

Ó Santíssima e amabilíssima Virgem Maria, não pode a boca pronunciar o vosso nome, sem que o coração se sinta abrasado em amor para convosco.

Quem vos ama, não pode pensar em vós, sem que se sinta movido a amar-vos cada vez mais. Ó Maria, ó poderosa rainha! Fortalecei nossa fraqueza, alcançai-nos as graças de que mais precisamos neste vale de lágrimas. Ah! Quem mais próprio para falar a Deus em nosso favor, do que vós, ó Maria, que de tão perto gozais a sua divina presença? Falai por nós, ó Maria, nossa rainha e advogada, falai que vosso divino Filho vos atende, e nos concederá tudo quanto lhe pedirdes. Porém, a principal graça que vos pedimos é que nos alcanceis de Jesus, é que O amemos com todo o coração nesta vida, para conseguirmos a ventura de O amar eternamente no céu.

Agora se faz o Ato após a Meditação

EXEMPLO

Uma conversão in extremis

Vivia tranquilo na sua aldeia um jovem em quem havia bastante tempo, se tinham declarado os sintomas de uma tisica, quando a notícia das maravilhas da Exposição universal de 1888 veio tirá-lo da sua tranquilidade, despertando-lhe o desejo de contemplar com os próprios olhos aquele brilhante conjunto de numerosos produtos das ciências e das artes!

Como tinha família em Paris, tornava- se-lhe fácil a execução, dos seus projetos, e partiu para a capital, contando passar ali alguns dias de verdadeira satisfação.

Enganou-se redondamente. Como muitos outros foi encontrar a morte, onde só procurava o prazer!

Logo aos primeiros dias a moléstia se agravou sendo forçado a recolher-se ao leito, sem contudo ninguém o julgar em perigo. A verdade, porém, é que o mal progredia a galope, e o médico declarou formalmente que o doente não podia viver mais que alguns dias. O excessivo calor apressava o andamento da enfermidade, e o momento fatal aproximava-se com espantosa rapidez! Uma irmã do enfermo vendo-o quase agonizante dirigiu-se à igreja de Nossa Senhora das Vitórias, para implorar da Santíssima Virgem a conversão ou a vida daquele que tanto amava.

Terminando a oração, levantou-se e, como que cedendo a uma inspiração, foi procurar um sacerdote, para lhe pedir que fosse visitar o enfermo e oferecer-lhe os auxílios da religião.

Como desta primeira tentativa não tiraram resultado algum, julgaram tudo perdido; mas Nossa Senhora velava, e não permitiu a morte impenitente desse pecador que, a dois passos da sua igreja, parecia ter direito à sua maternal proteção.

Apenas o pároco da freguesia foi avisado do que se passou, dirigiu-se, mesmo sem o chamarem, à residência do enfermo, para tentar um último esforço.

“— É inútil, sr. cura, lhe disse a irmã, o doente declarou ainda há pouco que não quer receber ninguém.

— Mas olhai, minha filha, não é verdade que ainda hoje fostes implorar a proteção da Santíssima Virgem, e que foi Ela quem vos sugeriu o piedoso e caritativo pensamento de facilitar os socorros da religião, a este vosso irmão? Quereis então resistir a essa boa inspiração negando-me acesso junto do enfermo?

— Padre, julgo que já cumpri o meu dever, embora infelizmente não colhesse resultado. O doente apenas se lhe falou na necessidade de se confessar, irritou-se deveras, e agravaram-se-lhe os padecimentos. A resolução que ele tomou é irrevogável, recusa o vosso ministério, é inútil insistir”

O sacerdote comovido disse-lhe ainda:

“— Sei que amais muito vosso irmão e, sendo assim, podeis acaso conformar-vos com a ideia de que ele morra sem os socorros da religião, sabendo que há muitos anos se não aproxima dos sacramentos?

— Custa-me muito, sr. cura, mas a sua vontade é formal, e eu nada posso fazer.

— Gostareis de morrer assim, minha filha? Quereríeis expôr-vos, por um excesso de mal compreendida complacência, a uma desgraça semelhante, com que Deus vos pode castigar?

— Deus não me castigará por ter respeitado a vontade de meu pobre irmão.

— Mas ainda assim, tentai pela última vez; tereis então cumprido o vosso dever.

— Sei que tudo é inútil, mas para ficar tranquila obedecer-lhe-ei.”

Instantes depois, chamavam o sacerdote para a cabeceira do enfermo dizendo-lhe que ele consentia em recebê-lo, mas que não se demorasse para o não fatigar.

Não havia tempo a perder. Apressadamente dirigiu-se para o quarto do doente que parecia agonizar, e que ao ver o sacerdote fixou nele os olhos, dilatados pelos espasmos, exprimindo um descontentamento muito próximo da cólera.

“— Meu querido amigo, disse-lhe o pároco, não quero aborrecer-vos nem fatigar-vos. Provavelmente tendes sido um homem muito honrado, mas o que resta saber é se a vossa vida tem sido a de um bom cristão. Para isso basta que respondais com um simples movimento de cabeça às perguntas que vou dirigir-vos.”

Depois de um curto exame de consciência exortou o enfermo ao arrependimento dos seus pecados, deu-lhe a absolvição e retirou-se.

Nessa tarde, recitando o terço na igreja, pediu aos fiéis que assistiam, para oferecerem a última dezena à Santíssima Virgem, por uma alma prestes a comparecer na presença de Deus.

Qual não foi porém a alegria deste bom pároco quando na manhã do dia seguinte lhe vieram dizer que o doente o mandava chamar! Partiu sem demora, e apenas o doente o viu exclama:

“— Sr. Cura, perdoe-me tê-lo ontem recebido tão bruscamente. Compreendo hoje o mal que fiz e a importância do ato que ontem me fez praticar. Peço-lhe que me administre os últimos sacramentos, se deles me julga digno.

Há muito tempo que não cumpro os deveres de cristão, e quero agora cumpri-los dignamente!”

Inútil será dizer como o bom padre acolheu os desejos do moribundo. Preparou-o um pouco melhor, e fortificando as suas boas disposições, deu-lhe o sagrado Viático e em seguida a Extrema Unção.

Horas depois o nosso querido doente exalava docemente o último suspiro, e os assistentes em presença de tão santa morte não puderam deixar de exclamar:

“Eis uma alma que vai entrar no céu pela intervenção de Maria!”

Mais uma vez a Augusta Rainha do Céu, quis mostrar se o Refúgio dos pecadores!

OUTRO EXEMPLO

A medalha da Santíssima Virgem lançada a um enfermo por uma criança, no dia da sua primeira Comunhão

Sr. Cura de Nossa Senhora das Vitórias

Não posso deixar de lhe comunicar uma maravilhosa conversão alcançada pela Santíssima Virgem, no dia em que minha sobrinha fez a sua primeira Comunhão. Esse belo dia passou, mas a lembrança dele ficará para sempre gravada na memória e no coração daqueles que então obtiveram mais uma prova da misericordiosa ternura da santa Mãe de Deus!

— Meu irmão, pai de minha sobrinha, tinha um íntimo amigo, que havia dois anos sofria de uma tuberculose. A moléstia tinha feito rápidos progressos e o termo fatal aproximava-se, sem que alguém lembrasse ao pobre enfermo a necessidade de receber os sacramentos.

A ideia de que ele morreria impenitente afligia meu irmão, mas faltava-lhe coragem para tentar remediar o mal.

No entanto chegou o dia em que minha sobrinha Maria tinha de comungar a primeira vez.

Era imenso o contentamento de toda a família que rodeava a criança a qual, piedosamente ajoelhada à Santa Mesa, recebeu o seu Deus num perfeito recolhimento.

Contudo no coração de meu irmão, uma sombra toldava o brilho da sua paternal alegria: era a recordação do amigo!

Ajoelhando-se para pedir à Santíssima Virgem que se dignasse abençoar-lhe a filha, não se esqueceu de pedir também fervorosamente a conversão daquele a quem o ligavam os laços de uma estreita amizade!

Passarei em silêncio as tocantes cerimônias deste belo dia, para mais depressa chegar à maravilhosa conversão que foi a sua consequência.

Minha sobrinha julgava-se verdadeiramente feliz e não cessava de o fazer conhecer às pessoas que o rodeavam; meu irmão, que escutava a filha extasiado, foi repentinamente assaltado de uma ideia e, tomando-a por uma inspiração da Santíssima Virgem, pô-la imediatamente em prática.

Mandou comprar uma medalha de N. Senhora e entregando-a a Maria, disse-lhe que desejava que ela própria a fosse oferecer ao seu pobre amigo. Em seguida pai e filha dirigiram-se para casa do enfermo e a menina aproximando-se do leito, pediu-lhe que recebesse aquela medalha que lhe vinha oferecer, como uma recordação do dia mais feliz da sua vida e da sua primeira comunhão. Quiz ela mesma lançar-lhe ao pescoço, no que o pobre doente consentiu comovido, prometendo-lhe que todos os dias a beijaria, recitando a jaculatória:

— Ó Maria Refugio dos pecadores etc.

Animado então pelas boas disposições em que o via, meu irmão esperou que os assistentes se retirassem e, a sós com ele e minha sobrinha, falou-lhe na necessidade de receber os sacramentos, e, como o pobre enfermo quase não opusesse resistência, foi no dia seguinte prevenir o pároco da freguesia de que podia, em vista do que na véspera se tinha passado, apresentar-se ao doente.

O digno sacerdote assim o fez, e foi encontrar o pobre moribundo, sob a mesma boa impressão, beijando e apertando devotamente entre as mãos a medalha milagrosa!

Acolheu o sacerdote comovido e fez-lhe com lágrimas de verdadeiro arrependimento a confissão dos seus crimes; recebeu todos os sacramentos e passados três dias morria da maneira mais edificante.

Glória a Nossa Senhora das Vitórias que salvou por intermédio de minha sobrinha e de seu pai esta alma que agora espero pedirá por eles!

Quantos pais de família poderiam aproveitar se de uma primeira Comunhão para obter a conversão de algum pobre pecador enfermo!

Não há ninguém que não se comova à vista de uma piedosa criança, toda embalsamada pela presença do Deus, que acaba de receber a primeira vez, e sobre os enfermos ainda com muito mais razão se exercerá esta poderosíssima influência.

Possa este exemplo sugerir bons pensamentos e santas resoluções aqueles que dele tiverem conhecimento, e aumentar mais e mais a confiança sem limites que devemos ter na augusta Rainha do Céu!

LIÇÃO
Sobre a Devoção ao Santíssimo Nome de Maria

Recorrei confiados à proteção de Maria, em todos os vossos trabalhos; e, como eles são frequentes, ande incessantemente o nome de Maria, depois do de Jesus, nos vossos lábios, esteja profundamente gravado no vosso coração.

Nome de Maria! Sagrado, amável nome! Nunca se pronuncia com devoção, que se não pronuncie com fruto!

Feliz quem frequentemente o invoca com amor, o saúda com devoção, o respeita com sinceridade, nele deposita plena confiança.

Depois do Nome de Jesus, nome sobre todo o nome, não há outro mais venerável, mais doce, mais proveitoso aos fiéis.

Invocando a Maria, o pecador sente-se cheio de confiança na misericórdia divina; o justo alcança maior caridade; o tentado, vitória contra as suas paixões; o aflito, paciência e consolação.

Ah! Depois do Nome de Jesus, seja para nós o nome de Maria refúgio nas aflições, conselho nas dúvidas, força nos combates, e guia em todos os passos.

Máxima Espiritual

“O nome de Maria é alegria no coração, mel na boca, e melodia no ouvido” – Santo Antônio de Lisboa

Jaculatória

Mater Christi, ora pro nobis

Mãe de Cristo, rogai por nós

Agora se faz as Encomendações e outras Orações


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(SILVA, Pe. Martinho António Pereira da. Flores a Maria ou Mês de Maio consagrado à Santíssima Virgem Mãe de Deus. Tipografia Lusitana, Braga, 1895, 7.ª ed., p. 76-87)