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Que é o Rosário?

Meditação para 02 de Outubro: Que é o Rosário?

Essência do Rosário

O Rosário é uma prática de devoção em honra de Jesus e Maria. Desde a sua Encíclica primeira, a definiu Leão XIII:

“É uma fórmula composta por São Domingos que nos recorda em ordem, os mistérios de nossa salvação, para a nossa meditação, e, junta a esta meditação, uma coroa mística composta de dezenas de Ave-Marias intercaladas de Pai-Nossos”

Está aí a definição clássica e completa do Rosário dada pelo Papa na Encíclica Supremi Apostolatus de 1.º de Setembro de 1883.

Rosário, como o lembra a etimologia da palavra, vem de rosa. É uma coroa de rosas de Ave-Marias em honra de Maria Santíssima, a Rosa Mística. Compõe-se de quinze dezenas de Ave-Marias e 15 Pai-Nossos.

Cento e cinquenta vezes se repete nele a saudação Angélica e por isto o chamaram também o Saltério da Virgem. Recorda os 150 Salmos de Davi. As orações vocais, o Pai-Nosso e Ave-Maria são como que o corpo desta devoção. A alma é a contemplação dos mistérios. É, pois, uma meditação e uma oração vocal. Não basta repetir Ave-Marias e uns Pai-Nossos para recitar o Rosário. Para que realmente esta bela devoção transforme as almas, incentive a piedade e produza os frutos que sempre dela espera a Igreja, é evidente que não há de ser a mecânica e habitual recitação de umas Ave-Marias ao desfiar das contas de um Rosário material. Enquanto repetimos as duas mais belas e sublimes preces, trazemos à mente os adoráveis mistérios da nossa Redenção.

Lembramos as páginas mais vivas e tocantes do Evangelho, todos os mistérios principais da nossa fé, numa síntese admirável. Tinha razão Lacordaire quando escrevera:

Há um só livro: — “O Evangelho. E o Rosário é precisamente o resumo, a síntese do Evangelho.”

São Domingos fôra o pregador da contemplação que transborda no apostolado exterior. Aos hereges ignorantes e obstinados que negavam a Encarnação do Verbo e a maternidade Divina de Nossa Senhora, pregava ele os mistérios da humanidade de Nosso Senhor e a devoção a Maria. Depois de impressionar aos seus ouvintes com estes ensinamentos, recitava ou cantava com eles a Ave-Maria e o Pai-Nosso. A contemplação dos mistérios é a alma do Rosário, e, enquanto passam as contas entre os dedos com a Saudação Angélica e o Pai-Nosso, vamos meditando. Eis aí a essência do Rosário de São Domingos.

As Orações do Rosário

São as mais belas e as melhores do cristão — o Pater e Ave (Pai-Nosso e Ave-Maria). E por isto disse Pio XI, entre as diversas preces que dirigimos ultimamente à Virgem Mãe de Deus, ocupa um lugar particular e excepcional o Santo Rosário (1).

Tomemos nota: Lugar particular e excepcional… E por quê? Porque além da contemplação dos mistérios da nossa fé é uma coroa entrelaçada com a saudação Angélica, à qual se entremeia a oração Dominical, diz Leão XIII.

E é uma excelente maneira de rezar e utilíssima para se chegar à vida eterna. Que orações poderíamos achar mais santas e mais apropriadas para o cristão? Pergunta Pio XI.

“O Pai-Nosso é a prece que nos fornece o meio de dar glória a Deus tanto quanto é possível e considera também todas as necessidades do corpo e da alma.

Como poderia deixar o Pai Eterno de vir em nosso auxílio quando lhe pedimos pelas próprias palavras do seu Filho?

A outra prece, diz o Papa, é a saudação Angélica, que começa pelo elogio do Arcanjo Gabriel e de Santa Izabel e termina pela súplica em que pedimos o socorro da Bem-aventurada Virgem agora e na hora da morte”

Estas dezenas de Ave-Marias e os Pai-Nossos são um socorro à contemplação dos mistérios. A alma se eleva a Deus enquanto vai passando as contas do seu Rosário. Alguns psicólogos modernos, observa o Pe. Joret (2) incrédulos, reconheceram a fecundidade maravilhosa destas repetições de Ave-Marias e admiram o Rosário tão ridicularizado pelos inimigos da Igreja, “uma invenção de gênio”.

Ao invés de distrair o espírito, ao passar as contas do Rosário, ajuda a fixar a atenção e a contemplar os mistérios.

O Pe. Sertillanges, tem uma comparação feliz:

“Como a Mãe que leva a criança, o filho pequenino, a Igreja tem o cuidado de lhe pôr nas mãos qualquer coisa para o distrair, um brinquedinho, assim a criança humana que governamos e não queremos oprimir, ficará satisfeita com este brinquedo sublime de oração — o Terço”

E mais que um brinquedo é nas mãos do servo de Maria um instrumento de trabalho para a sua santificação.

Esta repetição de Ave-Marias nunca será monótona a um verdadeiro devoto de Nossa Senhora. Estimula a piedade. O Rosário é então uma completa homenagem de todo o nosso ser a Deus por Maria. Somos corpo e alma. O corpo pelos lábios e as mãos murmura as preces e desfia as contas do Rosário enquanto a alma vai meditando, contemplando os mistérios. Uma oração completa e admirável!

***

EXEMPLO

Pio IX e o Rosário

O grande Papa da Imaculada Conceição recomendava calorosamente a devoção do Rosário como arma poderosa contra os inimigos da Igreja.

“Depois de Deus, disse ele, pomos toda a nossa confiança na Virgem Santíssima! Estamos cheios de alegria ao pensar que como outrora, Ela há de destruir os erros monstruosos do nosso século, poderá afastar e frustrar os ataques sacrílegos da impiedade, mas contanto que os fiéis recitem sempre e muita vezes o Santo Rosário”.

Nas audiências particulares Pio IX insistia sobre a eficácia do Rosário. Distribuía Terços, pedia que o recitassem pela Igreja e o Papa.

“Tenho confiança, disse ele aos peregrinos franceses em 1877, tenho confiança na força de um exército que tem nas mãos, não uma espada, mas o Rosário de Maria”

Ele rezava todos os dias o Rosário com edificante fervor.

“Recitai o Rosário, disse o Papa da Imaculada, e dizei a todos que o Papa não se contenta tão só com benzê-lo, mas o reza todos os dias e convida todos a fazer como ele”

Na última doença estava extremamente fraco e mal podia rezar. Disse ao seu confessor Mons. Marinelli:

“Estou muito fraco para rezar, diga-me se aprova o que estou fazendo: eu me represento na imaginação os quinze mistérios do Rosário e os vou contemplando um a um como se fosse uma oração”

— Ó Santo Padre, responde Mons. Marinelli, muito bem, mas só falta uma coisa…

— O que é? Que falta mais?

— Faltam as indulgências. Vossa Santidade, ponha indulgências neste Rosário de contemplações…

— Já o fiz…

E Pio IX morreu contemplando os mistérios do Rosário como o fez durante toda vida com fervor e devoção edificantes!

Nas horas trágicas das lutas e amarguras do seu Pontificado sempre o viram todos os seus íntimos aos pés da Imaculada e de rosário nas mãos.

Referências:

(1) Ingravescentibus malis

(2) Le Rosaire de Marie – Leão XIII

(3) La Prière

Voltar para o Índice do livro Mês do Rosário, de Mons. Ascânio Brandão

(BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. O Mês do Rosário, Edições do “Mensageiro do Santíssimo Rosário”, 1943, p. 15-21)