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Os Anjos no Presépio

Meditação sobre os Anjos no Presépio

SUMARIO

Meditaremos sobre os Anjos no presépio, e consideraremos:

1.° As honras que prestam ao Menino Deus;

2.° O seu zelo em Lhe atrair adoradores;

3.° O cântico que eles entoam em Seu louvor.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De louvar muitas vezes no dia, em união com os anjos, ao Menino Deus, ao Pai celestial que no-lo deu, e ao Espírito Santo que O formou, repetindo com amor:

“Glória a Deus no mais alto dos céus” – Gloria in altissimis Deo (Lc 2, 14)

2.° De tomar a peito amar e fazer amar um Deus tão terno, tão amável, e de tudo praticar com o intuito de Lhe agradar.

O nosso ramalhete espiritual será o cântico dos Anjos:

“Glória a Deus no mais alto dos céus”

Meditação para o Dia

Transportemo-nos pelo pensamento ao pobre presépio de Belém, que encerra o tesouro do céu, a redenção do mundo, a alegria dos homens e dos anjos. Prostrados humildemente aos pés do amável Menino, adoremo-lO como nosso Deus; ofereçamos-Lhe tudo o que possuímos e tudo o que somos; entreguemo-nos inteiramente a Ele, e expressemos na Sua presença todo o amor de que o nosso coração é capaz. Envergonhados de Lhe oferecer tão pouco, alegremo-nos com as honras que Lhe prestam os anjos.

PRIMEIRO PONTO

Honras que prestam os Anjos ao Menino Deus

Quão belo foi o presépio de Belém no momento em que nele nasceu o Menino Jesus! Apresentou um esplendor mais belo do que todos os palácios; tornou- se um paraíso. Obedecendo à ordem, que lhes deu o Pai celestial (1), os anjos lá desceram imediatamente a fim de adorar o seu Senhor e Rei, debaixo da forma de um Menino. Qual não foi o seu assombro, o seu respeito e amor! Quanto mais humilhado vêem o seu grande Deus, tanto mais O adoram e reconhecem a Sua infinita majestade debaixo do véu de tanta humilhação e confessam, que em comparação das suas perfeições, a luz deles não é senão trevas, a sua força senão fraqueza, a sua virtude senão defeitos, e que ainda todo o bem da natureza, da graça e da glória, que há neles, vem da sua munificência: é um bem de que lhe são devedores. Agradecem-lhO cheios de gratidão, e proclamam que a Ele só pertence toda a honra e glória, todo o louvor e benção no tempo e na eternidade. Alegremo-nos por estas honras prestadas ao Menino Deus; desejemos ter o coração dos Serafins para O honrar da mesma sorte; e sejam os anjos no presépio o modelo das nossas orações na Igreja, na oração, em toda a parte.

SEGUNDO PONTO

Zelo dos Anjos em atrair adoradores a Jesus Cristo

Os espíritos celestes não se limitam a amar ao Menino recém-nascido, anseiam faze-lO amar. Não lhes basta gozar o mistério do presépio, querem que os homens o gozem; e por conseguinte, voam para junto dos pastores que, a meia légua de Belém, guardavam o seu rebanho. Um dos Anjos, que se crê ter sido o Arcanjo Gabriel, aparecendo nos ares em forma humana, no meio de uma refulgente luz, que os penetrou de temor, lhes disse:

«Não temais; porque eis aqui vos venho anunciar um grande gozo, que o será para todo o povo; e é, que hoje vos nasceu na cidade de Davi o Salvador… E este é o sinal que vo-lo fará conhecer: Achareis um Menino envolto em panos, e posto em uma manjadoura» (Lc 11, 10-12)

Logo que o mensageiro celeste acabou de falar, se juntou a ele uma numerosa multidão de Anjos, que fizeram retumbar os ares com os louvores do Menino Deus. É deste modo que, quando se ama a Deus, se tem a peito fazê-lO amar. Onde não há zelo, não há amor; onde há grande amor, há grande zelo. Examinemo-nos a nós mesmos segundo estas regras.

TERCEIRO PONTO

Cântico dos Anjos no nascimento do Salvador

«Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade»

Assim cantaram os Anjos; meditemos o seu cântico. Glória a Deus, isto é: Deus seja glorificado dos Anjos nos céus, pela Encarnação do seu Verbo, que lhe adquire uma glória infinita. Deus seja glorificado dos homens na terra, pelas humilhações desse mesmo Verbo, que não se abaixa senão para exaltar a Deus e buscar a Sua glória salvando os homens. Deus seja glorificado em todos os nossos atos, em todos os nossos projetos, em todas as nossas intenções; e nunca tenhamos outra mira. Deus seja glorificado, à custa de todas as tribulações e privações. Paz aos homens de boa vontade, acrescentam os anjos, isto é, paz com Deus, em virtude dos merecimentos de Jesus Cristo: porque, ainda que o tratado de paz deva, mais tarde, ser assinado com o Seu sangue e selado com a Sua cruz, é aceite desde hoje; paz para com o próximo, pelo espírito de caridade e de mansidão que prega o presépio; paz para cada um consigo mesmo, pela pureza de consciência e tranquilidade de um coração irrepreensível, frutos do nascimento do Salvador; tríplice paz, mas somente para os homens de boa vontade, isto é, para os que, amando a Deus sinceramente, estão dispostos a fazer-Lhe todos os sacrifícios, que o dever ordena. Examinemos se somos deste número.

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Et cum introducit primogenitum in orbem terrae, dicit. Et adorent eum omnes angeli Dei (Hb 1, 6)

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo I, p. 132-135)