Meditação para o Dia 26 de Dezembro
O grande São Remígio, arcebispo de Rheims, mostrou-se, numa desgraça,modelo de heroica paciência. Ameaçava o país uma crise terrível, e a fome seria fatal. O santo, previdente, juntou para os seus pobres grande quantidade de trigo. Uns malfeitores invejosos correram a lançar fogo em todos os celeiros. O santo, mal teve disso notícia, montou a cavalo e sem demora se precipitou para ver se continha ainda os criminosos e salvar o trigo dos pobrezinhos. Mas ai! Era já tarde. As chamas se levantavam, devorando tudo. Que fazer? O homem de Deus parou o cavalo, contemplou uns instantes aquele espetáculo tão desolador, apeou e adiantou-se para o fogo. Era um dia de inverno. Começou a esfregar as mãos e foi aquecer-se tranquilamente ao calor das chamas. E, ao verem-no tão calmo, admiraram-se todos. –
“Meus amigos – disse todo afável e sorridente o Arcebispo –, afinal de contas, sempre é o calor uma coisa muito boa!”
Belo exemplo de paciência! Se caiu sobre nós uma desgraça irremediável, que fazer? Aproveitar o que tenha ela de bom. E… Paciência, abandono à Santíssima Vontade de Deus! É inútil perder a paz. “Há males que vêm para o bem”, diz o povo. E de grandes calamidades saíram grandes santos. Portanto, quando as chamas de todas as calamidades vierem devorar a pobre casinha de nossos sonhos, tenhamos paciência! Há de haver aí fogo de algum bem. E que esse nos aqueça o pobre coração!
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 385)