Tratamos dos sacerdotes da Igreja na instrução anterior: foi dito que Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu verdadeiramente o sacerdócio cristão. Indiquei então que consagraria ainda outra instrução ao sacerdócio, para mostrar como a Igreja considera os seus padres, e o que deles espera. E isso talvez nunca o possamos sentir mais profundamente do que nas sublimes cerimônias da ordenação.
Vestidos da alva branca, os futuros sacerdotes são estendidos como mortos no chão, enquanto o bispo recita sobre eles as ladainhas dos santos. “Kyrie eleison! Christe eleison! Kyrie eleison!” terminam as ladainhas.
Em seguida o bispo estende ambas as mãos sobre a cabeça dos ordinandos, e deixa-os estendidos um instante sem dizer palavra, em silêncio completo. Ao mesmo tempo também, silenciosamente, os sacerdotes que assistem o bispo conservam as mãos estendidas. Em verdade, só esse silencio comovente que acompanha a cerimônia, só esse grande silencio pode exprimir dignamente o que se passa então: uma fraca criatura torna-se nesse instante uma reprodução viva de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Efetivamente, o sacerdote é aos olhos da Igreja um ”alter Christus” – “outro Cristo”. Há dezenove séculos o sacerdote católico vive na terra, e nela viverá enquanto viver a Igreja, enquanto houver homens na terra. As nações vão e vêm, mas os servos de Cristo renovam-se entre elas. Os sacerdotes também morrem, mas o sacerdócio não morre, – é eterno.
Dois traços característicos aparecem especialmente na imagem desse sacerdócio eterno. Ambos são particularidades, sem as quais não pode existir o sacerdote ideal, e que fazem nascer o respeito fervoroso e exemplar dos fiéis católicos para os seus sacerdotes:
Eis ai os dois traços mais característicos no semblante do sacerdócio eterno. Esforçar-me-ei na presente instrução por descrever sob esses dois aspectos o sacerdócio católico. Somente, ninguém dia no fim: “Ah! Como a realidade fica distante desse ideal!” Ai! Fica longe, é verdade; tal como o ideal e a realidade estão longe um do outro onde quer que intervém mão humana. Cumpre-nos, porém, saber como a Igreja de Cristo encara os seus sacerdotes: e nós, sacerdotes, devemos saber como devemos ser; cumpre, finalmente, que nós e os fiéis saibamos todos, que devemos rezar pelos sacerdotes.
1. O Amor das Almas
A primeira característica duma alma sacerdotal deve ser esta: um amor sem limite às almas.
A) É coisa bem conhecida, que o sacerdócio se apresenta perante nós numa hierarquia grandiosamente organizada.
a) Os sacerdotes não obtêm de si próprios os seus poderes, mas são enviados pelos bispos, os bispos pelo papa, e os papas por Cristo. Pode-se dizer, para empregar uma expressão vulgar, que os sacerdotes da Igreja não trabalham “por conta própria”, sob sua própria responsabilidade, mas como investidos da mais alta missão.
Sentimos também a força que nos dá a nossa união com o chefe da Igreja, o papa. “Vou pescar” (Jo 21, 3), diz um dia Simão Pedro, o primeiro papa, junto do lago de Genesaré. E os apóstolos que estavam com ele disseram unanimemente: “Iremos contigo” (Jo 21, 3). E tomaram parte, juntos, no duro trabalho da noite, na sua rica pesca da madrugada, e viram, juntos, o Senhor. “Vou pescar” – têm dito depois 262 papas, e centenas de milhares de sacerdotes têm respondido: “Iremos convosco”. Bem sabemos que só pode ser sacerdote, aquele que o Senhor escolheu, chamou e enviou.
b) Mas sabemos também outra coisa. Sabemos que o Salvador, quando escolheu o primeiro papa, São Pedro, e lhe deu o poder supremo, não lhe disse naquele dia memorável: Pedro, estudastes muito? Pedro, és sábio? Pedro, és bom organizador? És grande jurista? Não. Nada lhe perguntou de tudo isso. Mas disse-lhe: “Simão, filho de João, amas-me mais que estes?” (Jo 21, 15). E Pedro recebeu os poderes de pastor supremo, depois de afirmar por três vezes o seu amor. Depois, devemos também saber que o ósculo de Cristo que consagra sacerdote o aspirante ao sacerdócio, obriga o sacerdote a amar a Cristo e ao seu corpo místico, os fiéis da Igreja.
c) Na sua ordenação recebe ele de Cristo essa missão, essa dignidade sacramental e o poder que lhe é anexo – eis a marca mais importante do sacerdote da Igreja. Essa missão sublime, esses poderes sacerdotais são independentes das capacidades individuais. É por isso que torna tão digno de respeito, perante os fiéis, o mais simples padre, porque por trás dessa forma humana defeituosa, frágil, mesquinha, brilha a grandeza de Cristo. Que o padre que celebra a missa seja um grande sábio ou um homem vulgar, que o confessor seja um velho diretor cheio de experiência ou um padre ordenado há poucos dias, um moço de 22 anos, pouco importa: é Cristo o principal, é Cristo que voga, é a Cristo que buscamos, foi Cristo que os enviou, foi Cristo que lhes deu seus poderes.
B) E agora o sacerdote católico já começa a assumir perante nós uma forma concreta: Que ente maravilhoso o sacerdote católico!
a) É um homem que não tem família e que tem, no entanto, as centenas e os milhares de famílias da paroquia. Um homem para quem os outros homens se volvem nos dias mais alegres e nos dias mais tristes da vida. Um homem a quem desconhecidos chamam “meu padre”, meu pai. Um homem a quem contamos com confiança os segredos mais penosos e ansiosamente ocultos, que jamais diríamos a quem quer que fosse: nem aos nossos melhores amigos, nem ao esposo ou à esposa, nem aos parentes. Um homem para quem – em busca de um alívio na angustia física e moral – cada um se volve com confiança, pois sabe que ser padre é ser dispensador do amor divino, é repetir a toda alma exausta, doente, sofredora e combatente, as palavras eternamente memoráveis do Sumo Sacerdote: “Vinde a mim vós todos que estais fatigados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11, 28).
b) O sacerdócio é para nós como as montanhas cobertas de neve: por qualquer lado que as olhemos, cada vez que avançamos um passo, experimentamos incessantemente novas impressões, que se sucedem constantemente. Aqui, é um cimo que surge diante de nós, acolá é um córrego, lá em baixo, é um rebanho a pastar, alhures uma cabanazinha, um cabrito montês a pular ou uma cascata rápida – mas o cume mais alto parece ignorar tudo isso: ergue-se para o céu puro, na sua alvura eterna.
Na alma do sacerdote, também cumpre que haja uma elevação, um cimo branco como a neve, onde o tumulto da vida não tem o direito de penetrar, mesmo se a vida formigante segue o se curso, nas encostas da montanha.
Mas, certamente, cumpre que seu coração pulse duma grande vida. A vida atual chama a miúdo pastor de almas para fora do púlpito, para fora da Igreja, para a escola, para as obras, para a sociedade. Deve também conhecer as questões econômicas, a politica, – mas deve esta em contato com tudo isso de maneira que a isso não se apegue, e que o barulho da vida não penetre no silencio dos cimos brancos de neve.
c) E, justamente porque os sacerdotes da Igreja devem responder a tanta coisa, cumpre que sejam celibatários. Só assim é que eles podem realizar estas palavras de São Paulo:
“Aquele que não é casado cuida das coisas do Senhor, procura agradar ao Senhor” (1Cor 7, 32).
Aí está por que os padres não se casam.
Ou, antes, casam-se num sentido especial: no momento sublime da ordenação, quando irrevogavelmente o padre se une a Cristo. O rito da consagração episcopal mostra-o claramente, quando – exatamente como no matrimônio – o novo bispo recebe o anel bento com estas palavras:
“Tomai este anel, sinal de fidelidade; pois devereis guardar intacta, com fidelidade inviolável, a esposa de Deus, a Igreja”.
Sim, a Igreja e seus membros, são a família do padre, seus filhos e sua esposa. E o padre deve trabalhar pela Igreja, à custa de todos os sacrifícios, como a mãe para sua família. E a alegria do padre é a vida da Igreja, como o homem casado se alegra com a felicidade de sua família. Alegra-se, quando sua igreja está repleta; alegra-se, quando mal pode atender às numerosas confissões; alegra-se, quando à mesa da comunhão a multidão acorre solícita para Nosso Senhor.
C) Esse amor das almas é um elemento essencial, indispensável, da alma sacerdotal: fazer irradiar o amor eterno de Deus – eis o escopo duma alma de padre.
a) “Deus não pode estar em toda parte, e foi por isto que Ele criou a mãe de família”, dizem os Árabes. Dever-se-ia dizer mais exatamente: não se pode ver a Deus em toda parte, mas, para fazer sentir em toda parte o seu amor, criou Ele o coração materno.Foi por isso também que Ele criou o coração do sacerdote. Para que ele seja, por amor sobrenatural as almas, a prova do amor de Deus. “Reliquit nos tanquam vicários sui amoris” – escreve Santo Ambrósio com uma concisão clássica; “deixou-nos como os representantes do seu amor”. O coração do pai, o coração da mãe, o coração do sacerdote são as três fontes de onde jorra a água vivificante da existência, a força misteriosa da vida: o amor de Deus.
E assim compreendo agora que um tal coração deve permanecer livre: para poder amar todos os fiéis. Compreendo que ninguém deva atar essas mãos. Sim, o sacerdote contrai uma união, uma santa união, mas com o amor terno de Deus.
b) Compreendemos também agora esse respeito caloroso e filial que os fiéis manifestam para com os seus sacerdotes. Compreendemos que ainda hoje, numa época de fria objetividade, os fiéis celebrem com entusiasmo incrível a entrada do papa em São Pedro. E basta, mesmo, que um legado do papa apareça em algum lugar, por exemplo num congresso eucarístico internacional para que a alegria e o triunfo o acolham e acompanhem por toda parte!
c) Sem dúvida, há também homens que não são a favor dos sacerdotes, que pensam deles todo o mal possível. É verdade: segundo o evangelista São Mateus, já os havia naquele tempo e diziam de Nosso Senhor Jesus Cristo: “É um homem que gosta do bom passadio e do vinho, um amigo dos publicanos e dos pecadores” (Mt 11, 19). Há senhores bem vestidos e senhoras distintas, que – quando encontram um padre na rua – assustam-se e balbuciam com lábios trêmulos: ”Ah! Vai me acontecer alguma coisa!”.
Não vos surpreendais com o que vos vou dizer: Nós outros, padres, nos orgulhamos de que o mundo caído no pecado, se inquiete e se perturbe à vista do padre. Sim, é também um dos deveres do padre inquietar o homem que vive tranquilamente nos seus pecados. Quando no caos dos reclamos elétricos flamejantes, no tumulto das ruas animadas, passa ao lado de vós um padre, com sua comprida batina preta, involuntariamente, sem o quererdes, pensais na outra vida, na única vida verdadeira, na vida eterna, que a gente esquece tão facilmente, na luta pelo pão quotidiano.
A missão do padre é análoga à do sol, no firmamento deve espalhar os seus raios com o mesmo calor sobre bons e maus. E esse sol deve luzir com serenidade, mesmo quando sabe que o espaço gelado e tenebroso lhe absorve todo o calor, que suas intenções as mais santas só encontram frequentemente insensibilidade, incompreensão, calúnia.
Com efeito, quem não ama as almas, os cordeiros de Cristo, não pode ser digno sacerdote de Cristo.
2. Responsabilidade perante o Pastor Supremo das Almas
Do amor generoso das almas imortais, decorre um segundo traço bem visível da alma do sacerdote: a emocionante convicção da sua responsabilidade para com o Pastor supremo das almas.
- A. Todo homem deve ter o sentimento da sua responsabilidade, mas ninguém o tem mais fortemente que o sacerdote.
- B. Todo homem deve fazer o seu exame de consciência, mas ninguém deve fazê-lo mais severamente que o sacerdote.
A) Os sacerdotes de Cristo sabem que imensa responsabilidade vai de par com os seus poderes. Sabem que um mau padre pode acumular mais ruínas do que as podem reparar dez anjos.
a) Que sacerdote não tremeria à lembrança da sua responsabilidade, pelo fato de lhe estar nas mãos a sorte da Igreja? O reino de Deus só pode dilatar-se entre os homens, se o semblante do Nosso Senhor Jesus Cristo irradiar brilhante, da alma dos próprios sacerdotes; se o seu gênero de vida der testemunho em favor de Cristo; se eles mostrarem, na sua vida, o que pregam nos seus discursos.
Sentimos que devemos ser portadores de luz, nas noites procelosas, e que devemos elevar os nossos fachos acesos com a flama do céu acima dos caminhos terrenos, envoltos nas trevas.Sentimos, que precisamos de mãos robustas, e braços túmidos da força divina, para estendê-los a todos os que caíram.
Sentimos que devemos ter um coração ardente, um coração inflamado junto ao divino Coração de Jesus, um coração que, com amor compassivo, trabalhe por libertar todas as ovelhas que se debatem no meio dos espinhos.
Eis ai o que sente a alma sacerdotal. Sente-o, – e freme com isso.
b) Sim, sentimos bem que o sacerdócio é a mais sublime vocação que possa caber ao homem na terra, mas ao mesmo tempo a mais difícil. Só lhe pode pertencer quem sabe libertar-se de tudo quanto significa dinheiro, carreira, bem estar e vida de família. Só lhe pode pertencer, aquele, que vive de uma flama inextinguível, com todos os seus pensamentos, todos os seus intentos e ambições, todo o seu ardor, tudo concentrado na realização da obra de Cristo, na salvação das almas, na dilatação do reino de Deus.
Só pode fazer-se sacerdote quem sabe, quem compreende que não há no mundo alegria mais santa, mais elevada, mais fecunda do que ser, para seus irmãos que procuram o caminho nas trevas, um facho aceso no coração de Cristo, ser o pastor que reconduz a Cristo as ovelhas perdidas nos espinhos.
Só pode fazer-se sacerdote quem pode dizer como o santo Cura d’Ars:
“Se eu já estivesse com um pé no paraíso e ainda pudesse salvar um só pecador na terra, não hesitaria um só instante em voltar à terra”.
Só pode fazer-se sacerdote quem pode dizer de si mesmo estas palavras do Salvador:
“Vim trazer fogo à terra, e que desejo, senão que ele arda?” (Lc 12, 49).
Só pode ser sacerdote quem não é como o fio elétrico, que traz aos homens a corrente vivificadora, mas conserva-se ele próprio, gélido; mas sim aquele que pode dizer aos fiéis estas palavras de São Paulo:
“Sede meus imitadores, como eu sou imitador de Cristo” (1Cor 4, 16).
Só pode sê-lo, aquele a quem se aplicam estas palavras de São Paulo: “Fiz-me todo de todos, afim de salvá-los todos” (1Cor 9, 22); ou ainda quem pode dizer estas palavras do apóstolo, cheias dum amor entusiasta do próximo: “Desejaria ser eu próprio anátema longe de Cristo, por meus irmãos” (Rm 9, 3).
B) E já que o sacerdote sente essa imensa responsabilidade, necessita dum exame de consciência continuo e rigoroso.
a) Se é verdade que as palavras têm um sentido em si mesmas, então a nossa palavra “sacerdos” quer dizer um santo presente de Deus.
Os homens nos chamam “meu padre”, meu pai. É o título mais nobre que possa receber um sacerdote. Mas ao mesmo tempo é também um grande aviso para nós: somos realmente assim, sempre e em todas as nossas ações? Sem dúvida, esse titulo acompanha a função, e não a pessoa. Mas não temos o direito de enganar-nos a nós mesmos: se todo cristão deve ser “alter Christus”, quanto mais o sacerdote! Nós que devemos mostrar tudo o que de Cristo é visível na terra.
b) Mas, se quisermos ser tais como nos chamam, cumpre que pouco a pouco cheguemos a fazer com que Cristo apareça em lugar do nosso eu, que nossos desejos, nossos projetos, nossas ambições deem lugar aos desejos, aos projetos, às ambições de Cristo. Devemos dizer o que São João Batista disse do Salvador: “Cumpre que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3, 30). Devemos chegar a tal ponto, que se aplique a nós esta frase de São Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). Devemo-nos tornar como as santas espécies no Santíssimo Sacramento: tudo o que há em mim é mera aparência exterior, um acessório, mas o essencial em mim é Cristo. Esse despojamento da alma sacerdotal, essa “exinanitio”, é um exemplo dessa morte mística, que em verdade é o mais belo incremento de vida.
E todo sacerdote deve sentir que a sua santa vocação lhe impõe essa obrigação.
Nos tempos que correm, os homens têm apenas pequenos receptores para perceber as ideias eternas. Nós sacerdotes, temos que vir em seu auxilio, aumentando cada vez mais fortemente, em nós mesmos, as energias da estação emissora. Faz-se mister, hoje em dia, que façamos irradiar as belezas da vida cristã com tal superioridade, que elas encontrem eco, mesmo nas almas possuidoras do mais fraco aparelho receptor.
É esse sentimento profundo da sua responsabilidade que aparece, como segundo traço característico, na fisionomia dos sacerdotes da Igreja.
É o eterno aviso que estas palavras do Pastor nos lembram.
“Vós sois o sal da terra. Se o sal ficar insosso, com que se há de salgar? Então ele não presta mais, senão para ser posto fora e calcado aos pés, pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Uma cidade situada sobre uma montanha não pode estar escondida… Brilhe assim a vossa luz diante dos homens; afim de que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 13-16).
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Meus irmãos, ninguém pode predizer quantos dias ainda deve durar o reino de Deus… Mas é certo que enquanto houver um sacerdote que, toda manhã, antes de começar o seu trabalho, contemple durante a meditação Nosso Senhor Jesus Cristo e Lhe pergunte: Senhor, como poderei hoje cumprir a Vossa santa vontade? – o reino de Deus, apesar de todos os ataques e perseguições, continuará a viver e a prosperar.
A Igreja de Cristo continuará a fazer conquistas e a estender-se, enquanto houver sacerdotes que todo dia façam a si mesmos esta pergunta do apóstolo: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação ou a angustia? A perseguição, a fome, a nudez, o perigo ou a espada?” (Rm 8, 35). Eles se propõem essa pergunta e lhe respondem imediatamente com São Paulo: “Tenho a certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas presentes, nem as coisas futuras, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem criatura alguma, poderá separar-nos do amor de Deus em Jesus Cristo Nosso Senhor” (Rm 8, 38-39).
Não é verdade que hoje em dia a humanidade não precise mais de padres. Ao contrario, precisa, – mas somente de padres santos. Não precisa de padres de alma gélida, não precisa de padres de caráter fraco, não precisa de padres funcionários. Mas, hoje em dia ainda, as almas que aspiram à luz eterna afluem para os padres, cuja alma arde do amor de Cristo, para os padres, cujo coração bate uníssono com o coração de Cristo, como por uma calma noite de verão as mariposas que buscam a luz, voam para a branda claridade da lâmpada, nas nossas mesas de trabalho.
Ah! Irmãos, rezai por padres dessa elevação! Porque nós também rezamos desse modo, por nós mesmos:
“Senhor, fazei que eu seja um padre assim.
Que seja o sal que preserva da corrupção.
Que seja a luz do mundo que mostra o caminho que conduz a Vós.
Que seja a cidade colocada sobre a montanha, cujos exemplo se avistam de longe.
Que seja um círio que Vos alumie.
Que seja um facho ardente que segurais na Vossa mão.
Que seja um sacerdote, segundo o vosso Sagrado Coração, do qual vossos fiéis e vossos cordeiros possam dizer: Ele é verdadeiramente a luz que vos guia para Deus.”
Amém.
(Toth, Mons. Tihamer. A Igreja Católica. Rio de Janeiro: José Olympio, 1942, p. 214-226)