Skip to content Skip to sidebar Skip to footer

Na Linda Natureza de Deus

Na Linda Natureza de Deus

Confira todos os capítulos do livro Na linda Natureza de Deus, do Mons. TIhamer Toth!

O “Rhynchites betuleti”, construtor de funis

Na linda natureza de Deus
“Existe um pequeno besouro, o 'Rhynchites Betuleti', menor do que a mosca, — um matemático mais hábil do que a abelha. Esta só trabalha com logaritmos, enquanto que aquele, com cálculos diferenciais e integrais”. “E por que se dedica a tais horrores?”, perguntou Júlio espantado. “Ora, porque tem um problema difícil de resolver. Primeiro, ele é capaz de pôr somente alguns ovos, os quais, além disso, são extremamente susceptíveis ao calor e à umidade. Segundo, deve protegê-los contra os salteadores. Enfim, precisa cuidar de que as cegas larvinhas recém-nascidas encontrem imediatamente seu alimento. Imaginem agora: Se esse besourinho refletisse com seu juízo de inseto, que deveria ele pensar?

As sábias abelhinhas

Na linda natureza de Deus
“Ai! Depressa! Onde está o amoníaco?!”
Jorge era que cuidava da farmácia portátil. Francisco, que soltara tais gritos, tivera a desgraça de ser picado por uma abelhinha, justamente na ponta do nariz. Por isso, aquele barulho infernal. De nariz inchado saltava e pulava, enquanto segurava na mão o atrevido inseto morto.
“Veja só, que animal estúpido é a abelha, enquanto age tão inteligentemente em outras coisas”, começou o professor, quando amoníaco tinha aliviado um pouco as dores do rapaz. "Tola foi ela, quando lhe aplicou a ferroada, não sabia que o ferrão havia de quebrar e, com isso, estava condenada à morte. Sabem que a mesma abelha, em outros assuntos, por exemplo, na alta matemática, é mais versada do que muito bacharel?” “Na matemática? A abelha e matemática? Como pode rimar isso?” “Sentem-se, e ouçam”

O trabalho da folha

Na linda natureza de Deus
“Vocês sabem que a função da folha é ainda muito mais assombrosa do que, a da raiz? A folha é o pulmão da árvore, com o qual respira; á também a boca, porque, assim como a raiz, ela deve ingerir parte do alimento, é ainda o estômago, visto como lhe cabe digerir e assimilar o alimento absorvido.” “Ah, sim”, observou Paulo. “Nós aprendemos que a árvore morre se a despojarmos de sua folhagem.” “Não é para menos. Prive a alguém de seus pulmões, boca e estômago!... Entretanto, as folhas podem corresponder a essa função complica da e múltipla, somente quando existem em número suficiente, têm uma forma adequada e estão expostas ao ar e à luz do sol na proporção exigida”. “E se as folhas fossem todas bem grandes, não seriam mais apropriadas para esse fim?”

Um rato na tenda

Na linda natureza de Deus Esta madrugada, bem cedinho, os ocupantes da outra barraca foram acordados do melhor do seu sono por um grito terrível. Sobre o colchão, estava sentado o Celsinho, tiritante como um treme-treme, pálido como a morte. Custou muito, até que pudesse explicar-se, suspirando:
“Um rato! Um verdadeiro rato! Correu por cima do meu colchão... Brrr!” “Mas Celso! Tal escândalo por causa dum rato!”
Depois do almoço, Luís nosso “factotum” pôs mãos à obra. À fim de assegurar o equilíbrio mental de Celsinho, construiu uma ratoeira. Em cima duma tabuinha fixou uma espécie de gaiola de arame, à qual dava acesso uma abertura, munida de arames que se iam estreitando para o interior. Lá dentro, um pedaço de toucinho serviria de isca. Os companheiros seguiam atentos o trabalho do amigo.

Uma excursão

Na linda natureza de Deus Hoje levantamo-nos uma hora mais cedo; tratava-se de fazer uma excursão a um monte vizinho, que proporcionava uma esplêndida vista das vizinhanças. Quem tinha os pés doloridos ficou no acampamento; os outros nós pusemos a caminho, de bom humor, às 7 horas. Depois de uma marcha de cerca de hora e meia, através duma floresta magnífica, chegamos a uma clareira, coberta de árvores tombadas. Um mês atrás, um tufão assolara a região e derrubara muitas árvores seculares. O professor mandou fazer alto, para que o grupo pudesse descansar e tomar o lanche. Ainda não eram 9 horas, mas fazia bem tomar um pouco de fôlego. Inúmeras folhas caídas cobriam o solo e os galhos secos das árvores abatidas estalavam sob o peso dos rapazes empoleirados.
“Quantos mortos jazem aqui em redor de nós!”, começou o professor. “Quantos gigantes da floresta terão baqueado assim, com as tempestades, através dos milênios, corroídos pela idade. Estamos parados num grande cemitério. Que pensam vocês? Que foi feito dos milhões e miIhões de folhas caídas no outono? Pois, se os troncos, galhos e folhas se amontoassem, resultaria um montão a sufocar qualquer vida. Onde foram parar? Carlos, remexe um pouco o chão com a vara.”
Quatro ou cinco lançaram mão de seus bordões. Uma camada amarelo-cinzenta de folhas bolorentas, meio apodrecidas, apareceu.

A chuva cai das nuvens

Na linda natureza de Deus Desde ontem à tarde está caindo uma chuva fina, persistente, magnífica para pôr à prova a disposição mental dum bivaque. Enquanto há o sorriso do Sol, nada parece difícil no acampamento: descascar batatas, buscar leite, arrumar as tendas... tudo se faz brincando. Mas num dia feio e chuvoso como o de hoje?... Chove desde ontem, e não é uma boa pancada d’água, como uma trovoada de verão em regra; é um gotejar lento... ora para, ora recomeça. É o primeiro dia de acampamento em que não tivemos missa, ainda por causa da chuva. Sem missa, falta alguma coisa no dia! A assistência diária à Santa Missa é para nós real prazer. Mais da metade dos nossos comunga diariamente. Ninguém os obriga; é espontâneo. Não é difícil viver puros, quando nos sentimos tão perto de Deus. Hoje tínhamo-nos reunido na barraca maior. Tratava-se de não deixar aparecer o aborrecimento. A princípio naturalmente, falou-se, da chuva e da umidade do ar.

Roda e rodinha

Na linda natureza de Deus
“Por que é que suas mãos estão cheias de giz?”, disse o professor a Carlos. “Pus em ordem minha mochila; estava lá dentro um pedaço de giz todo esfacelado; e o resultado foi este”. "Você não imagina que maravilha havia de ver se observasse no microscópio um pedacinho de giz natural, por exemplo da costa de Dover! Um pó constituído de inumeráveis conchinhas de animaizinhos que já não existem hoje. As rochas brancas de Dover são formadas de bilhões de casinhas de animalejos que viviam há centenas de milhares de anos”. “Ah, conte-nos hoje de novo alguma coisa”, pediu Carlos, “ontem estava tão bonito! Sim?”
Os demais associaram-se impetuosamente ao pedido de Carlos e o professor teve de ceder.
“Está bem, rapazes. Contudo, hoje não lhes quero falar dos astros imensos, mas de seres invisíveis, minúsculos, lembrados pelo giz de Carlos. Esses diminutos seres produzem-me impressão ainda maior do que os gigantes do céu. Extasiados contemplamos a obra de arte do corpo humano ou animal, bem como admiramos as maravilhas do firmamento. Quanto mais maravilhoso, porém, é encontrar aglomerados todos os órgãos vitais, esqueleto, veias, nervos, músculos, coração, olhos, etc., num animalzinho invisível à vista desarmada! O naturalista tem que emudecer ante o Espírito superior, capaz de resolver, nesses seres imensamente pequenos, os problemas da vitalidade. Tenho justamente comigo um livro de Gardini. Carlos lhes lerá algumas páginas que falam desses seres misteriosos".

O itinerário das estrelas

Na linda natureza de Deus
“Mas, por favor, senhor professor, o senhor ainda não contou nada dos habitantes de Marte”, interrompeu impaciente o Celsinho. “Escutem: Durante algum tempo os homens se preocuparam com o problema de como se poderiam fazer sinais aos pretensos habitantes de Marte. Era, todavia, preciso inventar um sinal que fosse indiscutivelmente compreendido naquele planeta, suposto que lá existam seres racionais. Sabem o plano que se imaginou? Queriam cavar no deserto do Saara um enorme triângulo.” “O que!”, exclamou Celso. “Para que serviria?” “Eu sei. Se os habitantes de Marte vissem o triângulo, deveriam notar imediatamente que na terra existem seres racionais.” “Exato. Esse plano, entretanto, não foi realizado, e não podemos responder à questão do Celso. Deixem, porém, vagar vosso olhar pelo firmamento, pela terra, pelo universo todo! Não é apenas um triângulo que nos fala, mas a beleza, a ordem, o conjunto harmonioso de todo o mundo nô-lo proclama, como um hino de louvor, acima de nós existe um Ser infinitamente sábio que criou tudo isto e lhe imprimiu suas leis. Uma força sobre-humana reuniu os invisíveis átomos em grandiosos astros, deu leis às suas forças titânicas, para que não haja confusão, mas um universo lindamente ordenado, construído sobre normas exatas. Francisco, vocês já estudaram física. Lembra-se ainda qual foi autor da física?” “Lehmann!” “Oh não! Ele copiou apenas da natureza as diferentes leis que nela agem. Não foi ele quem as produziu. Quem foi que compilou as leis que sustentam o universo, como em aro de aço, de modo que ele não venha a esfacelar-se? Os físicos? Não. Eles verificam unicamente que certo astro se move com tal velocidade e percorre esta ou aquela órbita. Quem, no entanto, foi capaz de comandar os astros? Não experimentamos uma sensação de respeito, só pelo fato de pensar nisso? Não é verdade que agora podemos compreender por que um dos maiores físicos da história, Ampère, exclamava, toda a vez que, ouvia o nome de Deus: Como Deus é grande!” “Mas”, disse Francisco, “li muito acerca da teoria evolucionista, segundo a qual o mundo de hoje seria o produto da evolução, através de milhares de milhões de anos”. “Ouça, Francisco. Você ouviu falar, na aula de religião, dos dias da criação do mundo, e que não devemos entender por 'dia' o espaço de 24 horas, senão períodos de evolução, de centenas de milhares de anos. Uma coisa somente não devemos esquecer, evolução existe apenas onde existe um princípio certo, fonte de ação, onde há finalidade. A matéria e a força tendem, por natureza, para a inércia; quem, todavia, dotou a massa inerte de uma energia tão ativa, tão viva, incansável que fez florescer a riqueza de formas e cores do mundo de hoje? Quem? Só Deus Criador! Ele decretou à matéria o caminho e as leis da evolução, do progresso, do aperfeiçoamento, para uma série incalculável de milênios. A matéria em si é morta, inerme, a força é cega; — vida e finalidade só lhes podem ser impostas por uma força superior. Além disso, observemos a exatidão e a coerência férrea dessas leis! Conseguimos calcular, com a exatidão de segundos, a trajetória dos astros. Sabemos o momento em que a Lua há de encobrir o Sol, originando um eclipse. Sabemos o lugar exato onde se acha certo planeta, em determinado momento, onde se encontra presentemente o cometa de Halley e quando aparecerá de novo.” “Maravilhosa ciência, que sabe calcular tudo isso!”, exclamou Jorge. “Sim, também a ciência é maravilhosa; como será, pois, aquele que determinou tudo de antemão, para milhares de séculos! — Seu pai está na Estrada de Ferro Central, encarregado do horário geral, não é?” “Sim, senhor; ele se queixa muitas vezes da tarefa difícil, enervante, de calcular o itinerário de tantos trens, a fim de evitar atrasos, colisões, etc.” “Não é verdade que, apesar de todos os cálculos, sempre ocorrem atrasos, principalmente nas longas distâncias, e colisões? Os milhões de trens, em sua correria vertiginosa pelo firmamento, em trajeto de milhões de quilômetros, não têm atraso, nem descarrilamento. Nossa terra é um grãozinho de pó comparada com os gigantes do céu, um minúsculo terrãozinho frio ao lado dos imensos globos de fogo. Como uma bola, ela gira ao redor de seu eixo, e como o vento, ela se lança para adiante, em sua órbita. Quem terá feito o itinerário dela e dos outros corpos celestes? O percurso de Mercúrio conta 87.9O9 dias; o de Vénus 224.7O1; o da Terra 3O5.256 dias, etc., e não há nunca um segundo de atraso. Refletindo sobre tudo isso, compreende-se o naturalista Von Baer, que disse: Pensei ouvir um grande sermão, e, não sei por que, tirei o gorro da cabeça e tive a impressão que devia cantar — aleluia!” Também Newton se exprime formosamente na obra (Principia Philosophiae Naturalis Mathematica): 'O esplêndido laço que une os corpos celestes, só pode emanar da sabedoria e da vontade dum Ser inteligente e poderoso. E se as estrelas fixas são o centro de sistemas semelhantes, também estes, edificados segundo o mesmo plano, estão sob a dominação desse Único. Esse Único rege tudo, não como gênio do universo, mas como Senhor de tudo. Por causa de sua soberania chamamo-lo Senhor, Deus, Onipotente'. Prova de uma ordem maravilhosa é o fato de que as leis da natureza (gravidade, movimento, composição química, etc.) valem, sem exceção, sempre e em toda a parte. O que uma vez ficou assentado a respeito duma molécula de carbono, refere-se a todas as outras moléculas de carbono. Graves desobediências não são conhecidas na natureza! Aqui tudo obedece”.

À margem do universo

Na linda natureza de Deus
“Sem embargo, esses gigantes do céu não erram em desordem, sem destino pelos ares. O movimento de um regula o de outro. Quase que podemos perceber uma invisível mão a reger o curso deles. É exatamente essa sublime ordem e pontualidade que prende a inteligência do homem que pensa, e nos narra a insuperável sabedoria e poder de um grande Ordenador. A natureza não é um caos, e sim um cosmos (ordem); não é um amontoado de massas e energias, jogadas ao léu, em confusão, senão um maquinismo gigante, construí- do com magnifica exatidão e conservado por meio de intransigentes e intangíveis leis. A floresta, a flor, o pássaro, o animal vivem apenas o momento; ao espírito do homem, porém, foi dado elevar-se acima das coisas perceptíveis pelos sentidos, e prestar homenagem ao Criador onipotente de toda essa beleza. É esse o misterioso sentimento que se apodera de nós, nas noites tranqüilas e estreladas. Donde vem essa comoção? Vem de que todo o nosso interior anela por algo de Maior, Melhor Sublime. Saídos da mão do Onipotente, sua sede é nossa herança divina, a qual em noites serenas eleva sua voz debaixo do manto das estrelas". “Senhor professor”, adiantou Francisco, “ocorreu-me uma idéia estranha. Se eu escolhesse um astro, ao qual a luz da terra chegasse em mil anos, e se nele vivessem homens a nos observarem através dum bom telescópio, eles deveriam ver nossa terra, como ela era há mil anos, nos princípios da Idade Média. Isto é, que os raios luminosos de nossa história do ano 9OO, só agora estariam chegando àqueles habitantes. E quanto mais afastado estiver o astro, tanto mais atrasada estaria a história. Seria como se, num aparelho cinematográfico se introduzisse um filme e se fizesse passar às avessas”. “Sua idéia é, em verdade, bem curiosa”, opinou o professor. Teria dito mais, se Celso não o tivesse interrompido. “Vivem homens nos outros astros?” “Meu filho, é difícil responder a essa questão.” “Eu li que Marte é habitado”, disse Jorge. “E que alguém disse que não havia Deus. Pois se houvesse, por que não escreveu seu nome no firmamento, para que todos o pudessem ver e ninguém pudesse chamar-se ateu?” “Ora, Jorge, você mistura duas coisas", atalhou o professor. “Em primeiro lugar, por que Deus não traçou seu nome no céu? Diga, em que língua devia tê-lo feito? Você imagina, com certeza, o fato assim: a palavra — Deus — a brilhar no céu, formada de grande e luminosas letras, constituídas de estrelas. Mas, assim, só o poderiam ler os povos que falam a língua portuguesa; os outros, não.”

Entre as estrelas

Na linda natureza de Deus Depois de alguns minutos de inspeção estávamos de volta, junto à fogueira. Carlos e Francisco voltaram rindo.
“Por que se riem, rapazes?”, inquiriu o professor. “Carlos de novo quis dizer um chiste, e desta vez, por acaso, teve espírito.” “Conta! Também queremos rir.” “Ora, só me ocorreu que é interessante que o céu estrelado atrai exatamente tipos humanos opostos: o poeta e o matemático. O lírico o assalta com suaves ritmos; o astrônomo, ao contrário, com rígidos logaritmos.” “Grandioso!”, exclamou Francisco rindo, “vou contar isso amanhã aos companheiros. Mas, senhor doutor, eu me lembrei de outra coisa. Refleti, como devem ser quentes as estrelas para brilharem tanto.” “Que calor têm? Há uns astros apagados, gelados por frio glacial, e outros que são fogaréus chamejantes.” “Por exemplo, o Sol. Deve ser quente lá!” “Ouçam, rapazes,” respondeu o mestre, “a temperatura da camada externa do Sol, na superfície, conta 'apenas' 4.OOO graus, pois é um tanto arrefecida pelo ambiente frio... No interior? A respeito, podemos levantar somente hipóteses, em vista de erupções vulcânicas que, pela crosta solar fendida, se arremessam a algumas centenas de milhares de quilômetros de altura. Essas 'protuberâncias' flamejam com seu fogo incrível espaço a dentro. Já foram observadas erupções de 5OO.OOO km de altura.” “Donde tem o Sol esse horrendo calor?”, perguntou Carlos. “Olhe, você me faz uma pergunta, que ninguém sabe responder. Procurou-se explicá-lo pela contração da massa solar, por irradiações de urânio, pela temperatura que proviria da compressão dos átomos; na realidade ninguém o sabe. O padre Secchi e Ericson calculam a temperatura interna do Sol em 5 a 6 milhões de graus centígrados! Quantos graus tivemos hoje ao meio dia, quando vocês todos, ofegantes e abatidos, procuravam a sombra!” “35 graus C.” "Vejam, rapazes, qual deve ser o poder capaz de acender um fogo como o que chameja no Sol, quem sabe há quantos milhões de anos! E sabem que se julga o Sírio 3O vezes mais quente do que o Sol? Carlos, aqui tenho o livro dos Salmos, leia o início do salmo 18°”